estrelas, calango

quatorze

Sol

— Não precisava ter vindo me deixar aqui em cima — digo quando entro no meu conheço apartamento quente e aconchegante — Vou lavar seu casaco — digo me referindo a peça de jeans preto agora encharcada na minha mão.

— Fica com ele, ficou mais bonito em você — Thiago diz e quando eu ia protestar sinto um forte incômodo da garganta e solto um espirro — Você ficou resfriada — ele diz.

— Relaxa, é só a minha rinite — respondo com as costas das mãos no nariz.

— Vou matar o desgraçado do Mount — ele diz parecendo genuinamente com raiva.

— Não foi culpa dele... — falo.

Thiago não responde, mas olha pra mim fixamente e leva as mãos até o meu rosto, acariciando levemente, depois até minha testa e então até meu pescoço.

— Cê tá quentinha, vai tomar um banho gelado — ele diz baixinho — Eu tenho que ir num lugar, mas não demoro — ele diz.

— Não precisa voltar — respondo, eu sabia pra onde ele ia, provavelmente quando me encontrou na rua estava indo pra casa de alguma menina e eu o fiz mudar a rota.

Ele não me respondeu de novo, só soltou uma risada e saiu indo em direção ao elevador.

Fechei a porta do apartamento com uma força desnecessária e soltei outro espirro, que merda, era só o que faltava.

Tinha tomado um banho gelado e revirado essa casa atrás de remédios, mas as únicas drogas que eu achei foram analgésicos e algumas ilícitas.

Já tinha aceitado a ideia que Thiago não ia mas voltar aqui e provavelmente estava na cama de alguma caloura da faculdade quando a campainha toca de novo.

— Gabriela eu não acredito que você perdeu a sua chave de nov...Thiago? — vejo o moreno que estava com a mesma roupa de minutos atrás, mas dessa vez com uma sacola de uma farmácia cheia nas mãos.

— Demorei muito? Desculpa, não tinha muita farmácia 24 horas aqui perto — ele diz entrando no apartamento sem ser convidado.

Ele tinha voltado só pra isso?