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O dia tinha sido cansativo, a prova que Sophie e o restante da sala não esperava, foi anunciada pelo professor, como se fosse uma surpresa, e era, mas ninguém gostou.

Ao terminar a prova, tinha certeza de que não iria gostar da nota, mas sabia que pelo menos não ficaria de dependência e de qualquer forma, já tinha se conformado em se sentir inteligente na escola, na faculdade não poderia esperar muita coisa.

Passou na mecânica para pegar sua moto e ficou satisfeita com o trato que deram nela, o tanque novo até reluzia e sorriu ao pensar que não precisaria depender de ônibus naquele dia. Voltou para casa e almoçou, quase não conseguia prestar atenção ao que Letícia dizia, seus pensamentos estavam longe.

— Eu vi seu amigo hoje de manhã, achei estranho ele não te esperar descer. – Letícia já estava arrumando suas coisas para ir embora, era final de tarde.

— Ah, sim, esqueci de avisar, pensei que nem fosse dar tempo de você encontrar com ele. – Improvisou.

— Quando cheguei ele estava dobrando o cobertor e arrumando o sofá que dormiu, foi rápido.

Ao encarar a mulher, soube que não escaparia de dar satisfações.

— Lê, ele vai ficar aqui por alguns dias, está procurando uma casa, é um amigo de outra cidade, está querendo morar aqui. – Mentiu, mas sem culpa, há tempos não sabia o que era esse sentimento.

— Ah, tudo bem, só diz para ele se alimentar primeiro antes de sair. Gostei dele, foi muito simpático e é um gato, parece um deus.

Sophie sorriu e revirou os olhos.

— Sim, é um gato, saidinha!

— Se precisar de alguma coisa, estarei em casa. Amanhã o vidraceiro vem arrumar a janela, ele já tirou as medidas. – Depositou um beijo na testa de sua menina e seguiu para a porta.

— Bom descanso, Lê! – Sabia sobre o vidraceiro, a mulher contou enquanto conversavam e Sophie disse o que aconteceu, pelo menos em partes e avisou que faria um muro e colocaria portão na entrada da casa. Deu um sorriso, esperando a mulher sair, como gostava dela, a única pessoa que fazia sua vida ainda parecer como antes era Letícia, com ela por perto, ficava fácil esquecer que as coisas tinham mudado e para pior.

Pegou o livro que precisava ler de dentro de sua bolsa e se acomodou no sofá, fazendo o maior esforço para se concentrar e até conseguiu, pelo menos por um tempo.

Acordou com as batidas na porta e sem pensar muito, no automático, correu para abrir. Bocejou ao ver Guilherme.

— Trouxe roupa para dormir, mas se for incomodar, ainda posso ficar no carro. – Mostrou sua mochila.

— Não, pode entrar. – Deu espaço para ele passar e fechou a porta. — Acabei dormindo enquanto estudava, nem vi que anoiteceu.

— Isso acontece muito durante a faculdade. – Deixou sua mochila ao lado do sofá e permaneceu em pé.

— Já comeu? Letícia deixou comida para dois e pediu para você comer antes de sair de manhã.

— Ela é um amor, eu vou aceitar se não for incomodar, não tive tempo de jantar. – Sorriu e mesmo as covinhas que ela gostava, não foram suficientes para evitar uma resposta.

— Sabe o que me incomoda? Você ser da Agência.

— Sinto muito por isso, não posso te culpar. Na verdade, se não fosse isso, eu provavelmente estaria dormindo na sua cama, com você, é claro, não no seu sofá. Estou certo?

Manipuladores do Futuro - O CovilOnde histórias criam vida. Descubra agora