Capítulo 8

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Langa viu Reki se afastar cada vez mais, mas não tinha forças naquele momento, não depois de ter sido pego de surpresa por aquele beijo. Era verdade que há tempos tinha sentimentos pelo ruivo que se tornou seu melhor amigo, mas guardar tudo dentro de seu coração parecia ficar mais difícil a cada dia que passava, e aquela peça o estava levando ao limite. Desde que descobriram que teriam que atuar juntos, a mente do canadense entrava em pane com muito mais frequência. Houve diversos momentos que ele queria muito sentir os lábios de Reki colados aos seus; mas sabia que isso era arriscado. O que ele mais prezava era a amizade que tinha, por isso nunca considerou tomar uma atitude concreta sobre isso.

Só que depois da manobra, ele finalmente descobriu que os lábios de Reki eram tão quentes quanto o seu jeito de ser, e isso aconteceu não por uma ação sua, mas por um movimento inesperado de Reki.

Aquele beijo, apesar de breve, fez com que Langa se sentisse como se toda a sua vida toda fosse para viver aquele breve, mas intenso, instante.

Estaria mentindo se dissesse que após a surpresa inicial não desejasse continuar, só que antes que pudesse envolver as mãos no cabelo vermelho-vivo de Reki para trazê-lo para mais perto, o ruivo se afastou, desculpando-se e correu noite adentro, deixando-o sozinho.

Só depois de um tempo que ele próprio tomou o caminho para casa, não sem antes mandar uma mensagem para Reki para verificar se tinha chegado bem, seguiu então para a própria casa totalmente aéreo, querendo apenas guardar as lembranças do beijo. Assim que chegou, percebeu pelo cheiro que vinha da cozinha, que a mãe já tinha chegado do trabalho.

— Cheguei — avisou ele, encostando a prancha perto da porta.

— Olá querido! — respondeu Nanako da cozinha. — O jantar está quase pronto.

— Achava que hoje era a minha vez de preparar o jantar.

— Tudo bem, como não consegui ir no festival, pensei que poderia fazer isso pelo meu filho.

— Não precisava se preocupar mãe, além disso, trouxe as fotos da peça — disse ele tirando o envelope de dentro da mochila.

— Ah, que ótimo — ela exclamou deixando a frigideira de lado para ver as fotos. — Você está tão elegante como príncipe! E o Reki está tão adorável de Cinderela! Que pena que não pude ir... Nossa! Vocês andaram de skate durante a peça?! — ela ergueu as fotos em que os dois desciam pela escada e quando saiam de cena.

— Sim, foi uma ideia da roteirista, para deixar tudo diferente do que sempre acontece na história original — ele respondeu, mas a mente dele estava longe naquele momento.

— Você está bem, querido? — questionou Nanako. Ela sabia que o filho não era de muitas palavras, mas era nítido de que havia alguma coisa o preocupando e tomando-lhe os pensamentos.

— Apenas estou um pouco cansado.

Aquela era a desculpa padrão dos adolescentes para encerrar as conversas com os pais! Nanako pensou desesperada. Ficou em dúvida se deveria insistir ou deixá-lo até que decidisse falar por conta própria. Confiava em Langa, mas nem por isso deixaria de se preocupar, e ela queria se mostrar uma mãe forte e legal...

Conseguia entender o fato de Langa não querer falar, seja lá o que fosse, mas desejava que ele tivesse consciência de que estava ali por ele, para qualquer coisa.

— Vamos comer então, assim você pode descansar, e... sei lá... caso precise de alguma coisa, só me dizer — ela disse, tentando analisar a reação do filho com esse comentário.

— Certo.

O jantar seguiu de forma tranquila com alguns comentários esporádicos sobre a comida e como tinha sido o festival. Percebendo que o filho talvez precisasse de um tempo sozinho, Nanako ficou com a tarefa de guardar a louça do jantar.

Um Conto de Fadas RadicalOnde histórias criam vida. Descubra agora