Capítulo 8

1.6K 211 51
                                    

Capítulo 8

Harry Potter

Após a visita de Dumbledore me dizendo que eu ficaria com o professor Snape até que ele melhorasse completamente eu fiquei vários minutos sentado na minha cama pensando em como seriam esses dias. Primeiro imaginei eu sentindo aquela culpa que sentia constantemente. Depois fiquei me imaginando ao lado dele, sempre tendo que olhar em seus olhos e ver que ali não tinha mais nada do Snape que conheci, que ele não se lembrava de nada que aconteceu em sua vida, nem de ninguém, de nenhum momento que ao certo fora especial.

É torturante olhar para ele, porque para ele eu sou uma pessoa desconhecida, não tenho um significado. Bem ou mal, nós tínhamos uma história. Desde antes de eu existir nós já tínhamos uma história. Nosso ódio recíproco renderia várias e várias páginas de um enorme livro escrito com cada injustiça e palavras repletas de raiva que saiam de sua boca. Éramos ligados de um modo que jamais consegui entender ou sequer ver, eu apenas sentia. Desde o dia em que cheguei em Hogwarts, desde o primeiro olhar, o primeiro sentir eu sabia que nós estávamos destinados a um único fim.

Agora o que teve fim fomos nós, nossa história conhecida por todos os alunos e professores. Ela ganhou um ponto final para deixar que uma outra história começasse. Com alguém que eu não conheço, alguém que jamais me tratará como ele me tratava, jamais me dirá as coisas que ele me dizia, jamais será ele. Agora seria diferente. Eu até poderia aproveitar esse novo Snape, afinal não era novidade para mim a atração que sentia por ele, talvez até um pouco de amor.

Em pensar que tudo começou depois as aulas de oclumência no meu quinto ano.

Eu não esperava por esse sentimento, sempre esperei pela raiva e pelo ódio, mas ao invés disso comecei a percebê-lo, a olhá-lo com mais cuidado. Eu sempre estava na sala dele um pouco antes do horário combinado para ficar alguns minutos observando-o terminar de corrigir as provas e atividades das aulas daquele dia. Percebi o quanto ele franzia a testa ao ler uma frase estúpida e idiota de algum aluno como eu. Sua concentração ao mexer em um caldeirão, como seu rosto relaxava vendo a poção borbulhar em fogo alto e como o som das bolhas o deixava praticamente hipnotizado.

E isso só ficava pior, eu já não conseguia olhar para ele como um professor qualquer, ele era o meu Snape. Um meu Snape que se tornou realidade um dia antes de eu ver as lembranças dele naquele dia na penseira que ele havia pego emprestado de Dumbledore. Consigo lembrar exatamente como foi aquele dia, seus movimentos e gestos, falas e olhares. Eu cheguei como sempre mais cedo na sala de aula que usávamos para praticar os exercícios e fiquei esperando ele terminar de escrever algo em um grande pergaminho.

Ele parecia extremamente concentrado, aquilo deveria ser algo muito importante que não poderia deixar para depois, talvez fosse algo para a Ordem, uma pesquisa que Dumbledore mandara fazer, não importa, eu já sabia que independente do que fosse, iria demorar. Meu corpo estava cansado e a mesa de madeira onde eu estava parecia bem macia. Deitei aa cabeça um pouco e quando meus olhos estavam quase fechando eu ouvi sua voz ao longe chamando meu nome.

Levantei devagar e me posicionei no lugar de sempre, na cadeira no fim da sala ao lado da janela. Quando sentei percebi que eu estava realmente muito cansado, minha cabeça doía, chagava a latejar de dor. Já estava acostumado com essa dor, sempre acontecia isso quando tinha que forçar minha mente, mas normalmente acontecia depois das aulas de Oclumência, nunca antes.

Snape se posicionou na minha frente e apontou a varinha em minha direção, eu sabia o que ele iria fazer e ainda assim não consegui me concentrar, ele invadiu minha mente com uma força descomunal. Eu cai mole no chão e vi as imagens que Voldemort tentava por em mim.

Meus amigos mortos, jogados em um rio de sangue. Seus rostos virados para mim com seus olhos vidrados e sem vida. Arfei quando acordei e me agarrei com força na pessoa que tentava me acordar. Eu escondi meu rosto na junção do pescoço com o ombro e chorei de desespero e medo apertando com força meu corpo com o dele. Demorei para me controlar. Parecia que toda a carga de anos estava sendo finalmente descarregada. Somente depois de conseguir me controlar eu percebi quem era a pessoa em que eu me agarrara com tanto afinco. Depois que essa percepção me atacou com selvageria, eu congelei, não sabia o que fazer, não sabia se deveria me mexer.

