Sol
Já passava das quatro quando eu e Mount saímos da sorveteria.
— O sorvete daqui é muito bom mesmo, obrigada por ter me convidado — agradeço o mesmo que sorri.
— Ah que isso, eu que agradeço por você ter vindo — ele responde — Vai como pra casa? Eu posso ver um uber pra você — ele diz.
— Não, que isso, eu vou de metrô, moro aqui pertinho — respondo e ele faz uma careta.
— Tem certeza? Eu posso mesmo pagar um uber, ou só te deixar no metrô, as estações são meio loucas aqui em São Paulo — continua ele e eu nego.
Eu sabia que o metrô aqui era uma loucura, mas eu precisava me habituar já que eu morava aqui agora e também não tinha carro.
E eu queria um tempo sozinha, pra pensar naquele show do Thiago de horas atrás, era quase como se estivesse com ciúmes.Mas ciúme era posse.
E Thiago não tinha posses.Provavelmente era só aquela coisa de "me beijou, não pode beijar meu amigo" que alguns homens tem - e que é achava ridículo -.
— Relaxa Mount, qualquer coisa eu ligo pra você ok? — digo e ele parece ceder mais.
— Tá bom, mas liga mesmo — ele diz e eu concordo — Tchau Solzinha — e me puxa pra um abraço o qual eu correspondo.
— Tchau Mount, obrigada por hoje — digo deixando um beijinho na bochecha do mesmo.
Ele me aperta um pouco mais e me da um beijo na bochecha logo depois me soltando.
Nos despedimos de novo e e sigo meu caminho.Eu odiava metrôs em São Paulo.
Não fazia ideia de onde estava e meu celular não tinha bateria.
E estava chovendo.
Me abrigava numa parada de ônibus me preparando pra enfrentar a vergonha de pedir informação para algum estranho.
Me sentia uma criança que não sabia pegar um ônibus pra própria casa.
E eu estava com frio pra caralho, mas que merda por que eu não aceitei a carona do Mount?
Escuto uma buzina atrás de mim e não me viro imaginando ser um daqueles tarados desocupados fazendo graça.
— Sol! — dessa vez eu me viro.
— Thiago? — pergunto.
— Porra o que você tá fazendo aqui? — ele grita do carro mas não me deixa responder, só sai do carro tirando o próprio casaco preto jeans e colocando em cima da minha cabeça.
Ele segura minha cintura com a outra mão e me conduz até sua HB20 preta.
Quando abre a porta do passageiro pra mim e eu entro ele da uma volta no carro e entra no banco do motorista.
— Porra Sol... — ele murmura desligando o ar condicionando pra evitar que eu sentisse mais frio.
Então olha pra mim afastando o cabelo molhando do meu rosto.
— Que merda por você tava aqui? Sabe que bairro é esse? — ele pergunta.
— E..Eu tava tentando voltar pra casa de metrô, ainda não conheço direito São Paulo então... — começo.
— E por que aquele cretino do Mount não pagou um uber pra você voltar pra casa? — ele pergunta com uma raiva desnecessária.
— Ele ofereceu mas... -
— Mas nada! Olha o seu estado porra, se você estivesse comigo isso não teria acontecido... —
Deito a cabeça no banco com frio e cansada demais pra insistir.
Ele da a partida no carro seguindo pela avenida sem olhar pra mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
estrelas, calango
Romancethiago amava estrelas e sol era a estrela central do sistema solar ofuscando todas as outras