01 - Solidão Diária

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21 de Junho, 2020

As vezes é difícil lidar com coisas novas, tipos novos, rotinas novas e várias outras coisas. Não estou acostumada com a vida que vou levar daqui pra frente. As vezes me sinto vazia e triste. Queria ter alguém, para conversar, dar umas risadas, se distrair um pouco. Passo a maior parte do meu dia em casa, sem ninguém, apenas eu. Isso acaba sendo cansativo, já que isso é entediante. Nunca pensei que passaria por uma pandemia em algum dia, mas quando vi a notícia no jornal, eu fiquei totalmente surpresa. Nunca imaginaria isso, uma coisa dessas.

Fora os comércios, que estão todos fechados. Somente serviços essenciais estão trabalhando, já no meu caso, estou em casa. Sou fotografa e minha área de trabalho deu um tempo, para tudo voltar ao normal mais rápido. Mas pelo que eu vejo nos noticiários, isso não vai embora nem tão cedo. Muitas pessoas morrem com essa doença, e confesso que estou até com um pouco de medo disso tudo. Medo de pegar essa doença e não sobreviver. É como se eu tivesse em The Walking Dead onde não podemos fazer nada, apenas sobreviver a essa tal coisa.

Não vejo minha família já faz uns três meses, os aeroportos estão fechados também, isso acabou me dando um certo pavor, já que não podemos nem viajar. Eu certamente não sei como vivi até aqui, e também não sei como vou sobreviver até o final disso tudo. Só sei que.. tenho que ajudar o próximo e me ajudar também, já que agora sou só eu.

Meu condomínio é bem calmo, nunca tive problema aqui, já que é um condomínio grande, isso acaba sendo um alívio e sendo um lugar tranquilo. Antes da pandemia começar, eu nunca tinha reparado em muita coisa, agora que estou sem muita coisa pra fazer e fico bastante tempo em casa, acabo observando várias coisas por aqui.

Nesse exato momento estou esperando minha amiga, April. Bom, ela disse que estava por aqui perto e que podia passar aqui em casa para conversar um pouco. Eu logo aceitei, não tinha nada pra fazer hoje, e não perderia a chance de ver uma pessoa. April acabou sendo uma grande amiga nesses últimos meses, nos conhecemos ano passado, no ano novo. Onde eu passei na casa de Teddy. A conversa rolou entre eu e a April e nós acabou criando uma amizade.

— Ou! - escuto alguém gritar e logo me assunto - estava no mundo da lua, Arizona? - quando olho para o outro lado da rua, vejo que é ela.

— Aí April! Pra que assustar? - perguntei risonha.

— Não foi intencional - veio de encontro a mim e me abraçou, me abraçou fortemente - Eu estava com saudades - me apertou mais no abraço.

— Eu também estava, mas não precisa quebrar meu ossos, Keps - falei e ela logo me soltou, soltando uma risada nervosa.

— Desculpa - sua voz saiu embargada desta vez - Estou com medo disso tudo e quando vejo uma pessoa, dá vontade de abraçar e pensar que nada disso é real - uma lágrima solitária caiu sobre sua bochecha. Eu logo coloquei minha mão sobre seu rosto limpando a lágrima.

— Oh April, eu te entendo perfeitamente, meu bem - sorri, tentando conforta-la. April não passou muito bem nesses últimos dias, ela perdeu um parente muito próximo, e a causa da morte foi esse vírus maldito - tudo vai melhorar, eu prometo! - ela assentiu e me abraçou mais uma vez. Desta vez deixei ela me apertar o quanto quisesse no abraço - vamos entrar - falei abrindo a porta atrás de mim, deixando a mesma entrar.

Ela deixou a máscara pendurada no prego que eu tinha colocado na parede e me seguiu até a sala. Tinha um álcool em gel na mesa e a mesma passou em suas mãos. Até ano passado, isso pra mim seria desnecessário, mas agora, nesse novo mundo, é bem normal esse tipo de coisa.

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