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é um cap introdutório a todas as maravilhas que irão acontecer daqui em diante, okay? Aproveitem e boa leitura.

Enquanto Noah caminhava até o apartamento de Lamar naquela quarta-feira, sua mente tentava processar o maravilhoso dia que havia tido - em algum momento entre os primeiros quarenta minutos de sua aula, começou a temer o arrependimento, o momento em que a barragem iria se romper e toda sua dor e erros o afundariam em águas perturbadas. Quando ele sentiria os toques de Josh queimarem sua pele como pecados vivos. Quando ele ouviria sua voz rouca como um castigo sussurrado em seus ouvidos. Quando ele perceberia que o dia inteiro foi simplesmente um martírio, tanto para ele quanto para Josh.

E então, nada veio.

Nada.

Nenhum arrependimento, nenhum pensamento negativo, nenhuma insegurança - mal havia dor recente ali, apenas tranquilidade, como se seu sistema finalmente tivesse aceitado o fato que era Joshua Beauchamp, e todo seu conjunto - sua presença suave ao mesmo tempo alarmante que deixava os sentidos de Noah em pane, seus toques tão simples quanto dedos tocando uns nos outros mas tão poderosos como raios em uma tempestade, seus olhares tão brilhantes quanto estrelas em um céu límpido de verão mas tão intensos quanto um tiro a queima roupa, suas palavras tão delicadas quanto pétalas de rosas recém regadas mas tão cortantes quanto ventos em pleno outono, e a parte favorita de Noah (ou seria o contrário?), sua compreensão, ele não se sentia pressionado, pelo menos não mais, como se Josh o deixasse livre para seguir qualquer caminho que quisesse, e, caso deseje, poderia ter sua companhia também.

E tudo que Noah sempre precisou foi do benefício da escolha, da paciência e da compreensão.

Por isso, completamente confuso com o sentimento novo dentro de seu peito, o estômago cheio pela salada de lentilhas e chocolate, o pescoço coçando pela sensação ainda existente da tira da Nikon repousada ali e a bochecha formigando aonde ganhara dois beijos intensos e delicados, abriu a porta do apartamento, se deparando com Lamar cantarolando na beira do fogão, a colher de madeira raspando a panela que emanava um cheiro ótimo, e claro, a televisão ligada para ninguém em especial.

- Ei. - Lamar cumprimentou, sem realmente se virar para encarar Noah, que apenas fechou a porta e deu longos passos até seu quarto. Embora estivesse feliz com o desenrolar do dia, tinha receio de estragá-lo ao falar sobre, ou vai ver só estava com medo de pensar mais sobre o ocorrido e se arrepender. Era melhor deixar guardado dentro de si, encubado em seu peito e longe de qualquer pensamento ruim que possa estragar seu brilho.

Ele gostava de pensar que estava fazendo como a rosa da Bela e a Fera, guardada e preservada em uma cúpula de vidro, aonde duraria mais do que no exterior. Ele iria fazer isso com seu dia incrível com Josh.

E então, algo o impediu.

Seu celular vibrou ligeiramente no bolso - Bobão. Era uma foto frontal na qual apenas se via ombros largos e musculosos, um maxilar bem afiado, e Bailey, arrumando seu cabelos loiros e ondulados.

"Bailey é péssimo como cabeleireiro"

Ele havia aconselhado que Josh prendesse o cabelo e conseguisse um capacete menor, caso chovesse, para evitar que o mesmo caia em seu rosto durante o jogo. E ali estava ele, fazendo o que havia sugerido.

Antes mesmo de se dar conta, Noah já havia virado de frente para Lamar e murmurando, baixo e confuso, imediatamente chamando a atenção do amigo ao que raramente puxava conversa, se viu compartilhando seus sentimentos.

- Lamar... posso, hm, pode me dar uma opinião sincera sobre algo?

Talvez fosse pelo fato de que a dor e o arrependimento não haviam o atingido, deixando que a felicidade (ou ao menos alívio) tomasse conta de seu corpo inteiro - e fazia tanto tempo, céus, Noah sabia quanto tempo fazia que ele não se sentia feliz, leve, confortável com alguma sensação. Ou vai ver ele só não sabia lidar com tudo aquilo (tão novo quanto inesperado) que temia lidar de forma errônea e precisava de uma opinião extra.

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