capítulo 3📍

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Victor 📍
-- V ocê é louco, Victor, completamente louco!
Eu havia contado a Givan, sobre o que tinha acontecido na noite anterior, quando deixei o restaurante.
Estávamos na mesa do café da manhã. Givan fazia todas as suas refeições comigo.
Givan era filho de Selma, governanta de minha mãe. Tínhamos crescidos praticamente juntos.
Mesmo sendo um bom rapaz, Givan nunca gostou de estudar. Foi um custo para ele terminar o terceiro colegial.
E como eu detestava dirigir, o contratei quando resolvi deixar o ninho de minha mãe, e ter a minha própria casa. Ou, seja o meu apartamento.
Pagava a ele três vezes mais do que qualquer chofer na cidade ali ganhava.
Era meu chofer, amigo e ouvinte.
-- V ocê alguma vez já levou uma joelhada no meio das pernas, Givan? Confesso que senti desejo de correr atrás dela e apertar aquele piscosinho.

-- Ela é espertar, victor, na certa acreditou que você fosse um abusador. Ninguém aparece assim da noite para o dia, oferecendo coisas maravilhosas a uma garota de rua, sem querer nada em troca. E respondendo a sua pergunta, já recebi sim uma joelhada nos meus documentos. Dói pra cacete.
-- E o pior que eu quero algo em troca, você sabe. Isso, se ela não tiver acabado com todas as minhas chances de ser pai com aquela joelhada.
Givan riu. Atirei contra ele, uma uva.
Givan não era alto. Usava camisas largas, e eu não entendia porque, mas nunca questionei. Tinha cabelos negros e olhos esverdeados.
As mulheres o achavam bonitinho. Eu o achava apenas simpático.
-- Por que não esquece ela e arruma outra? Talvez ela nem seja virgem! Vai ver que nem serve para o que você quer, Nolan.
-- Pensei muito essa noite. Mesmo se ela não for virgem, eu a quero!
-- Para aquilo?

-- Sim, para aquilo.
-- Meu Deus, você não desiste.
-- Ela é bonita, tem coragem. Meu pai não vai morrer, sem antes eu realizar o que ele quer. E para isso, eu preciso dela.
-- Seria tudo mais simples se você fizesse o normal. Não há garantia que ela sirva para o que você quer. V ocê teve todas as chances para ter realizado o sonho do senhor Levoid. Lindas mulheres passaram pela a sua vida. Tantas mulheres lindas ao seu redor, incluindo eu. – Brincou ele rindo e novamente eu lhe atirei uma uva.
-- Bobo.
Givan deu um suspiro pegando a uva que eu havia jogado sobre ele, e a enfiando na boca.
-- Pensei que o meu pai, fosse ainda viver muitos anos, Givan. Essa doença, me, pegou de surpresa. Mas ainda há tempo, só não posso perder esse tempo.
Meu pai. Meu velho, pai! Eu o amava tão intensamente, que só de pensar que eu não o teria mais tê-lo dentro de alguns anos, meu coração afundava no peito.
Ludmila trouxe o meu jornal. Eu sempre gostava de dar uma rápida olhada antes de ir para a Tecelagem Ramagem.
Eu e Givan ficamos em silêncio. Ele prosseguiu tomando o seu café e eu folheando o jornal.
Li notícias sobre assassinatos. Lembrei-me do homem que quase havia matado a sem teto. Se não fosse a minha agilidade, ele teria conseguido.
Fiquei perturbado e pensativo o dia todo.
Givan não gostava de ler jornal, justamente por causa das notícias macabras. Ele dizia que se torcesse o jornal sairia sangue.
Eu havia contado a ele sobre o sujeito do machado, que quase havia matado a sem teto, e que só não havia conseguido, porque eu não deixei.
Os olhos do morador de rua eram azuis. Por alguns segundos olhamos um nos olhos do outro. Devia ser um drogado, com certeza.

Barbara 📍
Eu fugi sim do traficante de mulheres. Tava na cara que o bonitão me queria para prostituição.
Me, senti até feliz, quando dei a joelhada em suas bolas. Ele merecia. Homens, daquele, tipo mereciam.
Quando cheguei à barraca, que custava a caber nos cinco, minha mãe não estava.
Meu pai disse que ela havia saído para tentar achar alguma coisa para a gente comer.
-- Tomara que ela tenha mais sorte que eu. Hoje não consegui nem um pão duro.
Meus irmãos dormiam. A última vez que eles haviam comido tinha sido na noite anterior, quando eu achei pedaços de pizza no lixo a quatro ruas dali.
Gui estava com dez anos e Laís com doze.
Meu pai deu um leve sorriso, ali, deitado sobre aquele papelão.
Comecei a chorar naquele momento. Meu pai se sentou e me abraçou.

Percebi que ele estava com febre.
-- Já era para você estar nos Estados Unidos para começar o tratamento, pai.
Sabe que com esse tratamento nos Estados Unidos, as chances de você ser curado são enormes. Por isso, vendemos a nossa casa. Seu irmão não podia ter feito aquilo, ele foi cruel demais. Ele roubou o dinheiro, pai, o dinheiro que era para a sua cura! Eu o mataria se o encontrasse.
-- Não fala assim. V ocê não é uma assassina.
Por enquanto tínhamos aquela barraca minúscula, ali na praça para nos escondermos do sol, da chuva, mas eu não sabia até quando.

Os moradores do lugar já começavam a olhar para a gente com suspeita.
Meu pai havia perdido o emprego, assim que ficou doente. Seu chefe o dispensou, quando ele começou a apresentar atestados médicos.
Era o que maioria das empresas fazem quando o funcionário fica doente.
E eu procurava serviço já quase seis meses. E sendo uma sem teto, sem endereço é que não acharia mesmo.
-- Eu preciso, eu tenho que fazer alguma coisa!
-- O que, minha filha? Tudo que tínhamos de valor era a nossa casa. De onde vamos tirar dinheiro suficiente para sairmos da rua e irmos para os Estados Unidos para fazer o tratamento? Não devíamos ter vendido a casa, pelo menos você, sua mãe e seus irmãos ainda teriam um teto sobre a suas cabeças.

Minha mãe. À medida que horas passavam, fui ficando preocupada.
Ela não chegava.
Meu pai também começou a ficar agitado, pois além da preocupação tinha a febre ainda continuava.
O dia amanheceu e minha mãe não apareceu. E a situação piorou, quando o meu pai começou a ter uma convulsão devido à febre altíssima.
Meus irmãos começaram a chorar, assustados. Comecei a gritar por socorro, e Deus foi tão bom naquele momento, que uma enfermeira passava pela praça, e veio me ajudar, fazendo todos os procedimentos necessários.

A enfermeira gritou para que alguém chamasse a ambulância. Outras pessoas tinham aparecido devido ao me grito por socorro.
Outros só por curiosidade mesmo!
Fora da barraca, abracei os meus irmãos, enquanto a enfermeira cuidava do meu pai lá dentro, e pedi a Deus para que a ambulância não demorasse a chegar.
Minha mãe que não voltava. Meu pai há um passo de perder a vida e não voltar da convulsão.
O que tinha acontecido com minha mãe? Alguém teria feito algum mal a ela, e ela estaria ferida em alguma parte daquela cidade?

Ou ela já estaria morta?
De repente, lembrei-me do homem do machado, que por pouco não havia me acertado com o machado, se o traficante de mulheres não o tivesse detido.
De repente temi pela vida da minha mãe, sozinha naquela cidade.

A moradora de rua que o ceo comprou 📍{Babictor}Onde histórias criam vida. Descubra agora