Sem querer, querendo...
Letícia não estava na casa, mas apareceu assim que viu o carro chegar. Sabia que Sophie andava misteriosa e cheia de segredos, só queria ver que ela estava bem, então não fez questão de entrar, por isso bateu à porta para ser atendida.
- Oi, Lê, desculpa sair apressada, não queria preocupar você. - Disse dando espaço para ela entrar.
- Eu só queria saber se estava tudo bem. Não vou ficar, estou assistindo filme com os meninos.
- Tudo bem sim, foi só uma confusão com o Carlos, mas já está tudo resolvido. Ele provavelmente vai ficar aqui por um tempo. - Avisou, sussurrando a última frase.
- O importante é que estão bem. - Deu um beijo na bochecha dela e se despediu: - Boa noite!
- Boa noite, Lê!
Sophie fechou a porta e se jogou no sofá. Exausta. Olhou para Guilherme e Carlos, lamentando o quanto tinha se afastado de seu amigo e agradecendo por ter conhecido Guilherme, alguém que, ao que parecia, seria capaz de ir ao inferno por ela.
- Como aconteceu tudo isso, Carlos? - Perguntou, temendo ouvir a resposta e analisando o estado de seu amigo, que não parecia saudável, estava magro demais e com aparência desleixada.
Guilherme permaneceu em silêncio e olhando para o chão enquanto Carlos contava como havia se metido naquela confusão. Carlos estava andando com uma turma diferente, mas segundo ele, pessoas com as quais se identificava, até perceber que nem tanto assim. Quando percebeu, já estava apaixonado por um dos caras do grupo. Esteve esse tempo todo morando na casa dele e participando das festas, sabia que rolava drogas e garantiu que nunca usou. Infelizmente, seu namorado teve uma overdose e não resistiu. Ninguém disse nada enquanto ele chorava ao falar do namorado, não sabiam o que dizer, então preferiram o silêncio solidário. Ele teve que sair da casa, não tinha como pagar o aluguel, então tentou dar fim ao que podia para desocupar a casa, quando tinha conseguido e era o dia de entregar a chave, dois homens apareceram cobrando a dívida, ele explicou a situação e o que tinha acontecido com seu namorado. Os traficantes levaram ele mesmo assim, achando que assim como a turma com quem ele andava, Carlos também tivesse dinheiro.
- Isso bate com o que o Tito me disse. - Guilherme se manifestou primeiro ao se levantar.
- Claro que bate, eu não sou um drogado e não tenho motivo pra mentir. - Enxugou as lágrimas, irritado. - Obrigado por ter ido atrás dela, prometo que vou dar um jeito de te pagar.
- Isso não é problema seu, deixa que eu acerto com ele. - Sophie também se levantou e foi até seu noivo. - Amanhã vamos ao banco pra resolver isso.
- Deixa isso pra depois, amanhã você precisa começar o seu treino. - Aliviado por tudo ter se resolvido, ele a abraçou e deu um beijo demorado. - Quer que eu venha te buscar?
- Seria ótimo! - Sorriu, tentando soar animada, mas sentia as energias abandonando seu corpo.
Acompanhou Guilherme até o carro e esperou que ele entrasse.
- Como você soube o que aconteceu e me encontrou? - No meio da confusão havia esquecido de perguntar.
- Eu vim trazer sua bolsa menor, você esqueceu em cima da cama. Letícia contou o que tinha acontecido. Então fui atrás do Igor, que me explicou tudo, inclusive o valor da dívida. Eu peguei o dinheiro, liguei para um conhecido e ele me disse quem estava com o seu amigo.
- Nossa, que confusão.
- Desculpa, meu amor, mas você vive metida em confusão. Dona encrenca cai bem para você. - Brincou, tentando aliviar a tensão. Riu quando ela mostrou o dedo do meio. - Vai descansar, você está precisando, não se preocupa, amanhã eu acordo você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Manipuladores do Futuro - O Covil
Science FictionEncrenca deveria ser o seu sobrenome. Sophie entende que não descobriu metade do que precisava sobre sua vida e a agência e não tem certeza se quer mesmo saber do resto. Recebeu ajuda quando precisou, mas agora precisa distinguir melhor de quem vem...