Destino - Parte 3 - Final

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Tem uma parte extra no final, resolvi deixar em três capítulos só 🤗

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Abri meus olhos devagar, e logo os fechei de novo ao encontrar a claridade do novo dia. Longe de ser Sol. Mas era dia.

A confusão tomou conta de minha mente por alguns longos segundos até que ouço um suspiro próximo ao meu ouvido, e então perco o fôlego. Abri meus olhos outra vez e percebi que não era um sonho, que o colo que me abrigava era mesmo o de Vicente.

De bruços, eu estava confortavelmente acomodada em seu peito nu, com a mão direita repousando sobre seu rosto, roçando sua barba rala. Seus dois braços me envolviam e me traziam ainda mais para si, enquanto nossas pernas se entrelaçavam com naturalidade. Sua blusa abrigava meu corpo e caía até minhas coxas, de onde a coberta se emaranhava entre nossos corpos. Ainda nevava, e no entanto não havia frio ali.

Senti sua respiração acelerar e então fechei meus olhos rapidamente, percebendo que ele estava acordando. Queria prolongar um pouco mais aquele colo, sabendo que talvez o clima pudesse pesar depois do que havia acontecido.

Não, não havíamos dormido juntos. Nenhum de nós estava de fato preparado para aquilo. Depois do meu sim Vicente insistiu que aquela era uma ocasião para uma boa taça de vinho, e então a noite virou madrugada em meio ao sabor doce da bebida e das risadas com as memórias do passado. Eu me sentia completamente solta e à vontade com ele, conversando sobre assuntos que jamais me imaginaria falando com outra pessoa. Era Vicente, o meu Vicente.

Depois, quando a cidade se silenciou e finalmente o álcool fez efeito, ele não contestou ao me ver roubando sua blusa para fazer de pijama. Nem o fato de que eu iria dormir ali.

Como havíamos chegado em um estado tão íntimo quanto aquele? Eu já não fazia a menor ideia. Talvez a saudade falasse mais alto durante o sono, e a saudade usasse nossa inconsciência para ter algum alívio.

- Gabs? - ele sussurrou, depositando um beijinho em minha testa que me fez suspirar. - Tá acordada?

- Me deixa dormir... - resmunguei, curiosa para saber qual seria sua atitude comigo depois de acordarmos agarrados um ao outro.

Vicente suspirou algumas vezes, começando um carinho preguiçoso em meu braço. Me deliciei com aquilo, me aconchegando ainda mais naquele calor.

- Eu nem acredito que você tá aqui comigo... pensei que nunca mais ia te ver.

Tremi.

- Eu te amo tanto, mas tanto... - ele sussurrou tão baixinho que me questionei se era real ou apenas um delírio da minha cabeça. Um arrepio percorreu meu corpo, e meu coração acelerou. - Você é tudo pra mim, mesmo quando ficou longe. Tudo o que eu faço, a pessoa que me tornei é por você. Mesmo que não me ache digno do seu amor.... não pode pedir para que eu deixe de te amar, porque é impossível.

Eu queria chorar, mas se fizesse aquilo Vicente saberia que eu havia ouvido tudo e eu lhe deveria uma resposta. Permaneci imóvel, tentando controlar toda a bagunça de sentimentos que brincavam dentro de mim, buscando organizar minha mente. Será que vali a pena lutar por nós mesmo? Daquela vez daria certo?

Com certeza amor ainda existia. E existiria por muito mais tempo.

Mas só amor não sustenta relacionamento.

Seu corpo se remexeu por baixo do meu, retirando com cuidado minha cabeça do seu peito e minha mão de seu rosto. Em segundos eu já não estava mais agarrada nele, e a coberta me envolvia até a nuca.

Ao ouvir seus passos se distanciando para a cozinha, abri meus olhos e deixei que uma lágrima caísse. Nevava forte, e as grossas nuvens mal deixavam saber que era dia. Mas eu estava ali. E daí que nevava? E daí que estava longe de casa? E daí que o mundo acontecia lá fora? Eu estava com Vicente, dentro do nosso próprio mundo, e era só aquilo que importava.

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