Devagar e com extrema lentidão afastei meu rosto de seu pescoço, mas mantive minha cabeça baixa não tendo coragem de olhá-lo, não suportaria ver seu olhar de repulsa. Como sempre minha mente demorou para processar o que estava ocorrendo. Devagar abri os olhos e percebi tudo a minha volta.

Ao contrário do que eu imaginava ele não estava me afastando, ele estava me puxando, me levando para mais perto dele. Uma de suas mãos estava postada nas minhas costas me segurando com força e a outra estava entre meus cabelos, segurando minha nuca e fazendo um leve carinho com o dedo. Seus cabelos negros e escorregadios faziam cócegas em meu rosto e eu podia sentir a sua respiração. Minhas mãos ainda seguravam a capa negra dele e se fechavam com mais força enquanto eu levantava a cabeça e olhava diretamente para seus olhos negros.

A princípio nós ficamos apenas nos olhando, eu não conseguia decifrar a expressão dele, Snape jamais fora tão enigmático como naquele dia. Ele me olhou, colocou a mão em minha cintura, me apertou com força contra seu corpo e fez uma coisa que eu jamais imaginei que ele pudesse fazer.

Ele me beijou.

Me beijou de leve, delicado, seus lábios faziam carinho nos meus. Eu sentia seu hálito em minha língua e sentia a língua dele desenhando as linhas de minha boca. Eu não conseguia me segurar e gemi na boca dele que tomado pelo desejo que meu gemido causou atacou minha boca com vontade. Sua língua dançava com a minha, seus lábios procuravam os meus, suas mãos me apertavam contra seu corpo. Eu me esqueci como respirava, me esqueci de onde estava. Só me lembrava de beijá-lo, de puxar seus cabelos com minha mão fazendo-o gemer e cada gemido era uma explosão dentro do meu peito. Nem ao menos percebi que ele havia me pego no colo e me levado por uma porta escondida atrás da sua escrivaninha até seus aposentos. Ele era tão delicado que não percebi que ele já estava sem a camisa.

Minhas mãos automaticamente tateavam seu tórax e braços.

Meu Deus, o que era aquilo? Snape era a coisa mais linda, doce e perfeita que eu já havia visto e tocado. Era delicado e gentil sem deixar de ser envolvente e quente. Ele me levou a loucura, me fez gemer em seus lábios, tremer em seus braços e gritar o seu nome.

Suamos.

Amamos.

Transamos.

Ele tremia e suava quando se deitou ao meu lado e me puxou para mais perto afastando todos os pensamentos de que me mandaria embora assim que se satisfizesse. Ele me queria perto, me abraçava e beijava minha boca. Dormimos abraçados e no dia seguinte de manhã nos amamos de novo. Não falamos nada sobre o que aconteceu, ele foi dar aulas e eu fui assistir.

Como sempre eu tinha que estragar tudo.

À noite tinha oclumência e como sempre cheguei mais cedo. Ele parecia ter um radar, porque mal levantei minha mão para bater na porta e ele já me puxava para dentro atacando minha boca.

- Por que demorou tanto? – Perguntou me colocando sentado na mesa e abrindo os botões de minha calça.

Meu cabelo já estava todo bagunçado e as mãos dele já tomavam conta de meu corpo me fazendo gemer quando uma batida na porta o fez parar e eu nunca odiei tanto Draco Malfoy.

- Eu volto logo, senhor Potter. Não se atreva a sair daqui.

Eu não pensava em sair dali, mas não queria que ele saísse também. A distância me incomodava e eu estava inquieto. Aquela luz tinha que me chamar, eu precisava tocar na penseira e aquela foi minha desgraça.

O ódio nos olhos dele quando me tirou da penseira era horripilante. Tudo aquilo que eu vira na noite anterior e até mesmo alguns minutos antes havia sumido. Agora era só ódio.

- Vá embora. – Ele rosnou.

Quando eu comecei a correr pelo corredor soube que tudo que aconteceu entre nós havia acabado no exato momento em que a luz da penseira atingiu meus olhos

Eu me odiava. 

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora