Capítulo 9

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Capítulo 9

Harry Potter

Precisei de meia hora lembrando-me daquela noite de amor para poder me decidir entre lamentar e chorar o tempo inteiro que eu não significava mais nada para ele, que eu não veria mais seus olhos queimar de ódio e desejo e viver o que estava acontecendo, encarar de cabeça erguida. Com minha decisão tomada retirei minhas vestes da mala e coloquei minhas roupas mais modernas e bonitas, aquelas que marcavam meu corpo e mostravam meus dotes. Eu o conquistei uma vez, conquistaria novamente.

Hermione iria adorar saber que eu comecei a usar as roupas que ela comprou para mim, calças jeans escuras e camisas transadas. Típicas roupas trouxas que ela via os meninos usarem para ir à balada com as meninas. Eu não iria para nenhuma balada e nem com uma menina, mas desejava que as roupas tivessem o mesmo efeito. Pensando assim coloquei uma calça jeans escura com algumas manchas claras na parte interna da coxa e uma camisa preta usada aberta por cima da camiseta branca. Dobrei as mangas até o cotovelo, coloquei um relógio digital no braço direito e uma pulseira prateada no esquerdo. Esfreguei gel em minhas mãos e obriguei meus cabelos a ficarem domadamente arrepiados.

Com aquele visual novo e totalmente estranho para mim eu fui em direção à carruagem que me esperava. Como em todas as carruagens de Hogwarts, dentro era muito escuro. Me sentei e esperei. Em alguns minutos a porta se abriu e ele entrou e com rapidez se sentou ao meu lado, aparentemente não me viu. Fiquei olhando para ele mesmo não conseguindo ver praticamente nada. Não podia evitar.

A viagem logo começou e o ouvi gemer com um enjôo já esperado pelas poções que ele já havia tomado. Senti seu corpo gelar e sua cabeça tombou em meu colo. Prendi a respiração, uma eletricidade de certo modo incomoda passou pela minha espinha. Ergui minhas mãos e me mantive parado para não tocá-lo, eu poderia acabar assustando-o. Snape gemia e se encolhia, estava realmente passando mal. Esperei um pouco e logo ele gemeu de novo, estava prestes a tocá-lo quando ele finalmente adormeceu.

A viagem era longa, não podíamos desaparatar já que Snape estava tão fraco, Dumbledore avisara isso, mas não me importava, talvez desejasse que demorasse mais, não queria sair dali, queria permanecer com ele em meu colo, queria continuar acarinhando seus cabelos, fazia anos que eu não os tocava e era incrível a saudade que eu tinha.

Mas minha vontade não durou muito, ele acordou logo. Snape levantou rápido quando reparou que estava deitado em meu colo, a princípio pensei que ele havia recobrado a consciência, que se lembrava de mim e voltara a me odiar. Mas já era de manhã e a luz do sol já invadia as janelas clareando o ambiente. A luz batia diretamente em seus olhos e ali não havia um único pingo de raiva. Ali tinha apenas surpresa. Eu fiquei olhando para ele e me encantei ao vê-lo esfregar os olhos com preguiça e voltar a me olhar.

Trocamos algumas palavras sem fundamento, tentei parecer totalmente despreocupado e fiz o possível para esquecer que aquele era o meu Snape. Dei um sorriso de lado e desci da carruagem quando ela parou. Fui em direção ao portão da velha casa, sabia que ele estava atrás de mim, conseguia ouvir seus passos. Mesmo não sendo ele, ainda era ele de certa forma, era o mesmo jeito de andar, mesmo jeito de mexer em suas coisas, mesma voz, mesmos gestos. Mas não eram os mesmos olhos, nem os mesmos olhares. Aqueles olhares não eram do meu Snape.

Cheguei até a porta e o esperei. Suspirei de novo e toquei na porta. Ela se abriu para uma sala escura. Me virei e fiquei de frente para ele, eu não era mais tão baixo, mas ainda assim tinha que olhar para cima para ver seus olhos. Sorri de canto de novo tentando controlar minha voz e disse de um jeito confiante.

-Bem vindo ao seu novo lar.

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora