Na manhã seguinte a proposta feita por seus pais ainda circundavam a mente de Yaçanã, mudando completamente seu humor em uma segunda feira de manhã, se normalmente ela estava mal humorada, naquele dia ela estava terrivelmente feliz e disposta. Depois que seus pais se recolheram e ela também foi para seu quarto, as coisas realmente começaram a fazer sentido e ela se sentia mais e mais animada com tudo o que lhe foi proposto.
Por ter acordado mais cedo que o convencional, montou um café da manhã mais completo pra sua melhor amiga, organizando tudo em uma pequena bolsa térmica pra mais nova levar para o trabalho. Um pouco antes de terminar o que estava fazendo seu pai entrou na cozinha depositando um beijo rápido no topo de sua cabeça, fazendo um sorriso largo brotar em seus lábios sendo direcionado ao mais velho. Ao ouvir a buzina do carro se despediu rapidamente do pai, indo de encontro a sua melhor amiga.
— Bom dia, nena! — disse animada — Toma, seu café da manhã — entregou a bolsa pra Stephani que a olhou estranho
— Bom dia — murmurou desviando a atenção da bolsa pra negra — Aconteceu alguma coisa?
— Sim! Mas depois conversamos sobre isso, o assunto é longo e não vai dar pra eu contar tudo agora — sorriu — Dorme lá em casa hoje?
— Combinei de jantar com a Lene hoje — colocou a bolsa no banco traseiro voltando a encarar Yaçanã antes de ligar o carro — Posso passar aqui depois, tudo bem?
— Ah não! — disse abanando a cabeça — Não vou atrapalhar a noite de vocês, amanhã conversamos então
— E você vai mesmo me deixar curiosa até amanhã?? — perguntou Stephani incrédula — Achei que você me amava
A negra apenas riu empurrando de leve a amiga que entendeu que não saberia de nada que estava acontecendo até o dia seguinte.
Por mais que não tenha aceitado completamente a proposta, aquela seria a última semana de Yaçanã na livraria, que já pensava nas mais diversas coisas que poderia fazer, estudar, produzir, deixando cada vez mais claro que independente de qualquer coisa ela aceitaria, se não fosse assumir um empreendimento, seria voltar a estudar pra trabalhar verdadeiramente na sua área de formação, talvez fosse até dar aulas, mas o que realmente iria importar é estar fazendo algo voltado a química.
Assim que chegou no shopping se despediu rápido de Stephani que lançou mais um olhar esquisito na direção da amiga mas não falou nada, partindo com o carro ao ver que Yaçanã já estava dentro do shopping.
Para negra era como se ela tivesse voltado a ser uma garotinha ansiosa pelo natal, aguardando ansiosamente para receber seus presentes e começar a planejar como ela brincaria com todas aquelas coisas, nada poderia estragar seu astral, mas assim que viu a cabeleira castanha entrando na livraria foi como se alguém tivesse amarrado uma pedra em seu corpo e arremessado num rio. Depois de ter omitido seu segundo sobrenome, seria um tanto quanto complicado chegar dizendo que abriria um negócio voltado a cosméticos.
Sem pensar muito no que fazer, foi se esgueirando pelas estantes de livros, agradecendo por Remus não ter olhado na direção do caixa assim que entrou na loja, caminhando sorrateiramente até os fundos se enfiando em seguida na sala de descanso dos funcionários. Soltou um longo suspiro ao sentar em um dos bancos que havia ali, agradecendo mentalmente por seus pais já terem transferido uma funcionária para aquela loja, não precisando voltar imediatamente para sua função.
Era um tanto quanto idiota para ela se enfiar naquela situação, fugir de Remus e continuar omitindo informações do maior era infantil e ela sabia disso, tinha plena consciência que suas atitudes poderiam acarretar em reações indesejadas, mas quando se deu conta já tinha feito o que fez e por mais próxima que tenha estado de Lupin, era um tanto quanto complicado para ela assumir tudo, sentia vergonha dela mesma.
Olhou no relógio vendo que faltavam apenas 10 minutos para seu horário de almoço, poderia ficar ali até dar a hora ou poderia agir como uma adulta e enfrentar a presença do seu novo amigo que estava a alguns passos de distância, amigo esse que com certeza nunca omitiu nada dela, além de seu nome, mas não é como se ela não tivesse feito o mesmo. Após respirar fundo mais uma vez se encaminhou para fora da salinha já com sua carteira e celular nas mãos, indo na direção do caixa apenas esperando o exato horário do seu almoço para bater o ponto antes de sair.
— Boa tarde, Sun — disse Remus sorrindo ao se escorar na bancada — Não te vi quando cheguei
— Oi Remus — sorriu nervosa — Ah... É que eu estava nos fundos arrumando umas coisas no estoque — deu de ombros vendo o castanho acenar positivamente
— Está livre no almoço de hoje ou vai encontrar com a sua amiga? Não esqueci que estou te devendo um almoço — riu
— Não. Quer dizer vamos sim — disse de forma meio embolada se batendo mentalmente — Ela já deve estar chegando
— Está tudo bem? — questionou com o cenho franzido
— Sim, sim — acenou rapidamente com a cabeça — Tudo perfeitamente ok
— Tudo bem — riu fraco — Vou indo então, a gente se vê
Yaçanã apenas acenou breve com a cabeça lançando um sorriso fraco na direção do castanho que tinha uma expressão indecifrável no rosto. Assim que Remus deixou a livraria a negra se debruçou sobre o balcão querendo bater com toda a sua força com sua cabeça ali, não bastava omitir coisas para Lupin, agora ela estava definitivamente mentindo, não iria almoçar com a sua melhor amiga, aquela hora Stephani estava no meio de um jogo de um dos times da base e ela sabia disso, mas foi incapaz de aceitar o convite, sabia que acabaria contando tudo o que seus pais propuseram e isso obrigatoriamente iria expor por partes quem ela era, e não se tratava de ter vergonha de sua família ou algo do tipo, apenas um medo crescente de que Remus fosse como os outros que um dia passaram por sua vida, mesmo que ela acreditasse com todas as forças que ele não era como os outros, uma vozinha irritante insistia em berrar em seu cérebro para deixar as coisas escondidas.
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Library Boy || Remus Lupin
FanfictionQuando somos apaixonados por alguma coisa, ou temos um determinado hobbie, sempre somos surpreendidos por momentos e/ou pessoas que definitivamente não teríamos em nossas vidas se não fôssemos obcecados por aquela determinada coisa.