(Eva)
Para Eva Collins.
Eu não parava de olhar para aquelas palavras, pareciam que estavam ecoando pela minha cabeça. Mas eu estava com medo, muito medo de abrir aquilo.
Hoje é o dia do Baile, na verdade daqui a algumas horas. Eu ainda não tive a coragem de abrir esse envelope. Eu tenho medo, eu tenho medo do que sinto por ele, eu tenho medo dele não me amar de verdade, tenho medo de acabar como o meu pai.
E por que ele me deu aquela carta, ele está namorando, eu o vi beijando aquela loira. Eu estou confusa. Não sei o que fazer.
Meu pai e Helena chegaram hoje, e estão hospedados no quarto da Mallu, infelizmente minha irmã não pode vir, tinha um casamento de alguma amiga para ir. Mas estou feliz que meu pai está aqui.
- Olá princesa. - Meu pai disse entrando no meu quarto.
- Oi pai.
- O que é isso na sua mão? - Ele perguntou ao ver a carta que o Daniel escreveu.
- Na verdade não sei, não tive coragem de abri-la.
- É do Daniel, não é?
- Sim... Mas eu tenho medo de abri-la e dele fazer o mesmo que a mamãe.
- Querida, olhe para mim - ele levantou o meu rosto para olhar para ele. - Não se prenda ao meu passado querida, viva o seu. Se arrisque, eu me arrisquei e conheci a Helena, e eu não me arrependo disso, imagine se eu não tivesse arriscado um novo amor, ainda estaria naquela merda, sem vida, ela me trouxe alegria - ele beijou minha testa. - Vá atrás da sua alegria.
- Mas eu não entendo. Ele está com outra pessoa, eu o vi beijando outra mulher. Então por que me mandar uma carta?
- Talvez você tenha tirado conclusões precipitadas dos fatos querida. Vá em busca da verdade.
Ele estava certo, a Mallu disse a mesma coisa. Eu vou atrás da verdade. E a verdade só o Marcos sabe.
(Daniel)
Passar a noite em claro não é nada bom, vou me lembrar de nunca mais fazer isso. Aliás vou me lembrar de não passar a noite em claro bebendo. Minha cabeça doi, meu corpo doi, tudo doi, mesmo assim estou pensando nela, se ela leu a carta, se ela automaticamente já me desculpou e se a qualquer momento ela vai bater em minha porta.
Como se alguém tivesse lido minha mente a companhia toca. Eu saio correndo do meu lugar e vou até a porta. Meu coração acelera quando coloco a mão na maçaneta, fecho os olhos e abro a porta.
Quando abro os meus olhos vejo um homem um tanto quanto parecido com a Eva, os mesmo olhos, o mesmo tom de cor dos cabelos, então ele sorri. O mesmo sorriso!
- Olá Daniel, sou o pai da Eva.
Eu fiquei sem reação no momento, eu só sabia olhar para ele com os olhos arregalados.
- Podemos conversar? - Ele perguntou.
- Ah claro, entre... Me desculpe é que... Esquece. - Eu não sabia como reagir, não tinha a mínima idéia do porquê dele estar aqui.
Depois de sentarmos no sofá um silêncio constrangedor nos atingiu. Eu olhava para todos os cantos menos para ele.
- Eu vou ser bem direto Daniel - ele quebrou o silêncio. - Eu estou aqui pela minha filha. Ela está sofrendo muito e imagino que você também está, é meio visível. - Qualquer um que olhasse para mim diria que esses não são os meus melhores dias. - Então eu quero que vocês parem com essa palhaçada de orgulho, ou seja qual for o motivo de vocês ainda não terem voltado, e se resolverem, por que eu não aguento mais ver a minha filha assim.
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Tão Natural (Completo)
RandomEva Collins, uma jovem de 25 anos, teve um passado difícil com o abandono de sua mãe e seu pai caindo na depressão. Quando finalmente seu pai encontra um novo amor, Eva decide dar um rumo a sua própria vida, então, muda-se para São Paulo e começa a...