estrelas, calango

onze

Thiago

Era novo.

Era novo ficar a noite toda em ligação com uma menina que não fosse só minha amiga.

Quer dizer, ela era minha amiga.
Mas também sentia atração por ela.

Mas gostava dela como amiga.
Só como amiga.
Né?

Dei um último gole no meu suco e peguei minha mochila em cima do sofá abrindo a porta do apartamento.

Sol

— Meu Deus eu achei que ele nunca mais fosse calar a boca — Falei pra Lucas quando saímos da aula de estudos socioculturais.

— Que ressaca do caralho — ele disse indo pra o bebedouro mais próximo encher sua garrafa de plástico quase vazia.

— Porra nem me fala, se eu tomar mais um analgésico vou ter uma overdose — respondi encostando minha cabeça no bebedouro.

— Vai almoçar com a gente? a gente tá indo no Subway — ele disse.

— Vou ficar aqui na biblioteca da faculdade, eu tenho que pegar a matéria de ontem e ir na administração ver umas coisas do meu pagamento — explico e ele concorda.

— Tudo bem, mas não esquece de almoçar — Lucas falou e me deu um beijo na testa antes de sair.

Ajeitei minha mochila nas costas indo rumo à biblioteca da faculdade.
Aquele lugar era enorme então foi um tanto difícil achar, mas depois de alguns elevadores e escadas eu finalmente achei.

Peguei uma das cabines de estudos e me sentei lá colocando meus fones e tirando os matérias que eu precisar da mochila.

Sol

Não conseguia mais me concentrar pra ler, por que caralhos eu tinha matado aula ontem? Tentar entender aquilo sozinha tava quase me matando.

Sou desperta da minha mini crise quando alguém tira meus fones.

Me viro e vejo o conhecido rosto de Thiago.

— Trouxe seu almoço — ele disse colocando um saco do Subway na minha frente.

— Não precisava — digo indicando a cadeira ao meu lado.

— Ainda sou seu veterano, esqueceu? Tenho que cuidar de você até o final desse ano — ele relembrou e eu sorri pegando o saco do subway e abrindo o mesmo — Tá com muita dor de cabeça? — ele perguntou.

— Muita, mas to quase dopada por causa dos analgésicos — respondi fechando meus livros e puxando o sanduíche pra mais perto.

— Você gosta de coca cola? Comprei essa pra você — ele disse indicando o copo cheio de refri.

— Hm, não gosto de refringente, essa parada tem muito açúcar — respondo e ele me olha feio.

— Refrigerante faz mal mas cachaça barata com gosto de acetona tá tudo bem né? — ele diz me fazendo rir.

— Babaca — brinco empurrando ele de leve.

Quando ele falava assim comigo, conversava, se preocupava, eu quase esquecia todos os boatos e o fato de ele não namorar ninguém nunca e imaginava que talvez um dia ele mudasse de ideia.

— Cê ta gatinha demais hoje — ele falou e quando eu estava prestes a responder o telefone do mesmo toca e ele o pega pra atender — Alô? Oi coisa linda...Agora hahahaha?...Ah tudo bem, marca trinta que eu chego aí...Tchau, outro... — e então ele desligou.

É claro ele nunca ia mudar.

— Vai aonde? — perguntei.

— Ainda não te devo satisfações Solzinha, mesmo você sendo a maior estrela do sistema solar, ainda existem outras — que filho da puta babaca, ele deu um beijo na minha testa e então saiu da sala de estudos.