cap 11

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Uma rave de seis meses
Parou do outro lado da rua do seu prédio na Avenida Paulista e observou por alguns minutos e só então pensou na burrada que estava prestes a fazer. Estava fugindo da Agência, não podia ter contato com pessoas de lá, portanto, não poderia entrar no reduto deles ou estaria arriscando tudo.

Colocou sua mochila nas costas e seguiu para entrar em uma das estações do metrô.

— Moça, moça! – Sophie se virou e um homem se aproximava, aparentemente com pressa, ele usava roupas sociais. Mais moderno que a maioria. — Você tem horas? – Então parou para pegar o celular enquanto o homem se aproximava.

— Falta cinco para as 8h. – informou, simpática, já de frente para o homem.

— Ótimo. – Sorriu e quando ela já se preparava para seguir seu caminho ele avisou: — Você vem comigo! – Antes que tivesse a chance de retrucar, ele mostrou a pequena faca em sua mão e encostou na barriga dela. — Aqui mesmo eu furo você várias vezes e antes que possa gritar eu não estarei mais aqui. O que vai ser?

Sem conseguir pensar em uma alternativa, guardou seu celular e o acompanhou. O homem passou um braço em volta de seus ombros, como se fossem íntimos. Aquilo era tão estranho que Sophie, por medo, passou a ficar atenta a qualquer oportunidade de fuga, mas percebeu que não adiantaria, não quando o destino deles era o seu prédio.

Sorriu para Rui, que não percebeu nada e era melhor assim, pelo menos para ele. Seguiu para o saguão e entrou no elevador com o homem, reparando em sua fisionomia, percebeu que não poderia ter mais que trinta anos.

— Agora você vai direto para o terraço. – Disse ao sair do elevador, não dando tempo para discussão.

Com o coração na mão, obedeceu, agarrando firme a alça da mochila. Um breve momento de escuridão e um clarão repentino, aos poucos sua vista se adaptou e ao olhar ao redor, reconheceu algumas pessoas.

Rubens, Claudio, Douglas e outros quatro homens estavam a sua espera. Os quatro homens a cercaram e um puxou a sua mochila, abrindo o zíper e jogando no chão, perto dos timoneiros.

— Como eu disse... – Rubens começou, sorridente. — O que você acha que ela iria fazer com esse dinheiro todo?

— É minha querida, eu gostaria de saber... – Claudio deu um passo à frente.

— Fazer uma rave de seis meses? – Respondeu de qualquer jeito, afinal já tinha se dado mal mesmo.

— Eu poderia ensinar um pouco mais de respeito pra ela. – Douglas sorriu.

— Ensinar o que não tem fica difícil. – retrucou. — Está puxando o saco dele por quê? Não gosta dele tanto quanto da minha mãe. Ou acha que ninguém sabe que você é um frustrado que quer descontar sua raiva nos filhos de quem roubou o seu pai?

— Falando em filhos... – Claudio encurtou a distância entre eles. — Guilherme foi muito idiota de acreditar em você, mas acredite, ele mesmo vai cuidar de você. Ou não...

— Pode ser. – Deu de ombros, decidida a morrer, mas não a entregar os pontos tão cedo. Deixaria para implorar por sua vida no momento certo.

— Você vai descer e entrar no carro que te espera na garagem. Não faça alarde ou terei que matar quem tentar te ajudar. Entendeu?

— Posso? – Apontou para a sua bolsa.

Como não recebeu resposta, pegou a bolsa, fechou o zíper e pegou o celular e seus fones, colocando-os no bolso da calça. Sem olhar para trás, fez o que Claudio pediu.

— Vá atrás dela, Ferreira.

Olhou para trás para saber qual dos brutamontes era o Ferreira e seguiu seu caminho. Não encontrou pessoas pelo percurso e usou a escada para descer, não ficaria trancada com todo mundo no elevador.

Manipuladores do Futuro - O CovilOnde histórias criam vida. Descubra agora