GABRIELA
Minhas pernas fraquejaram, e senti todo o meu peso cair sobre o chão no exato instante em que as palavras me atravessaram como lâminas, cortando minha pele e tirando algo de mim. A dor era penetrante, insuportável, e me fez fechar os olhos com força, incapaz de acreditar na verdade.
Aquilo simplesmente não podia ser real.
Vozes passaram a soar perto, mas não eram capazes de ultrapassar a bolha que eu mesma havia criado ao meu redor, na falha tentativa de bloquear a dor. Me sentia quebrada em incontáveis pedacinhos, destruída.
Minha alma estava doendo.
Afastei braços que tentaram me consolar, e me deixei levar por aquele sentimento horrível de perda. Sozinha. Aqueles não eram os colos capazes de me consolar.
A única pessoa que tinha aquele poder estava longe. E não me ajudaria naquele momento, ainda mais depois de tantos anos.
Deixei que mais e mais lágrimas se formassem em meus olhos e caíssem livremente por meu rosto, aceitando que estava sozinha.
......
VICENTE
"Vem pra cá, ela precisa de você. "
Larguei as chaves na mesa, caminhando até a cozinha enquanto digitava.
"Ela quem?"
"Gabriela. Veja as notícias "
Arregalei os olhos ao ler a mensagem de minha avó. Gabriela precisava de mim? Justamente de mim? O que havia acontecido?
Enchi um copo de água e rapidamente abri o link da notícia que minha avó havia mandado. O copo foi ao chão antes que eu pudesse beber de seu conteúdo.
- Família é.... - comecei a ler as palavras em voz alta, como se daquela forma elas se tornassem menos assombrosas. Logo me calei, chocado demais para continuar.
A foto seguinte me devastou.
Gabriela precisava de mim. Naquele momento já não importava os 15 anos passados, eu era a única pessoa que ainda lhe restava. Ignorei os cacos de vidro no chão, peguei minhas chaves e corri de volta à garagem.
....
Os minutos que levei até a mansão dos Prado Monteiro pareceram uma pequena amostra da eternidade. Quando finalmente estacionei, percebi que estava tremendo. Não importava o que havíamos passado, Gabriela ainda era o amor da minha vida.
- Onde ela tá? - perguntei ofegante para Nana, que segurava uma Sofia sonolenta nos braços. Tinham expressões tristes, e os olhos inchados. Imaginei que se elas estavam daquela forma, como estaria Gabriela.
- No chão da sala de estar. Ela não saiu de lá desde que recebeu a notícia, há umas duas horas atrás. Tentamos de tudo, mas ela afasta todo mundo, não sabemos mais o que fazer.
Meu coração se apertou no peito, como se houvessem feito um nó ao redor dele. Eu não aguentaria vê-la sofrendo daquela forma, sozinha. Mas precisava lidar com aquilo, precisava ajudá-la.
- Ela está em choque, o doutor Mauri achou melhor tirar ela daqui, levar para algum lugar sem tantas memórias, mas a Gabriela não deixa ninguém encostar nela.
Não esperei antes de correr para a sala, percorrendo com desespero aqueles corredores que eu conhecia tão bem.
Deixei que minha mochila escapasse de minhas mãos ao vê-la, e parei.
Estava soluçando, encolhida no chão gelado com os braços cruzados e o rosto apoiado nos joelhos. Seus longos cachos se prendiam ao seu rosto completamente tomado pelas lágrimas. E ela tremia. Tremia como uma criança.
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Histórias Gabicente
FanficAlgumas one shots de gabicente para vocês curtirem nosso casal... Capa: wlxbieber