Capítulo 2 - Limbo

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Harry abriu lentamente os olhos no Limbo, o lugar era coberto de branco, desde o chão com padrões de paralelepípedo, até o teto que mais se assemelhava a uma nuvem enorme e bem condensada, sem qualquer frestas ou espaçamentos.

— Olá Mestre, vejo que finalmente acordou — Um ser bastante parecido com um dementador gigante, comentou com um leve toque de euforia.

— Morte — Harry acenou em reconhecimento — posso presumir que tudo vai como o planejado ? — Questiona Harry se erguendo do chão e se alongando, morrer foi uma experiência estranha.

— Sim, tudo está se movendo conforme seu desejo, o ministério abriu uma investigação contra a cabra velha, os Weasley's está ainda mais pobres do que costumavam, e receberam uma intimação dos Goblins exigindo que trabalhem para eles, visto que obviamente jamais conseguiram pagar tudo o que deve nessa vida, no ritmo que mantém. Em Hogwarts as aulas foram canceladas momentaneamente, por conta de seu funeral, presume-se que devem retornar por volta do dia 8. Toda a Grifinória tem condenado Ronald, Ginevra e Hermione ao ostracismo. Os professores estão depressivos por nunca terem notado ou intervindo por você, principalmente Minerva, e se posicionaram firmemente contra o diretor — O ser relatou em um timbre neutro. — Oh sim, Severus está morto.

— Snape ? Por que ? — Harry franziu as sobrancelhas.

— Ele fez um juramento de vida para protegê-lo meu senhor, com sua morte, ele não foi capaz de viver muito mais.

— Ele jurou me proteger ? O que ele tinha a ganhar com isso ? Ele era um comensal — Harry ficou ainda mais confuso.

— Deseja ver as memórias dele, Mestre ? Creio que vão esclarecer melhor seus motivos — Morte ofereceu.

— Sim — Harry assentiu.

— Muito bem — Com um movimento de mão uma névoa acinzentada surgiu e logo o filme da vida de Severus Snape se iniciou.

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Ao fim das memórias, Harry se sentou pensativo, agora as peças se encaixavam.

Severus amava sua mãe, ela era o único raio de luz em um mundo cinza monocromático. E seu pai os separou, bem, na realidade o próprio Severus o fez, mas a participação de seu pai era inegável.

Mesmo quando Lily se negou a perdoá-lo, ela ainda era tudo para Snape. Harry o viu implorar pela vida dela a Voldemort e a Dumbledore, mesmo sabendo que era improvável que ela se permitisse ser salva antes do filho ou do marido. Ele não poderia viver com si mesmo, sabendo que nem ao menos tentou. Harry o viu abraçar o corpo dela enquanto esfriava, guardando cada mísero resquício de seu calor na memória.

Harry sentiu-se envergonhado pela atitude dos Marotos, não que as de Severus fossem muito melhores, ainda assim eram quatro contra um, onde está a honra em números tão desiguais ?

O feito de Sírius no incidente da casa dos gritos o enojou, aquilo não foi uma simples pegadinha, ele quase fez de Remus um assassino, e arruinou para sempre a vida dele. Além de ter deixado Severus completamente traumatizado, ao ponto dele ainda acordar gritando depois de um pesadelo envolvendo lobisomens. E ainda assim Snape se colocou entre Lupin e o trio de ouro no terceiro ano. Harry não tinha notado o peso desse ato até rever a memória em questão.

Harry fechou os olhos e respirou fundo, não que ele precisasse, afinal está morto, e tentou organizar seus pensamentos, que insistiam em voltar para as últimas memórias de Severus de pouco antes de sua morte. A forma como seus ombros caíram, seus olhos se encheram e soluços quebrados soaram, quando ele percebeu que falhou com Harry como falhou com Lily, ele parecia tão frágil ... tão fraco ... tão desolado.

Evandrew PeverellOnde histórias criam vida. Descubra agora