Capítulo 20 - Hipismo, acidente e traumas

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O céu estava escuro, eram quatro horas quando abri meus olhos pela primeira vez naquele dia, eu estava com muito sono.
Levantei-me junto com Liza que parecia um zumbi, e fomos para o banheiro. Para fazer hipismo era necessário utilizar uma roupa especial, por isso todos deviam utilizar uma calca branca, bota e uma camiseta e o casaco a gosto.
Estávamos reunidos na sala esperando o rei e a rainha que chegaram com a mesma roupa que nós, só que mais sofisticadas. Avistei Christopher de longe que sorriu quando me viu.
- Senhores e senhoritas - disse o rei - , vamos partir agora! - senti um frio na barriga
A viagem durou cerca de duas horas - como o rei havia dito -, fomos todos de carro, aquelas limusines que o rei tem em seu palácio.
A fazenda era linda, na entrada, a grama estava bem aparada, a porteira era de madeira rústica, havia um canteiro de flores - eram hortências, amarelas e rosa -, no caminho para carros, havia pedras brancas, tipo brita. Adentramos. Vi novamente a grama aparada, uma casa bem grande - era creme, com muitas janelas marrons e nas mesmas havia flores amarelas -, vi um lago onde tinha alguns patos, havia três cachorros correndo e alguns coelhos.
- Bom dia! - um homem e uma mulher se curvaram para a realeza e nos cumprimentaram - Espero que se sintam a vontade... - e continuou falando. Os dois eram velhos.
Depois daquele discurso, fomos comer, eram 7:23 e todos estávamos famintos.
Aproveitamos para conhecer o local, havia a criação de porcos, vacas, peixes, mas a "surpresa" estava por vir.
Depois de almoçar e ficar conversando com os cuidadores da fazenda, a mulher pediu para que seguisse-mos ela. Ela nos mostrou "a grande surpresa", meu estômago revirou, minhas pernas bambearam, a vontade de fazer xixi apareceu. E lá estavam eles. Os cabelos.
Eu morria de medo de cavalos.
Eu não podia voltar. A mulher deu as instruções, e todos colocaram os aparelhos de segurança.
Liza viu que eu estava muito pálida e aproveitou para segurar em minha mão.
- Calma Melody! Eu estou aqui! - lágrimas brotaram do meu rosto, e o pior é que não dava pra eu fugir.
Chamaram-na para escolher um cavalo.
- Vai lá, Liza!
- Eu vou fica com você!
- Está tudo bem!
- Tenho! Aproveita! - e foi-se
Eu fiquei encostada em um canto só observando, até que Christopher chega até mim.
- Você não vai cavalgar? - ele estava lindo, com calça branca, botas pretas e um casaco azul marinho - da mesma cor que o meu - , ele já havia cavalgado, por isso a ponta das mechas do cabelo estavam molhadas e meio grudadas na testa, ele estava vermelho também.
- Não! Eu não estou afim! - ele me levantou e segurou minha mão e começamos a andar, até que chegamos perto do sei cavalo - Não Christopher! - disse me afastando. As lágrimas começaram a surgir, mas não caíram.
- O que foi?
- Não Christopher, eu vou montar num cavalo! - as lágrimas caíram
- Você tem medo né? - disse arrependido - Tudo bem - disse enxugando minhas lágrimas -, eu te ajudo, você aceita minha ajuda?
Ele parecia tão confiante, fazia anos que eu não montava, e ninguém conseguia fazer eu subir, mas ele... Ele me trazia segurança.
- Vem Melody, nós vamos devagar! Com calma! Eu te ajudo! - disse estendendo a mão
Decidi confiar nele, com muito esforço, mas confiei.
Subimos cada um no seu, o meu era preto, e dele era branco. Começamos a cavalgar, até que fui perdendo o medo. Eu não sei o que ele fez, mas eu estava quase... Quase sem medo. Estávamos rindo, rindo muito, começamos a correr, estava tudo perfeito, mas como eu era mega azarada, algo tinha que dar errado, e deu mesmo. Eu só escutei um barulho atrás de mim, o cavalo relinchando e correndo, mas ele estava sozinho, Christopher estava atrás, caído no chão com a boca sangrando.
Desci do cavalo o mais rápido possível, ele estava lá, com a boca ensanguentada, tirei meu capacete e comecei a chorar, mas fui ve-lo. Gritei. Gritei o mais alto que pude. E no mesmo instante vieram todos.
Eu não queria me afastar dele, mas o Jackson me agarrou e me tirou de lá. Eu não conseguia parar de chorar. Levaram-no correndo para o hospital, e nós fomos para o palácio.
Liza, Piper e Ana tentavam me acalmar com chás, abraços... Chorei tanto que acabei dormindo, acordei eram 18:00, e fiquei sabendo que o príncipe chegara.
- Melody, você deu muita bandeira aquela hora, você precisa disfarçar! Todos comentaram sobre sua reação na fazenda! - disse Liza sentando-se do meu lado
- Hum, to nem aí pra eles. Vou dar uma volta! - Eu iria era ver o Christopher, escondida.
Enquanto eu andava pelo corredor disfarçadamente, vi o rei - fiz reverência - eu pensei que ele is me cumprimentar como de costume, mas dessa vez ele me surpreendeu.
- Se afaste do Christopher! Eu não vou dizer outra vez! - disse e continuou andando.
O que? Será que ele sabia? E agora? Preciso avisar o Christopher! Mas agora não dava.
Com muito custo consegui entrar no quarto, eu tinha de ser rápida, a qualquer momento alguém poderia chegar.
O quarto dele. Era gigante, a decoração era azul marinho com prata, havia uma cama gigante, uma escrivaninha com vários desenhos, uma sacada com um luar lindo, uma mesa para café da manhã, um guarda roupa e criados mudos ao lado da cama. Mas o principal estava lá, o príncipe, eu não sei se ele estava dormindo, mas fui até a cama - de olho pra ver se ia chegar alguém - ele estava acordado.
- Oi! - ele susurrou quando sentei-me na cama
- Oi! - tentei forçar um sorriso - Como você está?
- Estou bem, não quebrei nada, só cortei a boca. Você vai me contar porque você tem medo de cavalos? Eu sei que não é atoa, algo aconteceu pra você ter tanto medo. - como ele sabia?
- Bem, quando eu era pequena, estava eu, minha irmã Layla meu irmão Peter, numa fazenda, até que a Layla pediu para que eu cavalgasse com ela, no mesmo cavalo, pois eu era pequena - as lágrimas estavam brotando - e eu fui. E no meio do caminho o cavalo viu alguma coisa e se assustou, e nós duas caímos, mas ela me empurrou antes que eu caísse num buraco, mas eu não pude salvá-la, ela caiu no buraco e morreu. Não deu tempo de chegar no hospital - as lágrimas estavam caindo aos montes - , e as vezes eu sinto que as pessoas me culpam pela sua morte, eu me culpo - é... Eu estava chorando - .
Ele me deitou em seu peito nu, sua pele era muito macia. Ele passava a mão pelo meu cabelo.
- Eu sei que você não quer ouvir isso, mas você não tem culpa! Sua irmã te salvou, ela deu a vida dela a você, não desperdice-a. Você é melhor que isso, Melody! - e me deu um beijo na cabeça
Tudo se apagou.

Um sonho de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora