Love and hate is such a thin line

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Apertei o passo, o olhar de Lauren sobre mim era forte demais pra apenas me controlar. Era como se olhando nos olhos verdes eu pudesse ver o quanto ela estava quebrada e a hipótese de que eu a quebrei era dolorida, apesar de ser a mais provável. Suspirei, enquanto saia do corredor para como uma covarde, me trancar no banheiro feminino do Miami College. Setembro acabava, enquanto eu via o tempo passar a dor aumentava. Aquilo era tão novo e cansativo, e eu já não tinha escapatória.

Senti meu corpo relaxar quando me tranquei em uma daquelas pequenas cabines, o banheiro grande e elegante com ladrinhos brancos límpidos nas paredes e o chão imitando porcelana, impecável. Sentei no vaso, subindo minhas pernas e abraçando-me contra as mesmas. Ellie invadiu meu pensamento, maldito foi o dia que eu conheci essa garota.

Ellie Sulkin, uma garota perfeita com olhos azuis, dentes brancos e bochechas rosadas. O corpo esculpido e a voz meiga, tudo escondendo o que eu agora conhecia.

Nunca foi certo me envolver com alguém mais velho, visto que Lauren tem 23 anos e eu, bem, 17. Não é muita diferença, certo? Mas tudo é tão errado e julgado. E esse, é só um mísero detalhe perto do fato de que ela é minha professora.

Eu conheci Lauren em fevereiro, e eu estava tão animada para bem, estudar. O fato de que eu veria Dinah todo dia estava me deixando assim. Ela era uma professora linda, encantadora e rude. Era totalmente amável. Nas primeiras semanas morder o lábio ao olhar pra ela, ou batucar os dedos na mesa era parte da rotina. Ela nunca falou comigo, antes das férias, de qualquer maneira. Após julho virou rotina ter a sua perna colada sobre a minha, e por deus, eu achava que aquele seria nosso contato mais próximo. Quando ela me beijou, numa feira de livros, eu senti algo como fogos de artifício dentro de mim. Então eu quis me livrar dela, e acabei puxando Ellie para nossa vida. E foi o meu erro.

A porta do banheiro, amarelo pastel, parecia a coisa mais interessante do momento. Tantos pensamentos inundavam minha mente, que eu parecia não poder controla-los. Era doloroso, era surpreendente. Eu esperava pelo menos, até sete horas, onde eu seguiria para sala, e como só tenho aula com Lauren após o intervalo poderia não a ver por três tempos. E depois teria mais três na mesma sala que ela. Nem tudo é bom.

Um guincho soou pelo banheiro, e eu sabia que eu já não estava mais sozinha.

Um passo, Dois passos, Três Passos.

Os saltos batiam no chão, e eu podia imaginar a dona daqueles passos. Com sutileza abri uma brecha na porta, apenas para ver Lauren frente ao grande espelho. Ela olhava seu reflexo, e pude perceber o quão linda ela parecia. Calças jeans brancas, blusa reglan azul e branca e saltos pretos. Sorri, segurando a porta para que ela não se abrisse mais. Lauren mexeu em seus cabelos escuros e virou seu corpo, saindo. E agora era só eu e meus pensamentos, tudo de novo.

Três minutos, era todo o tempo que faltava então eu iria para aula. Esperei os 180 segundos passarem, se arrastando, então me pus de pé e caminhei, com pernas bambas até a aula.

Parada no batente da porta avistei Normani e corri para ela. A mais velha tinha olheiras, além de seus olhos castanhos estarem vermelhos. Eu me sentia culpada porque se não fosse por mim ela estaria com a sua namorada. Eu e ela entramos juntas, sentando na parte de trás da sala, como quase nunca antes. Nós conversamos sobre coisas banais, para fugir da realidade, porque a mesma era ruim demais para pensar sobre. A aula, por sorte, passou rapidamente e estávamos no intervalo. Dinah, provavelmente estava com outra das meninas de sua turma, já que Normani entendia a situação mas parecia doloroso para ela olhar para a loira. Fiquei com a morena, o tempo todo ouvindo músicas pelo meu iPod, quietas. Just hold on começou a tocar, enquanto eu batia meus dedos nas coxas de Normani, conseguindo tirar um sorriso dela. Eu queria que o tempo passasse rápido, passar algum tempo com Lauren agora era doloroso, mesmo sem nenhum contato, mas nem tudo que queremos acontece, de fato. Eu e Normani andávamos de volta para sala, sentando no meu local, ela apertava a minha mão como que para passar força. Lauren entrou na sala, ela estava sorrindo ironicamente e eu não queria entender o porque. Seguiu até o quadro, sua letra perfeita em uma palavra "Ética"

"Bem, nossa matéria já está quase acabando e só temos mais dois ou três módulos, que se eu desse agora seriam esquecidos para grande prova" Vários alunos concordavam, balançando a cabeça, mas eu estava imóvel. "Então vamos entrar em um tópico mais.. Filosófico hoje. Na minha primeira aula de Filosofia, eu vi Ética, e hoje discutiremos abertamente sobre ética, e falta dela." Ela terminou seu discurso, voltando ao quadro e escrevendo: "Ética:" "Falta de Ética:"

Lauren se virou para turma, perguntando para Amber o que, para ela, era falta de ética. O ciúmes comum invadiu meu corpo e eu não sabia se eu tinha o direito de ter tal sentimento. "Falta de Ética é falsidade" a loira respondeu, então ela passou a pergunta por toda turma e parou antes que eu pudesse responder. Charli, uma menina de cabelos pretos e enrolados que sempre sentava na fileira B ousou levantar a mão, e Lauren a deu a palavra.

"Professora, para você, o que é falta de Ética?" Lauren sorriu, como se já esperasse que fossem a perguntar.

"Hm, veremos, traição. E, Bisbilhotar. Você pode achar que não foi notada, mas bisbilhotar é com certeza falta de ética." E eu sabia, naquela hora, que Lauren capturou meu olhar sobre ela, no banheiro. Corei violentamente, virando para o meu caderno. Estendi a mão, depois de copiar todo conteúdo do quadro.

"Karla?" ela perguntou, me dando a palavra.

"Poderia ir ao banheiro, por favor?" perguntei, o mais gentil possível. Ela concedeu, e logo entrei no lugar, lavando meu rosto e respirando fundo. Que droga!

Sentei sobre a bancada, torcendo para que ninguém entrasse ali e eu não levasse uma bronca. A porta abriu. Olhos verdes encontraram os meus e me quis fugir dali, mas algo me prendia. Lauren andou até mim, lentamente, me esforcei para conter o amor que tinha nas minhas veias, senti tudo paralisando e o espaço do banheiro escolar ficar pequeno. Antes de qualquer coisa acontecer a porta se mexeu, e Lauren correu para dentro de uma das cabines. Sorri para garota que eu achava ser do primeiro ano, ela sorriu de lado e lavou as mãos antes de deixar o banheiro. Pulei no chão, entrando na mesma cabine que Lauren estava. Ela me olhava rindo, e eu sentia saudades do seu sorriso. Seu corpo pressionava o meu nos ladrilhos de forma que eu não lembrasse de nada a não ser nós duas. Suas mãos que eu conhecia tão bem o toque seguiu para o meu quadril, apertando. Eu me sentia quente, pressionando mais forte meu corpo contra o dela, sentindo o seu corpo que eu não sentia fazia tempo. Sua boca não tardou a colar na minha, me deixando sentir o gosto de menta novamente, e então percebi o quão necessitada eu estava de Lauren. Agarrei sua cintura, me colando mais, quase fundindo nossos corpos, a deixando me sentir o máximo que podíamos ali. Eu decidi, que aquele seria nosso segredo. Eu mordi seu lábio inferior, Lauren deslizava as mãos pelo comprimento das minhas costas e apesar daquilo não ser novo, ainda era intoxicante, ainda era viciante. Nada era melhor do que o seu toque ou beijo. Lauren parecia ter esquecido Ellie tanto quanto eu, ou entendido o porque de eu estar com a garota loira, e só me beijava com volúpia. A verdade veio à tona, eu não podia parar quando estava me aproximando. Lauren continuava me beijando, eu perdi a noção de tempo. Eu tinha certeza de que se ela pudesse sentir meu pulso agora, seria como uma marreta, cada centímetro da minha pele estava quente. Lauren descolou seus lábios vermelhos dos meus, suas mãos ainda sobre mim.

"Camila?" Ela perguntou, e foi a primeira vez que ela me chamou por Camila.

"Hm?" Perguntei, interessada e com medo ao mesmo tempo.

"Eu posso me iludir com você mais vezes?" sua voz me mostrava que aquele beijo não mudava muito, ela continuava magoada, eu não podia a julgar. Tudo que eu sentia por Lauren estava pulsando dentro de mim e eu não conseguia colocar para fora, ela correu para fora antes de eu poder explicar que não era ilusão.

Voltei para sala, os olhos e a boca vermelhos. Lauren parecia mais abatida que eu, e só sentei na minha mesa e esperei poder sentir seus lábios todos os dias, sem nenhum obstáculo entre nós, mas parecia impossível.

Demon teacher (SOB EDIÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora