Capítulo 15

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Pov Harry Potter

O sol estava a pino no céu sem nuvens. Era um dia quente e sem vento. As árvores do bosque próximo a casa estavam calmas, sem um único balançar de folha. Naquele momento de extremo calor recordei uma prazerosa tarde de chuva que passei em casa naquela mesma semana. Um sorriso travesso apareceu em meu rosto e por um momento me distrai de meus deveres.

- Harry!

Abri os olhos e me deparei com um Snape bravo e suado me fuzilando com seus negros olhos.

- Já é a quarta vez que perdemos a conexão de magia

- Me desculpe – Pedi entendendo, ao ver o pedido de ajuda em seus olhos, que aquilo era importante para ele – É que está tão calor que eu me lembrei do sábado passado. Aquele dia que choveu e ficamos em casa sem nada para fazer exceto ficarmos juntos.

Snape não falou nada e não olhou para mim, eu sabia o que ele estava fazendo, venho ouvindo seus resmungos e justificativas sem fundamentos desde o dia que fui buscá-lo no mundo trouxa. Mas eu não ia permitir.

- Você se lembra, não lembra? – Perguntei acariciando sua mão delicadamente – Se lembra de como foi gostoso? Eu sei que nós só ficamos juntos abraçados conversando, mas foi tão bom, tão bom Severus.

Sem que ele permitisse, sem que sequer percebesse meu rápido movimento encurtei o espaço entre nós e colei meus lábios aos dele. Desde aquele dia no mundo trouxa eu não o tinha mais beijado e sentia cada vez mais uma fome incontrolável me consumir. Eu o queria, mais agora do que nunca. Eu precisava dele e sabia que ele precisava de mim.

Meus lábios mexiam-se com desenvoltura nos dele, pareciam estar onde pertenciam, em Severus.

- Espera – Ele ofegou entre um beijo e outro – Harry, por favor – Minhas mãos começavam a desabotoar seu casaco quando ele me parou – Não Harry

- Por que não? Eu quero e sei que você também quer

- Não posso. Vamos continuar com os exercícios.

- Que se dane os exercícios! – Gritei sentando em seu colo e puxando de leve seus negros cabelos. Eu ofegava olhando desesperado para os olhos dele. Mas eu não encontrei ali o fogo que eu esperava, o carinho que desejava – O que...?

- Que se dane os exercícios? – Perguntou segurando meus pulsos e me afastando lentamente – Você por um acaso sabe o que é perder a magia?

- Não, mas eu...

- Sabe o que é se sentir totalmente perdido e fora de lugar? Se sentir invadindo um espaço, um mundo que não lhe pertence mais?

- Eu...

- Se para você esses exercícios não significam nada, então não tenho mais o que fazer aqui.

E levantou me derrubando no chão. Senti minhas costas nuas, pois tirei a camisa de tanto calor, bater no chão duro do jardim, assim como também senti os arranhões em meu ombro e braço, mas eu não ligava, eu não estava nem aí para qualquer machucado que eu venha a sofrer. Eu ligava era para o homem que adentrava a cozinha.

- Severus – Chamei quando entrei na cozinha, segundos depois. Ele não estava mais ali – Severus?

Um aperto no coração era o que eu sentia enquanto olhava para o cômodo vazio, mas um mínimo ruído no andar de cima me fez disparar para o último quarto.

- O que está fazendo? – Perguntei ao entrar no antigo quarto de Dumbledore e vê-lo tirando suas vestes do armário

- O que acha que estou fazendo? Estou indo embora e dessa vez peço que não vá atrás de mim

- Mas e nós?

- Harry – Ele chamou baixinho sem olhar para mim – Você sabe tão bem quanto eu que não existe "nós" nessa história, que nunca vai existir

- De novo essa história? Você vai me dizer novamente que não há a mínima possibilidade de ficarmos juntos. Que você vai sumir em breve?

- É a pura verdade Harry, eu não sou Severus Snape, eu sou uma sombra dele, alguém que não existe, alguém que vai embora quando ele voltar

- Quantas vezes terei que repetir? - Gritei avançando para ele e batendo com todas as forças em seu peito derrubando-o na cama e novamente me vi sentado em cima dele enquanto o batia – Você é ele e ele é você. Você só é assim porque não se lembra do que aconteceu com você, das coisas horríveis que teve que passar e por mais que eu deseje que você tenha sua magia de volta. Deus sabe o quanto eu desejo que você não se lembre

Somente quando parei de falar pude perceber que havia lágrimas escorrendo por meu rosto e ensopando meu peito nu. Minhas mãos novamente agarravam os cabelos dele. Estávamos tão perto que eu podia ver através dos olhos dele, eu podia ver a alma dele. E ela sofria

- Por que...

- Porque eu te amo – Confessei sentindo um grande peso sair das minhas costas – Eu o amo Severus Snape, amo seus olhos profundos e infelizmente vazios, amo sua voz arrastada e perigosamente baixa, amo sua ironia ferina e seu sarcasmo irritante, amo essa força que você exala e como faz eu me sentir seguro. Por mais que eu tenha errado com você no meu quinto ano, eu jamais te deixei, eu sempre te amei, sempre te esperei. E independente de quem seja, independente de qual personalidade você tenha eu continuarei te amando, amando-o por inteiro. Será que é tão difícil entender que eu não consigo viver com a ideia de estar longe de você? Pela última vez eu vou dizer e quero que preste atenção. Você e ele são Severus Snape e eu amo Severus Snape.

Eu não dei tempo para ele responder, sem nenhum pudor o beijei, como se jamais fosse beijar aquela boca de novo. Depositei naquele ato todo o significado de minhas palavras

As lágrimas misturavam-se aos nossos beijos deixando-os mais gostosos, mais saborosos, um toque salgado em meio ao doce sabor da língua dele que devorava a minha.

Eu me perdi do mundo, me desliguei da vida, minha realidade era o homem que me segurava com as mãos firmes em minha cintura e beijava ardentemente meus lábios.

Só me lembrei de respirar quando ele se afastou lentamente me deixando ofegante e desejoso por mais beijos. A boca fina dele estava entreaberta e levemente inchada, seus olhos ardiam com a luxúria e eu senti um arrepio ao ouvir sua voz trêmula.

- Agora você vai me ouvir

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora