Lari
Depois daquela noite com a Mika eu fiquei pensando no que ela disse, claro que o alemão não ia acreditar em mim e mesmo que eu quisesse dizer isso pra ele, ia esperar ele voltar rastejando com meu pedido de desculpas.
Com o Natal se aproximando e a mãe da Lua vindo pra cá, a minha mãe tava me deixando louca. Ainda tinham duas semanas até la e eu já tava me irritando, levei a Emilly no shopping pra tirar foto com o papai Noel e aquela fila enorme tava me tirando do sério.
Estou mexendo quando reparo na minha irmã conversando com um menininho na fila, baixinho, loirinho, com o olho verde e um sorriso desdentado. Provavelmente acabou de arrancar um dente. Ja a mãe dele era alta, cabelo grisalho e olho verde. Ela olha pros dois conversando e sorri.
- fila grande né - a senhora diz
- sim, está enorme - falei - crianças pedem tantas coisas
- pedem sim, ruim é quando não podemos dar - ela diz, eu concordo e ela sorri - sua filha?
- não, é minha irmã - falei
- se parecem muito - ela diz e eu sorrio - filhos são uma maravilha mas dão muito trabalho menina
- eu imagino! Essa aqui da um trabalho
- eu tenho dois, o outro não quis vir e acredite são terríveis
- todos falam que menina é melhor, mais calma só que essa aqui não é não
Fiquei conversando com aquela senhora até a fila começar a andar, logo a Emilly tirou foto com o papai Noel e pediu alguma coisa no ouvido dele que ainda não sei, assim que estávamos indo embora ela deu tchau pro amiguinho que fez e ainda comemos um lanche.
- boa tarde são paulina, chegou uma encomenda pra você - Walter diz assim que passou pela portaria
- Boa tarde Walter, pra mim? Eu não pedi nada - falei estranhando
- mas no prédio só tem você de Larissa Reis - ele diz
- será?
Ele deu risada e me entregou uma caixa, parecia essas caixas de encomendas de vestidos. Subi com a Emilly pra casa e a minha mãe tava la tentando umas receitas. Não sei por que ela quis passar o Natal aqui e não em São Paulo como sempre fazemos.
Vou pro quarto e depois de tirar meu tênis me sento na cama, tento abrir aquela caixa. No começo foi difícil mas assim que abri era mesmo eu vestido, vermelho e cheio de rosas. Também tinha uma foto minha com o Nicolas e o Eduardo, irmão dele que morreu pouco depois de eu chegar no Rio.
Com certeza era um pedido de desculpas do Nicolas mas a foto me deixou curiosa. Eu não sabia exatamente do que o irmão dele morreu, ja que o Nicolas odeia falar disso e eu como uma boa amiga respeito isso. O vestido era lindo, curto, de mangas e um decote em V maravilhoso.
- não vai almoçar Larissa? - minha mãe pergunta me vendo pegar a bolsa
- não mãe, agora não da - falei apressada
- mas você acabou de chegar e...- ela diz
- eu comi lanche no shopping com a Emilly, não to com fome
Peguei a foto e deesci até a entrada do prédio e chamei um uber, na verdade fiquei em dúvida se eu tava delirando ou enlouquecendo por tudo que me aconteceu desde que esse mês começou. Eu não podia estar desconfiando do Nicolas assim, ele me acolheu muito desde que cheguei aqui.
Eu tinha que saber a verdade e se fosse coisa da minha cabeça, ia passar uma vergonha tão grande. Se bem que to acostumada né. Respiro fundo e penso bem se é isso mesmo, então chamo o uber e logo que o carro pai chegando no meu destino tento me manter calma.
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A.N.A.R.C.O.S
Novela JuvenilDepois de ter conhecido o alemão numa das festas de sua amiga Mika, Lari se interessou completamente pelo traficante e um ano depois ainda estava determinada a dormir com aquele cara misterioso e bonito mas não podia acreditar que se apaixonou por u...