Capítulo 18

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Pov Harry Potter

Agora, enquanto estou sentado na beirada da cama, ainda nu e com a carta dele em minhas mãos, eu sei que deveria ter me agarrado com mais força ao meu sonho e permanecido dormindo sem a intenção de acordar, talvez eu assim poupasse meu coração de sentir as facas que estão entrando devagar e dolorosamente nele. O que se deve fazer, eu me pergunto, quando a pessoa que você ama lhe escreve que não quer mais lhe ver e que o tempo que passamos juntos, embora bom, fora apenas uma casualidade? Eu sinceramente não sei o que pensar, o que falar, nem como agir, mas sou eu quem está com a carta com esses dizeres escritos.

"Senhor Potter,

Tenho que lhe agradecer pela ajuda em minha recuperação, minha magia e minha memória voltaram e agradeço-lhe por isso.

Tenho, porém, que pedir que não venha atrás de mim, tenho consciência do que aconteceu entre nossas pessoas nesse tempo de recuperação, mas não quero lhe dar esperanças de que algo mais possa acontecer entre nós. O que aconteceu foi apenas uma casualidade de minha enfermidade, não deveria ter acontecido e jamais voltará a acontecer.

Peço-lhe mais uma vez que não me procure.

Sem mais

Severus Snape"

Sem animação alguma me deitei novamente e agarrei o travesseiro dele, sim eu chorei, chorei por ter que sentir isso de novo, o desprezo, o abandono e pela mesma pessoa. Não é fácil, não é indolor, eu sei.

Somente horas depois eu me levantei e arrumei minhas malas. Meu objetivo fora atingido, eu o ajudara a recuperar a memória e a magia, eu não tinha porque ficar naquela casa, lembrando dos momentos que passamos juntos, eu não sou masoquista.

Não precisei de carruagem para me levar como quando vim e assim em um piscar de olhos aparatei diante do bar de Madame Rosmerta.

- Harry Potter! – Ela exclamou ao me ver – Tudo bem querido?

- Sim, tudo bem Madame Rosmerta – Respondi ensaiando um sorriso – Estou voltando de viagem, estou indo para Hogwarts agora.

- Oh, querido que sorte a sua. Tem uma das carruagens aqui, Dumbledore a enviou para eu poder abastecer o castelo com as cervejas amanteigadas que os professores tomam na festa particular antes dos alunos chegarem. Pode ir com ela, assim não precisa andar até lá.

- Obrigado.

Seguindo por onde Madame Rosmerta me indicou eu cheguei facilmente até a carruagem que os testralios puxavam, sem pensar muito e dando um aceno de adeus, entrei na carruagem e me escondi no escuro aguardando os testralios me levarem. Alguns minutos depois eu estava na porta do castelo e senti um desconforto no estomago. Ele estaria ali?

- Entre – Disse a voz de Dumbledore atrás da porta do escritório quando bati – Olá Harry.

- Oi Diretor – Cumprimentei sentando na cadeira em frente a escrivaninha conforme indicado – Vim dizer que o professor Snape já está bom e por esse motivo voltamos.

- Sim, eu sei. O professor Snape veio até meu escritório hoje mais cedo e me contou que vocês conseguiram fazer a magia dele se manifestar e consequentemente a memória voltar. Na verdade ele dá o crédito todo para o senhor.

- Não deveria, não faço a menor idéia de como consegui fazer isso

- Não mesmo? – Perguntou Dumbledore com o típico sorriso de quem sabia a resposta da pergunta feita para o outro

- Não, não sei e sinceramente não estou pensando muito nisso senhor. Eu consegui ajudá-lo e isso é o importante, agora tudo voltou ao normal e eu posso voltar para meu último ano.

- Que começa em apenas uma semana.

- Já?

- Sim, você e o professor Snape ficaram muito tempo longe. Se quiser pode ir para a Toca, tenho certeza de que Molly está ansiosa para dizer que está muito magro. Ou se quiser pode ficar no castelo até o começo do ano. Todos os professores estão aqui.

- Todos?

- Sim Harry, todos os professores.

- Então acho que vou para a Toca professor, estou com saudades do Rony e dos outros.

- Claro, claro, creio que é o melhor no momento meu menino.

Sai do escritório do diretor com um peso no coração, Snape voltara a ser professor e estava no castelo. Eu precisava sair dali o mais rápido possível, não queria encontrar com ele. Mas o destino nunca se deu bem comigo e jamais me favoreceu. Ao descer a escadaria principal, tive que parar na metade da escada. Ele estava parado no primeiro degrau e olhava diretamente para mim.

Era difícil dizer o que eu estava vendo, os olhos dele, aqueles olhos negros que tanto me chamavam, estavam indecifráveis. Eu procurava os olhos raivosos e vazios do Snape que conheci nesses anos, não encontrei. Procurei, inutilmente, pelos olhos do meu Snape, do que gritava o meu nome durante a noite, tão pouco encontrei. Com coragem desci o restante dos degraus e parei na frente dele, como estava um degrau acima ficamos da mesma altura e pude olhá-lo com mais intensidade e vontade. Ele estava lindo, voltara a usar suas vestes negras de sempre, mas estava lindo de qualquer forma e seus lábios finos quase gritavam por mim, eu sentia isso e queria responder, mas seus olhos não mostravam nenhum sentimento, nenhum.

- Senhor Potter – Disse Snape me cumprimentando – O que faz aqui?

- Vim falar com o diretor e já estou indo embora – Respondi sentindo raiva do tom usado por ele na pergunta – E para seu governo eu não estou procurando por você, por mim jamais nos veríamos, você podia sumir agora mesmo, seria o melhor.

- Que bom que pensa assim – Disse Snape aproximando-se mais ainda e agora eu via raiva e ódio em seus negros olhos – Iria ser muito irritante ter que explicar-lhe que tudo aquilo foi um passatempo, que foi apenas sexo casual com você e que jamais iria ter algo mais profundo entre nós.

- Realmente suas palavras jamais são honradas – Eu cuspi a frase nele, lembrando as juras de amor que ele me fez, lembrando o quanto eu acreditei naquilo

- Frases ditas por um desmemoriado, não acredite em contos de fadas senhor Potter, eles não existem.

Eu não aguentaria mais daquilo, meu coração não suportaria. Sem dizer mais nada desci o restante da escada e sai sem olhar para trás, se tivesse olhado talvez eu tivesse visto os olhos dele e talvez tivesse entendido tudo, mas eu não olhei, apenas continuei até o ponto em que pude sumir dali.

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora