Capítulo 11 - Negociando Com o Diabo

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Liv Tyrson

┊ ┊ ┊ ˚✧ THOR NÃO HAVIA tocado mais no assunto, dizendo: "conversamos quando estivermos no palácio". Ele não precisava me explicar para que eu entendesse o seu receio de possíveis elfos negros terem chegado junto conosco e acabarem ouvindo nossa conversa, mas não, não havia ninguém ali. Nenhuma alma viva ou morta além dele e dos guerreiros que faziam barulhos altos e irritantes enquanto conversavam.

Adiantei o passo, acompanhando os soldados que me receberam com mais algazarra. Sorri para eles, porque andar com eles - mesmo com todo aquele ruído - eram melhor do que caminhar ao lado de Thor. No canto direito, sozinho, com a mão sobre o pomo de sua espada, Sor. Magnus seguia isolado e calado. Ele olhou para mim e eu esbocei algo como um sorriso, em agradecimento por ter lutado por mim mais cedo. Vi algo, como uma espécie de sorriso também, surgir minimamente no rosto meio bruto e rabugento dele, mas então ele apenas fez um aceno sutil de cabeça como se dissesse "não foi nada".

Já no palácio, segui na direção do meu quarto e pedi as minhas servas que cuidassem de Leya, que estava infinitamente mais machucada do que eu. Subindo as escadas que davam acesso ao meu corredor, e prestes a passar pela porta, uma mão rodeou meu pulso e o segurou fortemente. Imediatamente meu punho se fechou e antes que eu pudesse verificar quem era, ele já estava se chocando contra o rosto de Thor, que pendeu para trás, abrindo a porta do quarto meio que sem querer quando cambaleou para trás e esbarrou nela.

Não me contive, não que eu tivesse tentado me conter, gargalhei alto vendo-o com a mão no queixo que eu havia acertado. Tanto tempo planejando bater nele, para acontecer dessa maneira.

―Puta que... ―mexelu o queixo e fazendo uma careta de dor. Revirei os olhos sem ligar muito e entrei nos meus aposentos, ele ficaria bem ― Acho que você quebrou.

Não respondi, ele fazia muito drama. E não, não estava quebrado porque primeiro: a minha mão também saberia dessa informação; e segundo: ele estava mexendo, o que seria impossível se estivesse quebrado realmente. A água da banheira estava aquecida, o que significava que Kadudh e Dyu sabiam que eu estava voltando.

Agradeci aos deuses por isso, eu precisaria mesmo de um banho.

― Como você é desse tamanho... ―ele estreitou os dedos na minha direção― ...Mas consegue bater tão forte ainda é um mistério para mim ―o loiro andou até minha penteadeira e se abaixou para encarar-se no espelho, virando um pouco pro lado.

O seu "mistério" seria resolvido facilmente se ele juntasse os pontos e lembrasse-se que eu era a filha do deus da guerra.

― Vai ficar roxo ―suspirei fundo, prestes a perder a paciência― Dá um beijinho para sarar agora ―ele fez um biquinho e arrancou de mim qualquer serenidade.

― Pelo amor de todos os deuses, vivos ou mortos, juntos, o que você quer? ―me virei para encará-lo finalmente, ele ergueu um canto da boca, deleitando-se em minha perturbação.

Por isso Loki não o suportava.

― Sabe, a profissão mais importante de todo o reino talvez seja a de Heimdall ―franzi o cenho com aquilo. O que deu nele?― A função dele é alertar Odin de qualquer suposta ameaça ao reino. E veja bem, isso fica fácil de se fazer quando tem um poder como o dele, de ver tudo, a todo momento, em todos os lugares.

― Thor, vai embora. Já extrapolou a cota de loucuras por hoje ―Fiz menção de abrir a porta, mas ele me impediu, apoiando sua mão na madeira e a empurrando devagar até se fechar novamente.

LIV - Brilho do solOnde histórias criam vida. Descubra agora