Capítulo 3 - entre o oculto

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Liv Tyrson

Todas as vezes que o loiro nos visitava era tão cruel ao ponto de me fazer chorar uma das vezes. Dizia coisas horríveis de minha falecida mãe e não dava a mínima para o meu povo.

Nada parecia ser o bastante para a sua vaidade, ele tinha seu povo mas escolheu midgardianos, Tinha seu trono, mas se recusava a ser rei... como eu seria suficiente?

Eu nem duvidaria que, se não fôssemos casar, ele tentaria invadir Vanaheim também.

Quando se cria um laço afetivo com alguém, deposita a sua confiança na pessoa e espera que ela não lhe magoe. É como deixar uma adaga embaixo do travesseiro enquanto dorme com o inimigo e esperar não acordar com ela cravada no crânio.

(...)

Na manhã do dia seguinte, eu não tinha mais nenhuma disposição em mim mesma para continuar aquilo, e era apenas o segundo dia.

No dia anterior tinha passado o restante do tempo em meu quarto, com a desculpa de que "estava cansada da viagem", que não havia durado sequer alguns minutos.

Poderia reclamar de tudo e de todos, mas as camas do palácio eram tão confortáveis que eu poderia dormir como Odin e mais um pouco.

Assustei-me quando me deparei com três curiosos olhos me fitando intensamente. Minhas três novas criadas estavam me esperando acordar, enquanto me encaravam, me observando a dormir.

一 Por favor, não fiquem me olhando assim enquanto durmo, é aterrorizante 一afirmei forçando a vista embaçada, para que se tornasse limpa.

一 Dormiu bem, princesa? 一perguntou Kadudh.

Sua pele era negra, num tom de marrom cobre, possuía uma beleza impressionante. Seus olhos eram verdes como as grandes florestas das fadas e sua boca tinha um contorno de invejar qualquer um. Nunca colocaria um batom se fosse ela, não iria esconder o desenho que parecia feito a lápis.

一 Se eu pudesse, nem sairia dos lençóis hoje, com certeza 一sorri, deixando os lençóis caírem sobre a cama e minha pele ficar exposta.

Por algum motivo, elas cobriram o rosto ou desviaram o olhar, como se eu fosse horripilante. Seus rostos se tornaram um vermelho forte, possivelmente o mais forte que já tivera visto.

一 Perdão, princesa 一franzi o cenho, sem compreender o porquê de todo aquele espanto.

Era apenas pele, um corpo nu e não imaginava porque alguém se escandalizava tanto por aquilo.

一 Eu que peço perdão 一afirmei enquanto me enrolavam num tecido de cetim一 Às vezes esqueço-me como seus costumes são diferentes dos meus.

Elas riram baixinho, me fazendo sorrir também.

Os Vanir não têm vergonha de seu próprio corpo, é algo tão natural como o nascer do dia ou o pôr do sol. Mas Asgardianos eram um povo cheio de um moralismos e eu tinha que me lembrar bem disso para não ferir suas tradições.

一 Sabem dizer se o príncipe já acordou? 一questionei, intercalando os olhares entre elas.

Leya, minha segunda serva, negou.

Leya tinha cabelos curtos e vermelhos, o que indicava que não era daqui, talvez fosse prisioneira de guerra ou algo do tipo.

一 O príncipe costuma demorar um pouco mais, alteza. Ele fica até tarde na Bifrost conversando com Heimdall e por isso demora um pouco a despertar de seu sono. 一declarou ela com a voz doce.

Dyu, minha terceira, e última criada, apenas sinalizou que meu banho estava pronto e eu fui levada até a banheira de mármore, que não surpreendentemente, tinha detalhes dourados nas bordas.

LIV - Brilho do solOnde histórias criam vida. Descubra agora