Capítulo 6

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Capítulo 6

Harry Potter

Tá, tudo bem, eu sou um grande idiota por querer chorar agora, mas o que posso fazer? A culpa ainda me corroía e eu não conseguia dizer a ele. Não conseguia pedir desculpas quando estava ao seu lado ou até mesmo a quilômetros de distância, não quando ele me olhava daquela forma, sem se lembrar que era minha culpa. Era irritante tentar dizer tudo isso a ele e não conseguir, sentir as palavras presas em minha garganta.

Eu bufava pensando em como eu era inútil e como a culpa me corroía enquanto andava pelos corredores da escola. Eu queria correr até o jardim e me jogar no lago negro, olhei por uma janela e o sol refletido na água fortaleceu minha vontade. Suspirei e fechei os olhos por um momento. Em minha mente eu revi aquele dia cruel e fatídico, vi Voldemort, as mortes, dele e de outros. Vi principalmente Snape morrendo e eu ao seu lado desejando que sua vida o deixasse logo, que ele fosse para o inferno. Isso me atormentava todas as noites desde aquele dia, principalmente quando depois eu revia suas lembranças em minha cabeça.

Sempre o julguei e sempre estive errado. Deus, como eu era idiota. Eu pensei que ele estava morto aquele dia e depois que acordei na ala hospitalar o vi na cama ao meu lado, nesse dia eu nem ao menos consegui falar com ele tamanha a vergonha e remorso. Cada gemido de dor dele era um corte em mim, eu causei aquilo nele, o obriguei a cuidar de mim contrariando todas as suas vontades, arriscando sua vida de uma maneira criminosa. Eu não deveria ter nascido, isso tudo não iria acontecer se eu não existisse.

- Aconteceria coisa pior.

Eu quase morri de susto quando o professor Dumbledore falou atrás de mim. Eu o olhei por cima dos ombros e revirei os olhos voltando minha atenção para o lago. Eu já passara, há muito tempo, do estágio de puro respeito com Dumbledore, ele não era mais o grande mago que eu venerava quando era mais novo, ele era apenas um homem velho de grande poder. Mas como ele mesmo dizia "Por minha sabedoria ser maior e mais profunda do que a dos outros, meus erros tendem a ser maiores e piores" Ou pelo menos era algo parecido.

- É claro. – Falei sem dar muita importância.

Eu já conhecia o monólogo que viria a seguir. Ele diria que se eu não tivesse nascido Voldemort teria dominado o mundo e todos sucumbiriam em suas mãos.

Blá blá blá.

Eu já tinha tudo isso decorado.

Mas ainda assim o diretor sempre me surpreende.

- O professor Snape precisará de sua ajuda para se recuperar.

Olhei para ele como se fosse louco, ele parecia louco. Dumbledore continuava parado com um sorriso em seu rosto, um sorriso irritante de quem sabe de coisas que não deveria saber e que pretende fazer algo que não deve.

Velho manipulador.

Eu sabia por que ele queria que eu ajudasse Snape. Nossa rivalidade e minha culpa eram brinquedos novos nas mãos dele. Eu não poderia ajudá-lo e Dumbledore sabia disso e era ele saber disso que me assustava. Eu o olhei, respirei novamente e esperei um momento para responder. Apesar de querer negar aquilo, sabia que se dissesse não Snape iria acabar sabendo e eu não poderia deixá-lo saber que não quis ajudá-lo, não depois dele já ter feito tudo por mim. Dumbledore sabia disso, sabia da minha culpa e contava com ela.

- Como posso ajudá-lo? – Perguntei vendo o sorriso se abrindo mais e sabendo que me arrependeria disso um dia.

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora