POV VICTOR
Quando chegamos, a praia já estava cheia. Reconheci alguns colegas de classe, mas no geral era eu, minha nova amiga e um bando de estranhos.
Estacionamos na rua perto da areia, como eu iria deixar os tênis no carro, era melhor não andar muito no asfalto. Clara propôs de ela ir descalça também, então fomos até lá.
A música estava bem alta. Estava tocando funk, e as pessoas estavam dançando, conversando, bebendo, mas como era começo de festa, não tinha ninguém bebado, ainda.
Eu era o único homem de calça, o que me fez querer surtar por não ter perguntado a Clara qual era o tipo de festa antes de me arrumar. Mas estava frio, então eu imaginei que talvez, por mais que eu fosse o único com uma roupa pouco "praiana" era o com a melhor roupa para o momento.
- CLARA! É você? - uma garota morena vem correndo em nossa direção - Eu não fazia ideia de que você tava estudando na mesma faculdade que eu! Meu Deus! Faz quanto tempo? Uns 3 anos pelo menos!
Nisso nós já estávamos andando em direção ao bar onde estavam servindo as bebidas.
- Sofia!! - minha amiga abraça a outra menina - Simm! Depois que eu saí da escola eu não soube mais de você, você tá ótima! Ah esse aqui é meu novo amigo.
Ela aponta pra mim, que dou um leve aceno de cabeça.
- E aí.
- O nome dele é Victor, e ele é bem tímido.
- Eu prefiro o termo reservado. - dou uma piscadela pra ela
- Ah não tem problema! Aqui ó.
Ela pega uma garrafa de vodka e enche dois copos pequenos.
- Assim você se solta rapidinho Victor.
Não, obrigado. Eu não preciso.
- Vamos, eu to vendo na sua cara que você não quer - Clara pega o dela e vira de uma vez - não precisa beber, da pra se divertir sem isso. Esse vai ser meu único.
- Tem gente que não sabe se divertir né... - a outra garota fala, pegando o shot que deveria ser meu
Ok, faculdade, vida nova, eu não sou mais o garoto assustado. Pego da mão dela e viro de uma vez. Dou uma piscada pra ela, um sorriso, digo um "muito obrigado" e saio dali.
Agora vamos conversar sobre bebidas, álcool. Puta merda, que negócio ruim, ando dois passos e sinto minha garganta arder, que coisa horrível. Eu já bebi em outras ocasiões, mas sou muito, repito, muito fraco pra bebida.
Então sempre que possível, eu evito beber. Depois do incidente durante o ano novo. Fiquei levemente alterado, tirei a camisa, subi na mesa, e fiz um discurso falando pra todo mundo que agora ninguém me para, e que agora sim eu iria beijar na boca. Que agora eu estava gostoso, que eu ia transar, me acabar.
Na frente da minha família inteira.
Na manhã seguinte minha irmã teve uma conversa bem séria comigo sobre como eu já era lindo antes da cirurgia e dos hormônios, e que isso de "agora sim" era uma bobagem, até porque eu sempre fui perfeito, e sempre fui um garoto. Com ou sem hormônios, com ou sem cirurgia.
Eu chorei muito com ela depois disso e agradeci por ela sempre ter me visto como eu sou.
Mas nada me preparou pra encarar minha família na manhã seguinte que eu falei que "eu era um gostoso, iria me acabar e iria transar".
Então depois dessa, estava evitando bebida, por questões de evitar constrangimento.
Quando me dei por mim, Clara já estava dançando com as outras meninas, então resolvo pegar uma garrafa de Smirnoff e procurar um lugar pra sentar.
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Constelações ⚧
RomanceVictor sempre foi um garoto solitário, nunca se sentiu aceito na escola por ser um garoto trans. Os únicos que o enxergavam como ele era, eram seus pais e sua irmã. Agora que entrou na faculdade, decide que ele vai ditar as regras. Não vai mais ser...