XXVI. Until everything is fine

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Os gêmeos se acostumaram tanto à presença do pai durante aquele ano letivo que estranharam não vê-lo mais em seus últimos dias na escola.

Graças a revelação de Snape sobre a licantropia de Lupin, logo isso se espalhou por toda Hogwarts, como o próprio Remus avisou. Vários alunos começaram a exibir seus preconceitos e exclamar horrorizados, percebendo que estavam à espreita de um lobisomem o ano inteiro.

Logo também se espalhou junto a isso a notícia de que os dias dos Black na enfermaria e as novas cicatrizes a vista em seus braços foram devido a um suposto ataque de Lupin na última lua cheia. Obviamente, a história foi completamente deturpada e ele saiu como o vilão que atacou seus pobres filhos adotivos inocentes e deixou um assassino escapar.

Os gêmeos já perderam a conta de quantas vezes responderam da forma mais seca possível que não eram lobisomens e nem se tornaram um, porque não foram mordidos.

Therion olhou feio para dois lufanos quando eles o encararam e começaram a cochichar enquanto passou com seu enorme prato de carne na hora do jantar — que ele pegara na cozinha com os elfos domésticos —, e um garfo e uma faca voaram da mesa no mesmo momento, quase os acertando.

Eram comuns rompantes involuntários de magia quando os gêmeos estavam estressados ou com raiva, e o efeito das garras de Lupin deixou esse lado deles um pouco mais aflorado. A cada grito de raiva ou um olhar, alguma coisa explodia ou voava.

Como o garfo de Crabbe voou direto para Theodore, que por pouco desviou, e o copo de Pansy simplesmente explodiu em sua mão e a deixou encharcada de suco de abóbora depois que Canis, irritadíssimo, mandou todos calarem a boca quando começaram a falar de seu pai. Durante essa ação, acabou calando a força alguns dos sonserinos.  Uns seguravam a garganta e tentavam falar algo, não saindo nenhum som, e outros que sequer conseguiam abrir a boca.

Não era a primeira vez que, sem querer, usava feitiços silenciadores em pessoas que não paravam de falar sobre seus parentescos.

— O que você fez com o Flint?! — exclamou uma sonserina ao lado de um garoto que tentava falhamente falar alguma coisa.

— Caramba, Black! Eu quase fiquei cego com esse garfo! — reclamou Nott logo em seguida.

— Olha como você me deixou, mestiço idiota! — vociferou Pansy com uma expressão raivosa e enojada.

— Muito bem feito — disse Canopus.

— Você vai acabar matando alguém assim — resmungou Draco, limpando um pouco de suco de abóbora que espirrou em seu rosto.

— Como se eu desse a mínima pra isso. Todos vocês por mim podem ir pra casa do caralho e arder no inferno! — esbravejou. — Se eu ouvir alguém falar mais um "a" sobre meu pai ou lobisomens, essa pessoa irá se arrepender amargamente e clamar por misericórdia. Eu não tenho medo de usar uma maldição imperdoável em qualquer um de vocês.

— Você já provou que não, Black  — Draco riu, voltando a se servir do seu jantar.

— Melhor ficar quieto se tem amor a sua vida, Malfoy.

— Vai lançar uma maldição imperdoável em mim, Estrelinha? — provocou, olhando-o em desafio com um sorriso de canto. Estavam sentados frente a frente na mesa da Sonserina.

Canopus pegou sua faca e cravou na madeira da mesa, bem entre os dedos de Malfoy, que olhou estático, enquanto seus amigos ao lado se assustavam. Ele se ergueu do assento, agarrou a gravata do loiro e puxou com certa força em sua direção, com o olhar faiscando de raiva fixos nos olhos claros de Draco.

— Quer me testar? — rosnou entredentes.

Malfoy mordeu o lábio inferior e desceu o olhar pelo rosto do Black. Fechou os olhos por alguns instantes e então sorriu provocativamente, abrindo os olhos novamente e voltando a manter o contato visual.

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