Capítulo 2
Eu não sei quando começou aquele pesadelo estranho, mas sei que terminou quando eu acordei suado e assustado. Pisquei meus olhos algumas vezes antes de perceber que não estava mais sonhando. Não tenho culpa de ainda confundir sonho com realidade, não quando parecia tão real. Aqueles olhos vermelhos olhando para mim como se quisessem me dominar e sua voz rasgada me chamava como se eu pertencesse a ele. E tinha a cobra, a enorme cobra que se enrolou em meu corpo e me apertou. Ainda lembro de sua boca aberta e seus dentes amostra. Ela tentou me morder e então eu acordei.
Meu camisão estava ensopado de suor e meus cabelos estavam grudados em minha testa. Separei-os e os coloquei para trás de minha orelha antes de sair da cama. Quase cai, minhas pernas estavam fracas e meus pés quase não agüentaram meu peso. Eu respirei fundo e tentei andar, doeu um pouco, mas consegui tatear no escuro até a bacia com água no pé da cama e pude finalmente lavar meu rosto. O contato de minha pele quente com a água fria me fez tremer.
Tirei meu camisão e o deixei no chão, meu corpo tremeu mais com o vento frio batendo nele. Eu não conseguia ver nada e acabei derrubando a bacia no chão. Me assustei, por algum motivo temi que alguém me visse sentado no canto da cama tremendo de frio. A luz acendeu machucando meus olhos e iluminando o que parecia ser uma enfermaria. Aos poucos consegui suportar manter meus olhos abertos e vi quando a mulher magra vestindo uma roupa estranha se aproximou. Ela se abaixou e colocou uma mão em meu ombro gentilmente. Seus olhos eram preocupados e sua voz gentil.
- Está tudo bem, Severus, está tudo bem. Eu vou cuidar de você. Por Merlin, você está queimando de febre. - Disse com uma mão em minha testa. - Precisa baixar sua temperatura logo. Consegue se levantar?
A pergunta era simples, mas ainda assim demorei para responder. Depois de alguns minutos eu assenti com a cabeça e senti suas mãos geladas apoiarem meu braço e me puxarem para cima.
- Madame Pomfrey? - Chamou uma voz diferente atrás de mim, era quase infantil, provavelmente um jovem. - Está tudo bem?
- Sim, senhor Potter. Volte para sua cama.
Eu ainda tremia e não conseguia andar direito, pelo que via o banheiro era próximo, mas eu estava demorando demais para chegar até lá, era como se fosse praticamente impossível atingir esse objetivo. Meu corpo parecia ter vontade própria e tentou ir sozinho ao banheiro, mas meu corpo é extremamente pesado e nós quase caímos, antes que eu tocasse o chão um outro par de mãos me ajudou a ficar de pé. Quando olhei eu não consegui acreditar no que vi. O menino que estava dormindo na cama ao meu lado estava agora segurando um dos meus braços e me olhando com certa apreensão. Mas ainda que estivesse repleto de medo os olhos dele eram lindos, verdes como lindas esmeraldas recém descobertas. Eram profundos e hipnotizastes. Fiquei olhando para dentro daqueles olhos até que o menino os desviou corando um pouco na maçãs do rosto.
- Me ajude a levá-lo ao banheiro, senhor Potter, preciso colocá-lo na banheira com água fria.
Com um pouco de dificuldade nós três chegamos ao banheiro, minha cabeça já estava explodindo de dor e eu estava morrendo de frio. O toque da mão do menino, ainda que macio, era extremamente gelado como se uma estalactite penetrasse minha pele com uma lentidão cruel.
- Senhor Potter, segure o professor Snape por um momento enquanto eu encho a banheira.
- Sim, senhora.
A mulher se desvencilhou de meus braços e se distanciou. O menino ainda segurava meu braço, mas me olhava como se tivesse medo de estar ali, como se esperasse que a qualquer momento eu fosse brigar com ele por estar próximo demais.
Será que eu era um monstro?
Fiquei me perguntando isso até que senti minha cabeça rodar e meu corpo amolecer. Eu ia cair, ia me desligar desse mundo de novo, ia desmaiar.
Eu não queria
- Professor?
Ele chamou e eu sabia que era para mim, mas não pude responder, pois já estava caindo. Sendo apenas um menino magricela ele não conseguiu aguentar o peso do meu corpo e fomos juntos ao chão. Minha mente tentava se desligar e eu tentava ficar acordado. Ele me chamava e tentava me tirar de cima dele e cada contato de sua mão em meu corpo seminu era como uma descarga elétrica.
- Vamos, senhor Potter, o coloque na banheira antes que ele entre em choque.
Devagar e com um pouco de dificuldade os dois me colocaram em uma banheira com gelo. Era torturante, parecia que mil facas eram enfiadas lentamente em cada milímetro do meu corpo. Eu mal conseguia respirar, era como se o gelo comprimisse meu peito amassando meu coração, eu tinha que lutar para respirar, mas o gelo me impedia, era um obstáculo, eu precisava me concentrar na respiração e esquecer a dor latejante na minha cabeça.
Abracei meus joelhos e esperei que meus dentes parassem de bater e meu corpo de tremer.
- Eu vou falar com o diretor, pode ficar de olho nele, senhor Potter? Temo que ele acabe perdendo a consciência.
- Sim, senhora.
Mesmo não olhando eu sabia quando ela já estava fora da sala, seus passos eram pesados e o barulho cessou quando ela fechou a porta. Fiquei parado sentindo meu corpo adormecer em meio ao gelo. Minha testa estava apoiada nos meus joelhos e meus olhos estavam quase fechados. O menino se mexeu um pouco me fazendo olhar para ele por entre a fresta de meu braço. Estava sentado em uma cadeira dura, sentado com os pés cruzados, vestia o mesmo tipo de camisolão que eu e parecia meio abatido.
- Como se chama? - Perguntei tentando conversar com meu acompanhante.
Ele me olhou assustado, surpreso, seus olhos verdes estavam arregalados e olhavam de mim para a porta querendo que alguém aparecesse para salvá-lo
- Como você se chama? – Repeti.
- Harry Potter. - Sua voz falhou ao responder.
- Harry Potter, bonito nome. – Respondi tremendo.
Tentei dar um sorriso, mas acho que acabei fazendo uma careta. Meus olhos pesaram novamente e escondi meu rosto nos braços tentando respirar. Mais uma vez eu desmaiei com um nome em minha mente, dessa vez não era o meu e sim o do menino ao meu lado.
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Conhecendo o desconhecido (Snarry)
RomanceA guerra acabou e Voldemort morreu. O mundo bruxo poderia voltar ao normal, menos para Snape que acorda na ala hospitalar sem memória e sem magia, em uma maca ao lado de Harry Potter. Agora Harry tentará ajudá-lo a ter sua memória de volta, mas a a...