Capítulo 5

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As luzes do auditório diminuíram e um sinal tocou, indicando o começo da peça, seguido de um anúncio no alto-falante:

— Agora com vocês, a apresentação da turma 3-A. Cinderela.

Os quatro atletas na plateia ficaram sem entender. O que poderia haver de tão interessante em uma representação de um conto de fadas? Foi quando viram a cortina do palco subir e uma música suave tocar, indicando o começo da peça.

— Há muito tempo, em uma terra distante, vivia uma linda e inocente jovem chamada Cinderela — iniciou a narração.

No palco eles viram uma jovem de vestido, ajoelhada, enquanto esfregava o chão e emitia sons como o de alguém chorando. Mas o que chamou a atenção dos skatistas, foi a cor dos cabelos da personagem, que era de um vermelho intenso, bem familiar.

— Espera aí... — Miya tentava ver o rosto da personagem, mas não estava conseguindo enxergar direito de onde estava sentado.

— Todos os dias, Cinderela era maltratada pela madrasta e pelas meias-irmãs, que com frequência debochavam dela e a chamavam de Gata Borralheira. Mas ela sempre foi uma boa menina e trabalhava arduamente.

Quando a pessoa que interpretava a Cinderela se virou para o palco, todos exclamaram de surpresa ao ver Reki como a personagem. Shadow acabou cuspindo parte do refrigerante que estava bebendo, Joe estava tentando segurar uma alta gargalhada, enquanto Miya se inclinou para Cherry.

— Carla está filmando mesmo, não é? — questionou o menor, tentando ver o ângulo da tela do celular do rosado.

No palco, se aproximaram mais três meninos, os colegas de classe de Reki, todos usando vestidos e muita maquiagem, e se posicionaram ao redor do CindeReki.

— Borralheira! Está costurando tudo direitinho? — perguntou uma das meias-irmãs empurrando Reki de maneira brusca.

— Está tudo muito sujo! — disse outra personagem, também empurrando Reki. — Que inútil que você é!

— Que vergonha — disse a madrasta. — A sopa estava muito salgada.

— Está tentando nos matar!? — chutou uma das meias-irmãs, derrubando Reki no chão.

"Esses desgraçados! Eles não estão se empolgando demais, não?" pensou Reki no chão, se segurando para não dar um soco neles ali mesmo. O roteiro apenas dizia que eles tinham que ser maus com a Cinderela, e nos ensaios não ficaram empurrando ele! Os colegas por sua vez, pareciam estar se divertindo muito, mesmo usando trajes femininos diante de tanta gente.

— Aquele poderia ser mais um dia infeliz para a jovem Cinderela, contudo, um acontecimento inusitado estava prestes a mudar a vida dela para sempre.

— Meninas vejam só — disse o rapaz que fazia a madrasta, retornando ao centro do palco segurando uma carta e um envelope. — Haverá um baile no palácio!

— Um baile!? — exclamaram animados os dois rapazes.

— E todas as jovens solteiras devem comparecer. Essa é a oportunidade perfeita para que uma de vocês possa fisgar o príncipe!

— Eu vou agarrar o príncipe! — disse um dos rapazes.

— Não! Eu que vou! Você é muito feia! — os dois pareciam prestes a começarem a brigar quando ouviram a voz de CindeReki.

— Eu posso acompanhar vocês? — perguntou CindeReki, tentando fingir animação e esperança.

— Não seja boba Cinderela! É claro que você não pode, quem iria querer dançar com uma criada? — ralhou um dos rapazes.

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