Capítulo 3

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- Ei como você está?

- Estou bem, Hermione, Madame Pomfrey disse que ainda preciso ficar aqui de observação, disse que recebi um grande choque e que ainda preciso ficar por uns dias, para minha grande infelicidade.

- Mas logo você sai.

- É cara, daqui a pouco você vai sair daqui e aí poderemos jogar uma partida de quadribol.

- Rony, jogar quadribol é tudo que eu quero nesse momento, ficar me deixando passar desejo não é legal sabia? Falando em sair daqui, sabe quando começam as aulas?

- Para a minha grande alegria somente daqui a um mês. Eles disseram que vão esperar todo esse tempo para que possam reformar a escola e arrumar toda a bagunça que os comensais fizeram.

Mais uma vez eu estava ouvindo vozes, desta vez todas infantis e agudas, pelo menos quando misturadas. Irritante novamente. É impressionante como estou me irritando com qualquer barulho ao meu redor. No meio do diálogo tinha uma voz fina de garota, uma grossa de um menino que já parecia um homem e uma voz perfeita que me invadia me deixando mais relaxado como se fosse uma canção de ninar, essa voz não me irritava.

- Harry. - Chamou a menina me fazendo lembrar do meu acompanhante da noite anterior. Mesmo sem perceber fui ficando mais atento à conversa. - Como está o professor Snape?

- Não sei Hermione, a Madame Pomfrey vive verificando o estado dele, mas nunca me diz nada. Ele retornou à consciência ontem a noite, estava queimando de febre e acabou desmaiando na banheira de gelo. Tive que trazê-lo para a cama, ele continua dormindo desde então.

- Nagini quase o matou, fiquei impressionada quando descobriram que ele estava vivo, quase não dava para sentir o pulso.

- Eu também pensei que ele estava morto. - Disse a voz perfeita com um toque de melancolia.

- Harry, eu já te disse que nada disso é culpa sua.

- Eu sei.

- Bom, temos que ir cara. - Disse a outra voz grossa. - McGonagall nos deixou entrar para te ver só alguns minutos. Ela diz que você precisa descansar.

- Ela não está errada, eu preciso mesmo de uma boa semana de sono, se bem que acho que dormirei apenas algumas horas.

- Então nós já vamos.

- Tchau, a gente se vê.

- Tchau, Harry.

- Hermione. - Chamou Harry depois de um tempo. - Pode vir aqui um pouco?

- Tudo bem. Rony, espera por mim lá fora.

- Ta bom, vou ver se os elfos trazem algo para eu comer.

- O que foi, Harry? - Perguntou a menina depois que o outro saiu.

- Eu acho que tem algo errado com o professor Snape.

- Errado como?

- Ontem, quando ele levantou durante a noite e me viu, ele me olhou como se jamais tivesse me visto e ele não me destratou, não foi irônico e nem sarcástico. Pelo contrário, ele me perguntou meu nome e disse que era um nome bonito.

- Harry, ele está confuso, talvez um pouco sensível, não vejo qual o problema de ter dito que seu nome era bonito. Ele é mesmo bonito.

- Era o nome do meu pai, Mione você sabe que ele odeia o meu pai e qualquer lembrança dele e por isso ele me odeia. Não estou questionando se ele achou meu nome bonito ou não, mas acho que ele perdeu a memória, acho que ele não lembra quem sou e nem quem ele é.

- Isso é possível. Quando eu estava falando com a professora McGonagall ela me disse que o ferimento da mordida foi muito intensa e que o veneno era letal. O professor Snape teve que usar muito poder para conseguir sobreviver, isso poderia ter casado não somente a perda de memória como de poder.

Silêncio. Os dois ficaram quietos e eu quase implorei por mais diálogos, queria saber mais de mim, mais de quem sou e o que estava fazendo ali. Quando estava prestes a me virar para vê-los a menina falou.

- Não é sua culpa, Harry.

- Eu sei disso, Mione, mas saber não anula o fato de que eu sinto isso. – Ele suspirou. - Acho que preciso dormir um pouco.

- Tudo bem, eu vou indo, outro dia nós viremos novamente para te ver, assim que possível.

- Está bem.

- Tchau Harry.

- Tchau Mione.

O quarto ficou em silêncio novamente e por um momento pensei que meu acompanhante havia saído também, mas de repente senti uma pequena mão quente segurar a minha com uma certa relutância, talvez um pouco de cautela e medo.

- Desculpe.

Eu pude sentir a culpa transbordando em seus lábios.

- Me desculpe por causar isso ao senhor. Não queria que tivesse esse fardo. Desculpe.

Sua mão quente soltou a minha cedo demais e ele se deitou na cama ao lado.

Eu fiquei deitado esperando o sono me levar, mas só consegui pensar na voz dele. Era estranho ouvi-lo dizer que eu agia daquela forma com ele. Quem iria querer tratá-lo de qualquer outra forma que não com amor?

Fiquei olhando para a silhueta dele no escuro e percebi o quanto não saber de quem eu era me deixou mais próximo dele.

Dormiouvindo sua voz em minha mente.

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora