The Cake - Gabicente (hot)

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Essa one NÃO é de minha autoria, sendo apenas uma adaptação tirada de um site de fanfics.

.....

GABRIELA

"Amanhã teremos tempo nublado na maior parte do dia, embora..."
Flip.
"... os menores preços que você já viu..."
Flip.
"...No he can't read my poker face..."
Flip.
"Vive num abacaxi e mora no mar? Bob Esponja Calça Quadrada!"
Flip.

- Será que dá pra parar de mudar de canal?! - eu exclamei finalmente, fechando a revista de esportes na qual eu tentava inutilmente me concentrar. Ele amava me irritar, nada além.
Ele voltou os olhos infinitamente castanhos em minha direção, me lançando um sorrisinho sarcástico antes de lentamente erguer o controle remoto outra vez.

Flip. Flip. Flip. Flip. Flip. Flip.

Contei dez segundos de trás para frente, fechando os olhos e tentando conter minha raiva. Era um truque que eu havia lido em um dos livros de auto-ajuda que comprei para me ajudar a sobreviver os meses de espera até a chegada da carta de aceitação para jogar no Chicago. Não conseguiram me fazer superar minha ansiedade, mas nos últimos tempos andavam se revelando bem úteis ao me ajudarem a controlar o impulso de assassinar Vicente Machado com chutes nas partes baixas.
Ele ainda me encarava quando voltei a abrir os olhos, a provocação escrita em cada linha de sua expressão. Lancei a ele um olhar feio que o fez apenas alargar o sorriso antes de voltar a atenção para a TV a sua frente, se ajeitando no sofá e voltando a zapear os canais.
Eu apertei com força o braço da poltrona na qual eu estava, desejando que o inocente material estofado fosse o pescoço de Machado. Lá estava ele, largado no meu sofá, um braço descuidadamente apoiado atrás de sua cabeça, as pernas abertas e os jeans caindo perigosamente baixos em seu quadril. Ele era tão cheio de si, tão irritante, tão idiota, tão... Gostoso, sexy, deliciosamente cafajeste...

Oh, sim. Eu tinha uma queda gigante pelo imbecil filho da mulher do meu pai.

"Filho da mulher do meu pai". Estranho, eu sei. Mas eu prefiro isso à "filho da minha madrasta". Ou pior, "meio-irmão". Argh! Vicente Machado não é nem nunca vai ser nada sequer perto de um irmão pra mim. Ele é só o cara que eu quero ver morto cinquenta por cento do tempo.

E na minha cama nos outros cinquenta.

Não, esse não é um caso de simples atração pela pessoa que você detesta. Porque se eu for totalmente sincera, terei que admitir que não odeio Vicente tanto assim. Na verdade, eu gosto dele. Mas odeio a necessidade que ele parece ter de tornar minha vida um inferno. Não só com as constantes implicâncias e armações. Mesmo sem isso, ele complica minha vida simplesmente existindo. Existindo com seus olhos castanhos, voz sexy, corpo perfeito... Me fazendo desejar o único cara no mundo que eu não devia querer de jeito nenhum. Porque além de aparentemente me detestar, a criatura mora comigo, é parte da minha família há um ano. Na verdade, exatamente um ano, já que era o primeiro aniversário de casamento dos nossos pais.
É por isso que eu estou aqui, na verdade. Servindo de babá de Machado enquanto meu pai e a mãe dele passam o dia velejando. Vicente está proibido de sair de casa para qualquer lugar além da escola e dos treinos depois de ter sido flagrado pichando "DIRETORA REYNOLDS É SAPATÃO" no lado de fora do prédio da diretoria algumas noites atrás. Tudo porque como nem meu pai nem minha madrasta eram inocentes o suficiente para acreditarem que Vicente simplesmente se comportaria, e como os dois só voltariam mais tarde para sair e jantar conosco... Eu fiquei encarregada de ficar de olho na peste, já que meu pai simplesmente assumiu que eu não teria nada mais para fazer no final de semana. Bom, eu não tinha mesmo, mas isso não vinha ao caso. Ter um bom motivo para grudar meus olhos em Vicente por horas não melhorava em nada minha situação, além de que ficar sozinha em casa com ele era algo que sempre me deixava... Nervosa. Não acontecia muito, principalmente com nós dois sendo forçados a ficarmos tão próximos, mas quando acontecia, era algo que me deixava inquieta. Eu tinha medo que meus hormônios vencessem por saberem que não havia ninguém na casa para me tirar de cima de Machado caso eu o atacasse.
Suspirei irritada, voltando a abrir minha revista na sessão sobre basquete. Se quando conheci Vicente eu já soubesse quem ele era, talvez nada disso estivesse acontecendo. Talvez se eu soubesse que ele era o filho de Eugênia, a criatura mais irritante do planeta antes de vê-lo pela primeira vez, talvez eu estivesse mais preparada. Mas com a sorte que eu tenho, eu não sabia de nada disso. Então quando o vi encostado àquela árvore, usando o smoking que o deixava ainda mais sexy, não o classifiquei imediatamente como "meio-irmão". Foi algo mais como "coisa mais perfeita que eu já havia visto".
Fazia exatamente um ano. Como Vicente ainda morava fora na época, eu só o conheci no dia do casamento. Meu pai conheceu a mãe dele em uma viagem para a Europa, e foi amor à primeira vista. Ambos eram viúvos, ambos ainda eram jovens e atraentes... Não demorou muito para Eugênia se mudar para nossa cidade, deixando o filho com a avó até o ano letivo acabar. Eu nunca havia tido curiosidade de pedir para ver uma foto de Machado, e ninguém nunca pensou em me mostrar. Assim quando, ao seguir para o lago de forma a olhar os peixes, eu o vi a poucos metros de distância, tudo o que eu pude pensar era o quanto eu queria que aquele Deus grego reparasse em mim. Eu havia fugido da confusão que estava aquele salão enquanto o casamento não começava, e lá estava ele, encostado em uma árvore, passando as mãos pelos cachos e observando a paisagem. Eu devo ter olhado tanto para ele que em algum momento ele sentiu meu olhar, voltando àqueles olhos castanhos na minha direção pela primeira vez. Naquele momento eu soube que estava perdida. O olhar dele me sugava, me prendia, me fazia esquecer do resto do mundo, e todos os outros clichês nos quais você puder pensar. Naquele momento eu entendi da onde vinham aqueles clichês.
Os lábios perfeitos de Vicente haviam se curvado em um meio sorriso e seus olhos deslizaram por meu corpo de cima a baixo. Eu me forcei a não abaixar o olhar como uma garotinha envergonhada, e o sorriso dele pareceu se alargar com isso. Quando Machado se desencostou da árvore e passou a andar passos firmes em minha direção, porém, eu ouvi a voz de Michelly me chamando, e em seguida vi a criatura correndo em minha direção, os olhos avermelhados pelas lágrimas enquanto balbuciava coisas como "o Patrick está dando em cima de uma loira siliconada!". Eu lancei um sorriso de desculpas ao garoto que parara de se aproximar e ele sorriu de volta, assentindo com a cabeça e se afastando.
Com a confusão pré-casamento, eu não tive outra oportunidade de tentar falar com ele. Os parentes de meu pai que eu não via desde criança cismavam em me parar para dizer como eu tinha os olhos de meu avô, a boca de minha tia, e outras idiotices que me faziam me sentir o próprio monstro do Frankstein. Apenas consegui trocar mais alguns olhares com Vicente, e já odiava Michelly por ter nos interrompido mais cedo quando a voz de meu pai declarou as palavras que serviriam como uma pá de cal sobre minhas esperanças.

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