Já fazia algum tempo que Guilherme estava por ali, tentando de todas as formas ganhar a confiança de Sophie e estava conseguindo.
Todos os dias ele saía e só voltava no final da tarde. Considerando que não houve mais ameaças, Guilherme comunicou a Sophie que havia comprado uma casa e que assim que fizesse uma pequena reforma, não a incomodaria mais, por isso, algumas vezes sumia por dois ou três dias. No fim, o que contou a Letícia virou meia verdade.
Tinha se acostumado à presença dele e ficar naquela casa vazia a entristecia, não era suficiente falar com seus pais por telefone, isso não diminuía a dor da ausência deles e muito menos a intensidade do silêncio que reverberava pela casa vazia.
Todas as noites Sophie e Guilherme conversavam e em uma das noites ele entregou para ela uma carteira com documentos falsos, demonstrando que estava disposto a ajuda-la na fuga.
— Camila? Esse é meu novo nome? – Perguntou enquanto examinava os documentos novos. — parecem mesmo autênticos, mesmo comparando com os verdadeiros, não consigo notar a diferença. – Estava impressionada e contente, mas continuava a procurar qualquer defeito nos documentos.
— A intenção é essa. Não gostou do nome?
— Gostei sim, posso me acostumar com ele fácil.
— Bom... o que mais falta para a sua fuga?
— Só o lugar, dinheiro eu tenho.
— Você vai mesmo precisar de dinheiro, mas está errada se acha que vai conseguir usar o seu dinheiro.
— Como assim? – A vontade que estava de abraça-lo e agradecer foi se esvaindo.
— Você devia ter começado a desviar dinheiro para uma conta que pudesse usar sem ser monitorada, agora, qualquer retirada que você faça eles vão saber.
— Merda, não tinha pensado nisso...
— Você achou que usaria seu cartão de débito e crédito por aí? Sophie, entenda, você não vai só fugir, você vai se esconder. No momento em que você fugir, será considerada a sujeira que eu limpo, vão caçar você e não serei o caçador. Você precisa entender isso, é perigoso e tem que ser feito direito. Deixe apenas uma carta para a sua família, invente uma boa desculpa e quando estiver estabelecida no lugar que escolher, aí sim poderá entrar em contato com eles.
— Eu realmente não tinha percebido que teria que me esconder, imaginei que fosse só ir embora, não tinha noção de que procurariam dessa forma por mim, eu...
— Calma! Agora você já entendeu como funciona. Entrega a administração dos seus imóveis e tudo o que não poderá cuidar sem aparecer para alguém de confiança e decide logo o lugar que você quer ir. Eu vou cuidar do resto.
— Obrigada!
— Não fica assim, tudo vai sair como precisa ser. – Tentou tranquiliza-la. — Vou fazer algo pra gente comer. – Antes de ir para a cozinha, afagou a garota no ombro.
Depois dessa e de outras demonstrações de que estava do lado de Sophie, na mesma noite, não foi preciso ele perguntar se ela queria companhia em sua cama. Na sala, após terem arrumado a cozinha, Sophie o pegou pela mão e antes que ele pudesse perguntar alguma coisa ela disse: — Hoje eu quero companhia.
Além de boa companhia, Guilherme também era bom em outras coisas. A relação que eles criaram era leve e tranquila. Nenhum dos dois falava sobre seu relacionamento, apenas agiam como sentiam vontade e isso era algo que Sophie estava adorado.
Letícia tinha ido ajudar seu filho mais velho com a mudança e Sophie ficou encarregada de se alimentar sozinha, cansada de pedir comida fora ou depender de Guilherme, decidiu cozinhar, algo que havia feito poucas vezes e por isso, não era muito boa.
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Manipuladores do Futuro - O Covil
Science FictionEncrenca deveria ser o seu sobrenome. Sophie entende que não descobriu metade do que precisava sobre sua vida e a agência e não tem certeza se quer mesmo saber do resto. Recebeu ajuda quando precisou, mas agora precisa distinguir melhor de quem vem...