Capítulo 24

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POV VICTOR

- Por que você fuma?

- Por que eu fumo? - perguntei de volta

- É, quer dizer, não que seja um problema, mas por quê?

Parei pra pensar durante dois segundos. Nunca tinham me perguntado sobre cigarros antes. Quer dizer, Julia me alertava diariamente sobre os perigos a longo prazo que o cigarro me causaria, mas eu apenas a ignorava.

Agora, tendo Heitor me perguntando no mesmo banco de sempre, no meio do campus, na presença de todos os meus novos "amigos", é um pouco desconcertante.

- Não sei. - respondo dando de ombros - Como você sabe que eu fumo?

- Naquele dia na praia, quando você guardou as coisas eu vi um maço de cigarros.

- Acho que não tem razão específica. É mais pra passar o tempo, tirar um pouco do estresse. Eu sei que não faz muito bem pra saúde, - digo rindo baixo - mas não é um hábito diário.

Ele balançou a cabeça e voltou a olhar pro chão. Luisa estava conversando com Fernanda e Roger, enquanto Caio e Isabella escutavam música juntos, dividindo um fone de ouvido, todos sentados no chão na nossa frente. Clara estava encostada no meu ombro com olheiras mais profundas que as minhas, o que eu considerava impossível.

- Não sabia que você fumava. - disse ela, brincando com as mangas do casaco

- Sério? Eu tenho a impressão que sempre estou com cheiro de tabaco, por mais que eu tente ao máximo esconder dos meus pais. - falo cheirando a gola da camisa, mais por reflexo, porque não fumava já faziam dias

- Seus pais não sabem que você fuma não? - Heitor volta a perguntar

- Não. Quer dizer, eu sempre ando com um perfume na bolsa mas acho que meus pais sabem.

- Eles não deixam você fumar não? Tipo, você tem 20 anos.

- Heitor. - Luisa se intromete olhando pra ele com cara de mãe que está dando bronca em filho - Nada a ver perguntar isso, deixa o Victor.

- Mas é pra fins de estudo gata. É que Victor, - ele diz voltando sua atenção pra mim - eu já usei uma coisa ou outra, e meus coroas surtaram.

- Então, cabeça de vento. Se o que você usou era ilegal, e seus pais descobriram, não tem nada a ver com alguém fumar cigarro.

- Você implica muito comigo sabia? Continua nessa que a gente vai estar se beijando até o final no semestre.

- Ah Heitorzinho. - ela diz com um bico nos lábios e uma voz debochada - Só nos seus sonhos.

Depois que pergunto pra Clara se ela estava bem, ela me revelou estar tendo problemas pra dormir. Bom, de problemas pra dormir eu entendo muito bem. Passo grande parte das minhas noites me remexendo na cama pensando em mil coisas aleatórias.

- Alguém me fala de quem foi a ideia de chegarmos tão cedo aqui? - Isabella pergunta tirando o fone do ouvido e se virando pra cima

Todos nós nos entreolhamos e eu não fazia ideia do porque nós todos chegamos tão cedo hoje.

Me viro pra falar pra Clara que por mais que eu entenda de problemas pra dormir, não posso ajudá-la. Eu não iria recomendar que ela fumasse pra relaxar o cérebro, e eu não tomo nenhum medicamento pra isso, então, não tem muito que eu possa fazer.

Mas assim que eu abro a boca, sinto um braço me puxando e quando vejo já estou em pé na frente de Sofia que me olha durante cinco segundos e depois me puxa pra um abraço.

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