Imprudente

114 18 2
                                    


Foi estranho chegar em casa e não encontrar Sophie, sempre se falavam por mensagens. Olhou no celular e não viu recado dela. De qualquer maneira, aproveitou para colocar suas roupas para lavar e limpar uma de suas armas. Mandou apenas uma mensagem avisando que havia chegado.

Ao acabar de montar uma de suas pistolas, o GPS do celular apitou enviando uma localização. Ele já tinha acompanhado dois trajetos da Van e não tinha dado em nada, mas aquele era diferente, o endereço era próximo.

Guilherme não pensou duas vezes, pegou suas coisas e saiu, deixando a máquina de lavar ainda trabalhando.

***

Não foi difícil achar o endereço que Adriana deu, era um lugar afastado, na entrada de um condomínio de chácaras, a casa era a última antes da entrada para as chácaras, ainda dentro da cidade. Estacionou sua moto, tomando cuidado de deixá-la perto de uma cerca e bem longe da van estacionada alguns metros à frente. Guardou seu capacete no alforje da moto e caminhou até a casa, o mato alto que ultrapassava a cerca ajudava a manter seu corpo parcialmente escondido.

A casa era simples, havia apenas um portão aberto antes do acesso da porta da frente. O mato também tomava conta da calçada e foi isso que usou para se esconder quando ouviu o barulho de tiros.

Permaneceu alguns minutos abaixada ali, mas ninguém apareceu. O barulho veio de dentro da casa, seu coração disparava, sua razão gritava pedindo para ir embora, mas outra parte dela praticamente a jogava dentro da casa. Determinada a não ter ido até ali à toa, disparou para dentro.

Encontrou tudo revirado, a sala, primeiro cômodo da casa, estava um caos, sofá tombado, televisão com a tela trincada, mesa de pernas para o ar e papéis por todos os lados. A porta dos fundos, onde ficava a cozinha, estava escancarada. Um rastro de sangue levava para trás do sofá, sua adrenalina fazia seu coração pulsar nas pontas dos dedos.

Pulou por cima da mesa de centro e contornou o sofá, encontrando um homem sagrando deitado atrás dele. Em pânico, pegou uma manta do chão e começou a pressionar o abdômen, de onde jorrava sangue. Aquilo a fazia lembrar do que havia acontecido com Lucas.

— Fica calmo, vou chamar ajuda. – Desconfiava de que não adiantaria de nada, mas não desistiu. Com uma das mãos, pegou o celular e digitou o número da emergência.

— Larga esse celular e se afasta dele. – Sophie olhou para cima. Um homem apontava uma arma em sua direção. Deixou o celular no chão, mas hesitou ao obedecer à segunda ordem. — Anda!

Obedeceu, ouviu dizer que coisas estranhas aconteciam quando se estava prestes a morrer, mas a verdade é que dependia da situação. Não houve um filme de sua vida passando em sua mente, a única coisa em que pensava era como se metia em confusão nos últimos tempos.

— Ia perguntar o que quer aqui, mas não importa.

Sophie fechou os olhos ao ouvir o barulho da arma sendo engatilhada e os abriu em seguida ao ouvir um barulho menor, bem menor do que esperava. Primeiro, teve a consciência de que estava viva, depois, percebeu que o homem que a ameaçava estava caído a sua frente.

— O que você está fazendo aqui? – Deu um pulo ao ouvir a pergunta, se virando para encarar quem a fazia.

— Graças a Deus! Me ajuda, preciso chamar uma ambulância. – Voltou a pegar o celular e a pressionar o ferimento do homem.

— Vamos, você precisa sair daqui!

— Não, ele precisa de ajuda. – Usou as duas mãos para pressionar o ferimento, o homem tentava falar, mas não tinha forças.

Manipuladores do Futuro - O CovilOnde histórias criam vida. Descubra agora