Capítulo 11

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Capítulo 11

Severus Snape

Os raios de sol já atingiram meus olhos tingindo meu sonho de vermelho. O cansaço mental me obrigava a permanecer deitado e de olhos fechados. Mas meu subconsciente me dizia que eu deveria acordar, que eu precisava levantar, seja por costume ou vontade eu me levantei.

Somente após meus olhos se acostumarem com a claridade que eu pude ver o quão bonito era o quarto onde eu estava. Sem nenhuma dificuldade identifiquei Dumbledore quando jovem no quadro acima da grande e confortável cama onde eu dormira, não era difícil identificar seus olhos azuis, jamais vi uma tonalidade daquela. Esfreguei meu rosto com as mãos tentando afastar meu sono e me dirigi para o banheiro já me preparando para relaxar o corpo em uma gostosa banheira cheia de espuma.

Quando sai encontrei o quarto já arrumado provavelmente por algum elfo que permanecia na casa, mas em cima da cama, ao lado das minhas roupas havia um bilhete dobrado com letras grandes e garranchadas.

"Não quis acordá-lo

O senhor precisava descansar

Quando estiver pronto estarei

Esperando no jardim

HP"

Dobrei o papel guardando-o junto com alguns livros que eu havia levado. Livros já devidamente guardados em uma estante no canto esquerdo do quarto. As roupas que estavam em cima da cama não eram minhas vestes habituais, as roupas negras que eu estava tão acostumado a sentir em meu corpo. Ao contrário, em cima da cama tinha uma calça social preta, um sapato novo que chegava a brilhar de tão lustroso e uma camiseta de manga comprida e um corte em V na gola. Ela era branca e justa em meu corpo. Surpreendentemente eu gostei, achei perfeito o contraste da cor branca com meus cabelos negros que caiam molhados em meu pescoço deixando um rastro molhado que ia até meu peito.

Talvez um dos grandes motivos de eu gostar de ter me vestido daquela forma seja porque minha imagem refletida no espelho tenha sido bem aceita pelos meus olhos, eu estava diferente, mais leve, aparentemente mais jovem, eu estava bonito. Mas um outro motivo, igualmente forte, era o rapaz sentado no jardim da casa limpando as cerdas de sua vassoura.

O sonho que eu tive essa noite só fez aumentar dentro de mim, a vontade que venho sentindo desde o dia em que abri meus olhos e o vi na ala hospitalar de Hogwarts. O que eu sentia era estranho, eu não sabia o que era e até hoje não sei ainda. É como se eu sentisse necessidade de estar com ele, de tocá-lo, de senti-lo. Era uma falta que eu não entendia. E olhando-o ali sozinho, sentado no jardim era como se ele estivesse me quando estou sozinho eu me sinto incompleto, como se algum dia eu tivesse perdido algo muito importante chamando, e eu não sei ainda porque sinto essa vontade, mas, eu só me sentia melhor quando nós dois estávamos no mesmo lugar, mesmo que por breves momentos, era como se fosse certo.

A dor em meu peito aumentou de tal forma que decidi descer logo de uma vez, antes que ficasse louco, apesar de saber estar agindo irracionalmente eu precisava falar com ele, vê-lo pelo menos. Com o pensamento de que aquilo era apenas um sentimento espontâneo pelo meu estado desmemoriado eu desci as escadas e me dirigi até o jardim. Quando ia abrir a porta que dava acesso ao lado de fora, quando eu ia sentir os raios de sol em minha pele ele entrou quase me derrubando ao trombar comigo no batente da porta.

- Mas o que...? – Eu comecei a perguntar já pronto para brigar com ele, mas não pude continuar ao olhar para seu rosto sujo e seus olhos verdes brilhantes, eu simplesmente não pude.

- Desculpe professor – Ele começou a dizer – Eu não sabia que o senhor tinha levantado. Eu estava lá fora consertando minha vassoura. Eu ia... hummm... está com fome?

Ele mudou de assunto com rapidez, mas percebi suas bochechas ficando cada vez mais vermelhas como se aquela situação o deixasse tímido e sem jeito. Seu ruborizar era encantador para mim e tive que me controlar ao máximo para não acariciar aquela região vermelha.

- Não estou com fome – Tentei desvencilhar meus olhos de suas bochechas – Obrigado.

