Noah não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.
E não era para menos - em questão de três dias (contando a partir do dia da festa), ele já havia feito tanta coisa e vivido tanto que tudo parecia uma única bola de memórias sem começo nem fim. E, ao que parecia, a UAL inteira estava passando pela mesma coisa - quer dizer, todos os dias após o jogo do campeonato podiam-se notar festas nos corredores e dormitórios, as fraternidades e irmandades funcionavam 24 horas por dia para suprir as necessidades juvenis de seus membros, as aulas estavam cada vez mais cheias de alunos sonolentos e semi-bêbados e/ou chapados (mas nunca vazias, o que deixava Noah e o reitor orgulhosos, afinal, os alunos ainda cumpriam com seus deveres acadêmicos, independentemente das circunstâncias), as lanchonetes e barracas de comida do campus estavam cada vez mais cheias de universitários cansados demais para sair do complexo da uni para reabastecer seus dormitórios, as bibliotecas e estúdios estavam cada vez mais movimentados já que a festa de comemoração aflorara seus espíritos sociais e as atividades dos cursos individuais estavam progredindo cada vez mais, apenas deixando os professores satisfeitos.
Essa série de eventos, contudo, também significava que a maioria dos alunos estava dormindo pouco - ou dormindo em horas alternadas e em lugares não tão usuais como anteriormente, comendo porcaria - mesmo não sendo uma regra geral pois haviam opções saudáveis nos menus das lanchonetes do campus, estudando em condições não favoráveis - mas ainda assim estudando e, o mais importante de tudo, se divertindo - e muito. Mas ninguém realmente reclamava das noites recheadas de bebedeira desenfreada, sexo e drogas seguidas de dias cansativos de estudo, ensaios, treinos e mais estudo, afinal, estavam nos últimos meses e havia tanto a se fazer e tanto a se descobrir que não podiam perder tempo com coisas como sono e refeições conscientes.
Lógico que todo mundo tem um limite - e, embora se sentissem invencíveis, os jovens também cansavam.
Era domingo.
Os finais de semana são, geralmente, mais parados do que os dias da semana, justamente porque a maior parte do campus está visitando os pais, ou vice-versa. E domingos são, geralmente, o dia mais parado do final de semana. Essa combinação garantiu à Josh e Noah uma pausa de toda a loucura dos últimos dias - e que pausa merecida.
Josh passara os últimos dias treinando com o time, gravando e fotografando o ensaio do musical, beijando Noah nos intervalos e fora deles, fotografando para seus próprios trabalhos acadêmicos, estudando para seu teste na terça-feira e escrevendo sua dissertação que deveria ser entregue até quinta, além de alternando almoços com os rapazes e cafés da manhã com Noah, já que eles ainda não estavam em bons termos.
Tudo estava um caos.
E Noah não estava diferente uma vez que estava ocupado com o musical - ensinando coreografias, arrumando harmonias, ajustando cenários e finalizando figurinos, estudando para provas substitutivas (graças à festa, o reitor concordou em dá-lo uma segunda chance para compensar suas faltas), dormindo sobre trabalhos e mais trabalhos, dissertações e mais dissertações e artigos que mal cabiam em 24 horas, mas que teria que dar um jeito de fazer o mais rápido possível, e, como se não bastasse, era convidado para toda festa que acontecia no campus.
Sem exageros - toda festa. Seja ela em fraternidades, irmandades (nas quais ele nem mesmo podia fazer parte uma vez que eram apenas para garotas, mas recebia o convite mesmo assim), dormitórios, corredores, lanchonetes, bares fora do complexo da uni. Toda festa requisitava a presença de Noah Urrea, o rapaz que trouxera a vida de volta para a UAL.
Haviam até mesmo universitários que arriscavam dizer que ele trouxera a arte de volta à uni - o que era um título grande o suficiente para ser carregado por ombros estreitos como os do garoto.
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Once Upon A Plug • Nosh
RomanceUniversity of the Arts London, UAL. Joshua Beauchamp cursava fotografia mas sua maior paixão era o futebol americano, sendo o quarterback dos Wolves, o time da universidade. Noah Urrea cursava música e era um verdadeiro fã de musicais, os clássicos...