Capítulo 4
- Eu pensei que você nunca fosse ficar acordado. – Falou o velho ao meu lado.
Ele estava sentado em uma bela poltrona azul com estrelas prateadas, sorria em meio a barba branca e comprida que chegava até o cinto que prendia o meio de suas vestes verde. Ele usava um oclinhos de meia lua e seus olhos eram de um azul forte. Sua imagem não era estranha para mim, era até familiar, como se fosse parte de minha estranha e esquecida vida.
- Alguém pode por favor me explicar o que está havendo? – Pedi me levantando com certa dificuldade e encarando os olhos azuis dele, mas não o suportando muito tempo, desviei o rosto antes dele responder.
- Eu sei que quer uma explicação e acho que lhe devo essa explicação, mas infelizmente não poderei dá-la a você, pois como diretor de uma escola em restauração tenho muita coisa a fazer, vou deixá-lo nas mãos de uma pessoa que te conhece quase tão bem quanto eu. Não se preocupe, você estará em boas mãos e poderá saber tudo que precisa. Ele estava aqui, mas foi visitar o nosso professor de trato das criaturas mágicas na orla da floresta e já deve estar voltando. Vou deixá-lo se arrumar enquanto isso. – Apontou para uma muda de roupas em cima da mesa ao lado da cama. – Até mais.
Ele saiu e me deixou com as mesmas dúvidas que embaraçam minha cabeça. Me levantei e fui até o banheiro sentindo mais firmeza em minhas pernas, bambeei um pouco, mas consegui chegar até a pia onde me olhei no espelho. Aquela pessoa que eu estava vendo era totalmente estranha para mim, por mais que eu soubesse que era eu. Meus cabelos negros iam até o ombro, meu nariz era torto e grande, minhas feições eram duras, frias e vazias, mas de tudo o que mais me chamou atenção foram meus tristes e vazios olhos negros, tão negros quanto a noite e tão solitários como a lua.
Suspirei olhando o desconhecido no espelho e coloquei as vestes negras que o velho deixou para mim. Uma calça negra, uma camisa branca, um sobretudo negro e uma capa negra que passava do meu pé. Acho que eu gostava de preto. Me olhei novamente no espelho, parecia ameaçador e perigoso. Deixei de lado essa imagem perturbadora e fui para a minha cama, fiquei sentado na beirada até que alguém abriu a porta. Deixei meu olhar encontrar o meu acompanhante de quarto segurando a maçaneta me olhando com um tom de surpresa. Talvez eu não seja uma pessoa que se espera encontrar sentado na beirada da cama com a cabeça baixa e o olhar perdido. Talvez eu não tenha essa liberdade na frente dos outros.
Estava sendo difícil ser eu.
- O professor Dumbledore me mandou aqui. – Disse o menino devagar e com receio. – É o diretor da escola. – Completou respondendo a uma pergunta muda minha.
Assenti sem falar nada. Ele andou devagar até a cama ao lado da minha e sentou-se na minha frente.
- Eu sou...
- Harry Potter. – Respondi tentando novamente dar um sorriso para ele e novamente não conseguindo. – Eu me lembro de você, do banheiro.
- Eu não sei como fazer isso. Tenho que explicar muita coisa para o senhor, mas é difícil. Não sei por onde começar.
- Comece pelo começo. Quem sou eu?
- Certo. Seu nome é Severus Snape e o senhor é professor de poções na escola de magia e bruxaria de Hogwarts que é onde estamos.
Harry tentava falar o mais calmamente possível, mas se atrapalhava e tropeçava nas palavras quando o nervosismo o dominava, a maior parte era quando ele olhava em meus olhos.
- O senhor é um grande bruxo e é também...
Ele parou de falar quando eu levantei a mão e ficou esperando eu falar algo. Baixei minha mão lentamente e fiquei olhando seus olhos verdes até que ele os desviou.
- Eu o deixo nervoso?
- Sim. – Respondeu após alguns segundos.
- Por quê? – Quis saber.
- Porque o senhor me odeia.
- Por que eu te odiaria?
- É uma longa história.
- Acho que tenho tempo suficiente.
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Conhecendo o desconhecido (Snarry)
RomanceA guerra acabou e Voldemort morreu. O mundo bruxo poderia voltar ao normal, menos para Snape que acorda na ala hospitalar sem memória e sem magia, em uma maca ao lado de Harry Potter. Agora Harry tentará ajudá-lo a ter sua memória de volta, mas a a...