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Após seu pequeno incidente, Yaçanã fez questão de não direcionar seu olhar para o lugar onde o garoto estava para evitar que seus olhares se cruzassem, já havia passado vergonha demais para um dia só, mas a pequena movimentação na cafeteria fez a garota lançar um olhar breve naquela direção vendo que o castanho já estava de saída. Ela não ousaria fingir fazer algo na sessão de livros que ele estava, por mais que não tivesse desistido completamente da ideia de descobrir o que o mais alto lia, seu objetivo não era voltar a botar seu plano em ação naquele dia, pelo menos não era até o castanho passar por ela e lançar um sorrisinho em sua direção antes de sair da loja.

No primeiro momento ela não entendeu muito bem do que se tratava chegando até a pensar se ele estava apenas achando graça da situação anterior, mas esse pensamento logo se desfez quando Yaçanã foi quase que praticamente correndo na direção da sessão de fantasia, encontrando um dos livros encaixado de maneira torta e um com guardanapo na ponta. Rapidamente a negra pegou o livro observando a capa por uns instantes fazendo uma careta.

— Aristóteles e Dante? Porque um livro de filosofia tá aqui? — se questionou em voz alta dando de ombros em seguida antes de abrir o livro onde estava o papel

"Creio que estivesse interessada em saber o que tanto vem prendendo minha atenção neste estabelecimento, bom, aqui está. Este é um ótimo livro e sua leitura é realmente agradável, espero poder conversar sobre ele com você em algum momento.

- Moony"

Um riso fraco escapou dos lábios de Yaçanã ao terminar de ler o bilhete, e ela realmente não sabia dizer se era por conta da forma com que ele havia se identificado, ou por ele pensar que ela se interessava por filosofia. Ainda com o livro em mãos, a negra se encaminhou até a bancada do caixa pegando uma caneta e começando a escrever um bilhete de resposta ao tal "moony", mas antes que fizesse isso de fato, fez o esforço de ler a sinopse do livro se surpreendendo ao ver que não tinha nada a ver de fato com filosofia, sentindo uma crescente curiosidade sobre a história desejando saber se os personagens mencionados na sinopse se tornam ou não um casal.

— Trabalhar aqui realmente está te fazendo bem, tá até lendo — Stephani surgiu de repente atrás da garota

— Que susto, vagabunda — disse enfiando o bilhete rapidamente no bolso de sua calça — Hora do almoço?

— Obviamente, mas hoje você que paga — sorriu vendo a revirada de olhos de Yaçanã

As duas se encaminharam para fora da loja em direção a praça de alimentação, e a mais velha apenas se prontificou em ouvir a tagarelice de Stephani sobre seus alunos do clube de futebol que trabalhava, por mais que ela quisesse contar a amiga sobre o bilhete, ainda achava cedo ou precipitado demais, ainda mais sabendo que a mais nova com toda certeza ficaria zoando ela por ter sido tão lerda despertando a atenção do castanho, e ela estava feliz demais com o pequeno passo que havia dado.

Voltando a livraria, rapidamente Yaçanã se prontificou em responder o bilhete do rapaz colocando o papel exatamente onde o outro havia deixado mas em vez de levar o livro para o mesmo lugar de antes, deixou ele separado dentro de seu armário aos fundos da loja em uma forma de evitar que outra pessoa acabasse pegando e retirando o bilhete dali.

Na manhã seguinte ela estava mais empolgada que o normal, ansiosa para o momento em que o tal moony fosse pegar o bilhete e ler sua resposta. Por mais que ela quisesse que passasse despercebido, era meio difícil para Yaya esconder suas emoções de sua melhor amiga, que não precisou de menos de 5 minutos com a amiga no carro para saber que alguma coisa estava acontecendo.

— Vou ter que perguntar mesmo ou você vai me contar? — Stephani olhou rapidamente na direção de Yaçanã antes de voltar a olhar para a rua

— Como assim? — perguntou se fazendo de desentendida

— Ah minha filha, me da um tempo — bufou revirando os olhos — Desde ontem você 'ta esquisitinha, abre o bico

— Odeio o fato de você sempre perceber que tem alguma coisa acontecendo — resmungou — Não é nada demais, é só o garoto que deixou um bilhete no livro depois de eu ter passado vergonha tentando ver o que ele estava lendo

Ao receber um olhar confuso da morena, Yaçanã começou a explicar exatamente tudo que havia acontecido, acabando rindo junto com a melhor amiga quando falou em voz alta o que havia feito e como o garoto reagiu a sua "pagação" de mico.

— Se ele usou um codinome você também tem que usar um, com certeza o nome dele não é moony — falou Ste de forma óbvia ao estacionar o carro — Que por sinal é um apelido estranhamente conhecido

— Pensarei em um — respondeu saindo do carro — Te vejo no almoço?

— Potter me pediu ajuda em umas coisas da faculdade e eu infelizmente aceitei, então só vai me ver no final do expediente

— Tudo bem, até depois então

— Tchau, e não precisa chorar pela minha ausência, eu ainda te amo — a mais nova disse alto conforme saía com o carro, arrancando uma risada de Yaya

A primeira coisa que a garota fez ao entrar na livraria, foi ir até seu armário pegar o livro e colocá-lo no mesmo lugar de antes, alternando seu tempo entre suas funções e vez ou outra ir vigiá-lo para ver se ainda estava da mesma forma que ela havia deixado. Quando ela avistou os cabelos castanhos dourados passarem pela vitrine da frente da loja, sentiu seu coração dar um salto, não entendendo o porque estava tão nervosa assim com a interação que criou com o garoto, tendo em vista que era aquele seu objetivo.

Por mais que sua reação soasse um pouco infantil, Yaçanã preferiu se esconder atrás de uma das estantes quando viu o garoto se direcionar a sessão de sempre, sorrindo junto a ele quando pegou o livro vendo que teve uma resposta dela, e se encolhendo mais ainda ao ver que ele a procurava pela loja, agradecendo aos céus por ele ter desistido rápido e ter se encaminhado para a cafeteria como sempre. Dali, Yaya foi até o caixa e ficou observando de longe a reação que ele teria ao ler seu pequeno bilhete, começando a sentir uma insegurança crescente em seu corpo, achando o que tinha escrito completamente idiota, e essa sensação apenas aumentou quando o castanho se sentou em uma das mesas com seu pequeno copo de café a abriu o livro na altura do bilhete começando a ler o que tinha ali, sentindo um alívio enorme ao ver a pequena risada que o garoto deu ao ver o que tinha escrito, pegando uma caneta e um novo guardanapo em seguida.

Library Boy || Remus LupinOnde histórias criam vida. Descubra agora