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Liv Tyrson
Depois de tanta humilhação, eu voltei para o meu quarto e observei da varanda o reino lá fora. Aquela era a minha verdadeira vocação, eu lideraria aquele povo custe o que custar, eu tinha literalmente nascido para isso. O preço que fosse necessário, eu pagaria, por eles. E eu não me importava se não existia nenhuma rainha bruxa antes de mim, passaria a existir. Eu aguentaria tudo com um sorriso no rosto, mesmo que aquilo estivesse me matando por dentro, como estava.
Eu não entendia o porquê de ter ficado tão chateada, quer dizer, eu ja sabia o que iria acontecer no final, então... por que eu permiti? Por que eu me deixei levar por todas aquelas demonstrações carinhosas de afeto? Eu conhecia Thor desde a infância, ele sempre foi cruel comigo e quando eu cheguei ao palácio tinha a consciência de para nunca esquecer o que ele me fez a vida toda, mas eu esqueci. Esqueci e me perdi, sem mais conseguir distinguir o que era real e o que era só imaginação minha. No final das contas ele sempre me deixaria em segundo plano.
Mas e o que tinha sido verdade? Onde os meus sentimentos ficavam? Numa caixinha guardada embaixo da cama?
― Liv ―pai chamou, entrando no meu quarto devagar― Você está ai?
― Sim, meu pai, estou aqui ―respondi, abraçando meu próprio corpo pela brisa gélida que soprava e parecia trazer consigo todos as minhas assombrações mais reais.
Aos poucos as nuvens foram tomando conta e cobrindo as estrelas mais brilhantes, não demorou mais para que chuva tomasse conta do céu lá fora e uma tempestade se iniciasse. Os raios cortavam o reino e parecia que a fúria de alguém tinha recaído sobre nós. Tudo aquilo era um maldito de um mal presságio, o noivado, os elfos, a chuva... Não poderia ser pior. Eu só poderia ser realmente a aberração que Erick tanto afirmava e ter irritado muito algum deus com meu nascimento, qual seria o outro motivo para toda a minha vida ser daquela forma? Eu ganhava uma luta e perdia a batalha.
― Você tá bem? ―perguntou, entretanto, me mantinha tão absorta em meus pensamentos que não o ouvi.
Quando as coisas iriam melhorar? A minha cabeça estava a mil, sussurrando, gritando, passando por informações avulsas e por flashbacks da noite, tudo ao mesmo tempo. Eu só queria o silêncio, queria que aquilo tudo parasse. Eu não queria ser frágil.
― Hey? ―meu pai chamou.
Me virei para encará-lo, reconhecendo-o, naquele momento, como meu porto seguro. Onde eu já não precisava mais ser durona e manter a minha pose de rainha. Um sorriso triste brotou em meu rosto, pois eu sabia que eu já não o teria mais diariamente e todo mundo precisa de um lugar seguro para se manter abrigado de vez enquanto. Agora ele teria uma esposa, que provavelmente lhe daria mais filhos, ele teria mais para se preocupar do que com sua filha idiota e inútil.
No fim, eu talvez não estivesse realmente triste, só... Exausta.
― Hm? ―perguntei, forçando um sorriso para não parecer triste, ou que não estava prestando atenção.
― Eu perguntei se estava bem ―repetiu.
― Eu tô ótima ―merda! Eu estava chorando.
Senti o choro engalfinhando-se em minha garganta, como se caso eu não chorasse, eu asfixiaria até a morte, morrendo afogada com minhas próprias lágrimas. Era tão mais fácil me esconder por trás de todos meus muros, não demonstrar ter medos ou fraquezas, não demonstrar amar nada ou ter qualquer vulnerabilidade. Mas ali eu podia, certo? Era o meu pai, estávamos longe de todos.
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LIV - Brilho do sol
FanfictionO apocalipse do reino de Asgard, conhecido como Ragnarok, seria um momento de pleno caos, em que a deusa da morte retornaria com seu exército que escaparia do mundo subterrâneo. Uma guerra emergeria e o fogo tomaria conta da Árvore do Mundo. Ao fim...