Capítulo 8

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— Rafaella, por favor, por que você tem que sempre demorar tanto assim para se vestir?

O cabelo bem arrumado caiu ao redor de seu rosto quando colocou sua cabeça para fora da porta aberta do armário. Ela estreitou os olhos para a mulher sentada na ponta de cama.

— Mãe, apenas se passaram vinte minutos. Pare de ser tão dramática, e para o seu conhecimento, eu fiz muito mais nesse tempo do que apenas me vestir.

— Não diga, filha, porque pelo que eu posso ver... — Genilda respondeu, apontando para as partes visíveis do sutiã vermelho de Rafaella e a pele nua de seu estômago. — Você realmente não se vestiu ainda.

Alguns fios de cabelo voaram para longe do rosto de Rafaella com a rajada de ar que ela bufou.

— Talvez essa tarefa  já teria sido terminada se eu não tivesse sido repetidamente interrompida por sua impaciência e perguntas sem fim sobre os meus encontros totalmente decepcionantes.

Rafaella enfiou-se de volta para o closet enquanto Genilda ria profundamente. A mulher mais velha olhou para o próprio reflexo no espelho acima da penteadeira de sua filha e colocou a mão em seu cabelo onde estava preso e prendeu algumas mechas selvagens.

— Falando nisso, — ela disse, — quando é que Manoela pretende chegar? — As três mulheres iriam assistir um espetáculo da Broadway naquela tarde.

— Em breve.

— Ah, bem, obrigada por ser tão específica, filha.

Aparecendo de dentro do armário um momento depois, um sorriso plantou-se pelos lábios pintados de vermelhos de Rafaella. Ela deslizou sobre os calcanhares, em seguida, colocando-se de forma dramática na frente de sua mãe, uma mão em seu quadril e outra delicadamente na testa. Saltos vermelhos brilhantes feitos para dar um toque impressionante de cor, combinando com o vestido preto que abraçava toda a forma do corpo de Rafaella. Seus cabelos estavam um pouco ondulados nas pontas e assentou-se suavemente contra sua pele clara.

Ela tinha feito isso muitas vezes quando menina. Ela vestia-se em várias roupas cuidadosamente selecionadas a partir de suas próprias roupas e algumas de sua mãe, decorava seu cabelo com uma tiara cintilante ou presilha, e pintava o rosto com gloss labial e sombra. Toda arrumada, fazia um mini show de moda para sua mãe, caminhando numa passarela imaginária, enquanto parava a cada poucos passos para fazer uma pose. Genialda, é claro, aplaudiu o show, elogiando sua filha de deslumbrante beleza e trajes elegantes. Ela e Rafaella frequentemente gostavam de brincar que esses pequenos shows tinham sido o início de sua carreira promissora.

A mais velha aplaudiu a pose de sua filha agora também.

— Impecável, minha querida. Simplesmente impecável. Me lembra de quando você era uma criança.

Rafaella riu e caminhou para beijar o rosto de sua mãe antes de usar seu polegar para limpar o batom deixado para trás. Então ela virou-se para sua penteadeira e escolheu algumas joias para concluir o seu look.

— Então, papai vai levar o Lucas para o museu das crianças? — Ela perguntou enquanto colocava seus brincos.

— Esse era o plano, mas você conheça seu pai, — Clara disse. — Eu tenho certeza que ele e Lucas terão se aventurado muito pela cidade quando voltarmos do espetáculo.

Antes que pudesse responder, o som do fechamento da porta da frente ecoou através da casa, seguido por um clicar de saltos, e, em seguida, Manu apareceu. Ela sorriu brilhantemente para as duas mulheres antes de voltar sua atenção para Rafaella.

Gonna get betterOnde histórias criam vida. Descubra agora