O sorriso que até então estava em sua bela face aos poucos sumiu dando lugar à um despontamento doloroso. Parecia que Harry preparara alguma coisa que eu deveria querer e agora ele parecia uma criança que dera um presente para os pais e esses rejeitaram sua humildade.

- Ainda assim – Ele disse se afastando de mim e indo em direção ao fogão antigo – Tem pão no forno e suco na geladeira.

Eu não disse nada, apenas o observei se afastar cada vez mais, o vi ir em direção as escadas e parar no primeiro degrau e vi sua cabeça virar alguns poucos graus em minha direção, mas logo ele olhou para frente e subiu as escadas até o quarto que ele estava ocupando. A vontade que eu senti de segui-lo foi grande, mas me controlei e a expulsei, guardando-a no fundo das minhas vontades, eu não podia agir assim.

Alguns minutos depois eu já não pensava em Harry e nas coisas estranhas que estavam acontecendo comigo, muito menos no que eu estava sentindo por ele. Minha concentração era totalmente voltada para os livros que estavam em cima da mesa da sala de estar. O título que mais me chamou atenção foi "Os mistérios do lado esquecido da mente"

Aquela casa era velha e aparentemente desabitada há muito tempo, porém tudo ali parecia ter sido arrumado para a nossa chegada. Os quartos estavam com as roupas já arrumadas nos armários e os banheiros equipados com os produtos que trouxemos, mas, além disso, também tinham os livros que eram voltados para a nossa situação, ou melhor dizendo, a minha situação. Aquele livro na minha mão era exatamente o que eu precisava saber para entender o que havia acontecido comigo.

"Por diversas vezes um bruxo fica sem sua memória devido a algum forte feitiço que lhe atingiu a cabeça fazendo com que a zona responsável pela memória fique embaralhada. O feitiço faz com que algumas áreas se apaguem ocorrendo assim o esquecimento de certos fatos ou em casos mais graves, de toda uma vida"

Descobri com essa leitura que o que ocorreu foi como se eu perdesse metade das memórias que eu tinha, eu conhecia as coisas do mundo, mas não reconhecia as pessoas, minha memória social fora totalmente afetada e eu não conseguia nem mesmo me reconhecer. Motivo: A maldita mordida da cobra. Cura: A memória se regenera gradativamente sozinha ou através de fortes emoções causadas por algo importante para o desmemoriado.

Em alguns casos o paciente acaba tendo uma vida totalmente diferente, pois jamais volta a se lembrar de como era antes. Em outros casos acaba tendo sua memória restaurada, porém esse processo é doloroso e demorado.

Eu continuei lendo os livros que estavam na sala e não percebi o tempo passar, quando finalmente levantei os olhos das páginas já era noite e em nenhum desses momentos eu vi Harry aparecer. Subi as escadas devagar e parei na frente da primeira porta e esperei para ver se ouvia algo do lado de dentro. Nada.

Segui para a segunda porta, nada.

Na terceira, nada.

A quarta porta não estava trancada e abriu quando toquei de leve na maçaneta. O quarto estava vazio, Harry não estava ali. Em cima de sua cama estava sua roupa de dormir. O lugar era simples, não tinha aquele toque de adolescente, era apenas uma cama e um armário, somente isso. Limpo e puro.

Eu estava prestes a sair dali quando vi fumaça de vapor sair por debaixo da porta que fica em um canto do quarto. Eu deveria ter ido embora exatamente naquela hora, mas algo dentro de mim me fez ir até lá e abrir uma fresta da porta.

Nada me preparou para o que eu iria sentir ao ver Harry nu embaixo do chuveiro, ele estava de costas e ensaboava os braços definidos enquanto permitia que a água caísse pelo seu corpo modelado. Eu fiquei olhando para aquela pele branca, aquelas coxas definidas por ele ser um jogador de quadribol e principalmente detive meus olhos nas curvas de seu quadril

Meu coração acelerou e antes que eu fizesse algo da qual pudesse me arrepender depois, voltei para o corredor, tranquei a porta do meu quarto ao entrar e me joguei na cama retirando a camisa e os sapatos. A imagem do corpo do menino não saia da minha mente e eu sabia, não lembrava, mas sabia que a parte da frente era muito melhor. Instintivamente levei minha mão para frente da minha calça e pude sentir um volume que começava a me incomodar

Eu definitivamente desejo Harry Potter.

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora