A Minha História - Vicente

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Esse capítulo foi uma ideia linda da Sah ❤ espero atingir suas expectativas ao falar um pouco mais do que imagino ser o passado do Vicente.
  Boa leitura, e essa é super leve!

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VICENTE

Estava distraído,  perdido em pensamentos quando senti Gabriela se sentar ao meu lado no lençol estendido na grama. Seus cabelos estavam soltos,  um ar leve a envolvia, trazendo jovialidade aos seus belos traços. Diante de meus olhos estava a garota que me trouxera vida,  me fizera acordar para mim mesmo.

Sorri inconscientemente para ela, observando com oa luz fraca a deixava ainda mais bonita.  Ela sorriu de volta,  pegando minha mão com a sua.

- Pensando no que, meu amor?

- No quanto minha vida mudou depois que você entrou nela.

Gabriela encostou sua cabeça em meu ombro e se aproximou ainda mais de mim.  Dividir momentos como aquele com ela me fazia bem. Ela era como a calmaria após a longa tempestade em que vivi.

- E como era sua vida antes de mim? A gente nunca conversou sobre isso, queria saber mais sobre a sua infância,  adolescência.

Olhei para o céu e em seguida para ela. Será que Gabriela sentiria pena de mim?

- Você quer mesmo saber sobre isso?Não é um conto de fadas.

Ela se afastou para olhar em meus olhos.

- Eu quero saber tudo sobre você, e a gente tá tão feliz agora. Sinto que preciso, sabe? O que te trouxe até aqui.

Concordei, pensando por onde começar.  Eram assuntos complicados que me incomodavam cada dia mais, era meu passado lutando para ser esquecido.

- Nem sei como começar, meu amor. O que exatamente você quer saber?

Ela me olhou com atenção por alguns segundos,  enquanto pensava.

- Como foi sua infância?  Como eram os seus pais com você?

Minha infância.  Os piores sentimentos.

- Minha infância não foi nenhum pouco parecida com a sua. Sabe, eu tinha dinheiro,   brinquedos dos melhores tipos e todo luxo que uma criança poderia sonhar.

- E isso não foi bom? Poxa, quem me dera ter todo aquele monte de brinquedos!

Dei um beijo em seus cabelos cacheados, inalando seu perfume.

- Até certo ponto foi bom, mas do que adianta ter brinquedos e não ter com quem brincar?  Eu era solitário demais, aquele garoto que ficava com as migalhas da atenção de todos por ser taxado de mimadinho e irritante. Eu só queria sentir aquela felicidade que via no rosto dos meninos da minha idade no parque.

Ela engoliu em seco. Uma pontada de tristeza passou por seu olhar, como uma estrela cadente.

- Você.... Você nunca teve companhias?

Companhia.  A minha arrogância.

- Pra te falar a verdade,  não.  Sem irmãos,  sem primos,  sem amigos.  Ninguém me suportava, Gabs, nem meu pai. O basquete acabou sendo um refúgio quando cresci um pouco mais, e passei a odiar tudo aquilo que me envolvia.

Meu coração doía com aqueles pensamentos,  a ideia de ter me tornado um ser humano de verdade somente depois Dela.

- Não diz isso, você não era ruim - ela me deu um selinho demorado. Eu com certeza não a merecia.

- Você não me conheceu antes disso, não pode falar. Eu era horrível,  não conseguia manter ninguém por perto de mim, nem meus pais. E pior que nada foi minha culpa, eu não nasci todo errado, fui sendo criado com o tempo. Não queria ser daquela forma, mas não tinha exemplos para saber como mudar.

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