Um Conto de Fadas Radical

Capítulo 17

Os dias seguintes após a saída de Daichi da casa Kyan passaram de maneira tranquila. Mesmo que as gêmeas ainda se sentissem um pouco tristes com a súbita ausência do pai, na maior parte do tempo se divertiam e aproveitavam os dias que restavam de férias, o que contribuía para manter a agitação habitual na casa.

Tentando ao menos compensar um pouco a falta que o pai poderia estar fazendo para elas, nesses dias Reki optou por passar mais tempo em casa. Elas se divertiam enquanto ele as ensinava algumas manobras simples no skate, quando ele permitiu que as duas brincassem de cabeleireiras e prenderam o cabelo dele com várias maria-chiquinhas e colaram adesivos com glitter por todo o rosto dele, o que, por incrível que pudesse parecer, foi divertido, exceto pelo fato de Koyomi ter aproveitado a ocasião para tirar fotos dele naquele estado. Era provável que ele visse aquelas fotos no futuro quando Koyomi precisar chantageá-lo...

Mas o que Nanaka e Chihiro mais gostavam de fazer era assistir o vídeo da peça do festival escolar. Nesses poucos dias, ele já havia perdido a conta de quantas vezes viu como havia sido meloso contracenando com Langa e o exato momento em que havia se dado conta de que tinha vontade de beijar o canadense de verdade (ele era grato por não ter feito aquilo durante a peça, ter esse momento eternizado em vídeo seria muito constrangedor).

Depois de terem assistido mais uma vez, as gêmeas queriam fazer o ollie e outras manobras que ele e Langa realizaram durante a peça. Apesar de ficar contente com a empolgação das irmãs com o skate, não queria que elas se machucassem muito fazendo isso, então contornou a situação sugerindo passar o tempo desenhando um pouco.

Por isso, os três estavam no quarto dele, como gostava de desenhar, Reki tinha muitos materiais de desenho, então eles sentaram no chão e ficaram desenhando. O ruivo ficava encantado com a animação e o entusiasmo que as duas mantinham, mesmo sendo uma atividade tão simples.

Reki estava tão concentrado no próprio desenho e refletindo em como tinha sorte, que não percebeu quando Nanaka deixou a folha e o giz de cera de lado e começou a puxar uma grande caixa branca debaixo da cama.

— Oni-san, o que é essa caixa grandona?! — questionou Chihiro enquanto observava a irmã continuar a puxar a caixa.

Reki tomou um susto tão grande, que deu um pulo, pegando Nanaka no colo e impedindo Chihiro de se aproximar da caixa.

— Não é nada demais, são só umas ferramentas — ele tentou desconversar.

— Então por que isso não está lá na oficina? — Nanaka perguntou, tentando se desvencilhar.

Elas estão ficando espertas muito rápido, pensou Reki enquanto buscava uma forma de contornar aquela situação e chamar atenção delas para outra coisa.

— Nem adianta maninho — ele viu Koyomi no batente da porta do quarto. — Isso daí é uma caixa para carregar roupas. Pode mostrar o que você está escondendo aí. Você pareceu bem desesperado em manter isso escondido.

Ele deu um suspiro, com Koyomi ali, sabia que não tinha mais escapatória; deixou as irmãs no chão e colocou a caixa em cima da cama a contragosto. Seria mais fácil mostrar de uma vez do que elas ficarem enchendo ele por isso.

— Não é nada demais, é só o figurino da peça.

As gêmeas soltaram um grito tão animado que chamou a atenção da mãe e da avó. Quando as duas chegaram no quarto do mais velho, encontraram Nanaka e Chihiro em cima da cama de Reki, tentando tirar o vestido de dentro da caixa.

— Nossa, que vestido bonito — admirou Masae ao ver a bagunça que as filhas faziam no quarto de Reki.

O ruivo achava que, agora que todas já viram o vestido, ele poderia deixar isso de lado, mas um pedido de sua irmã o fez tremer: