XXV. Help you like you help me

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Faziam meses que as luas cheias não eram tão complicadas. Por um descuido, Remus voltou a perder a consciência do que fazia em sua transformação.

Mesmo após deixá-lo ferido, o enorme cão de pelos negros continuou a seguir o lobisomem por toda a noite, mancando cada vez mais fraco, zelando por ele e tentando mantê-lo dentro dos limites da floresta para que não fosse a Hogsmeade naquele estado descontrolado.

E depois de muito tempo, Lupin acordou no dia seguinte tonto e confuso, sem ter ideia de onde estava.

Ele geralmente tinha dificuldade de se lembrar do que fazia na lua cheia, apesar de recordar-se de certa parte em alguns flashes. Não com tantos detalhes quanto quando estava consciente — seja pela poção ou quando tinha a companhia dos amigos —, mas ainda era algo. E ele se lembrava vagamente da imagem de dois cães bem parecidos e de um por perto na floresta.

Lupin estava caído no chão no meio da floresta, já de volta a forma humana, com as roupas rasgadas e esfarrapadas, enquanto o sol nascia ao longe. Sua mente começou a clarear aos poucos e o desespero veio a tomar conta à medida que se dava conta do que tinha acontecido.

Sua respiração ficou mais rápida, e ele se sentou com dificuldade, olhando ao redor e percebendo onde estava exatamente. Era uma clareira no meio da Floresta Proibida.

Começou a sentir-se extremamente culpado, com medo do que poderia ter feito durante a lua cheia. O coração se apertou em seu peito e estava quase sufocando-o, cada músculo de seu corpo tenso e trêmulo.

Mas nada poderia se comparar ao desespero e terror que Remus sentiu ao avistar o corpo do garoto no chão, ao seu lado, machucado e deitado sobre o próprio sangue.

— Não… Não, não não, não, NÃO! — berrou e arrastou-se até ele, com um olhar aterrorizado.

Segurou o rosto do garoto, que abriu os olhos  azuis-acinzentados devagar e grunhiu de dor, enquanto as lágrimas inundavam os seus. Não conseguia nem piscar, apenas observando em choque como ele estava.

As roupas estavam rasgadas e ensaguentadas, deixando à vista as enormes linhas profundas que cortavam desde seu tórax até o abdômen, feitas por garras bem afiadas. Ele estava bastante pálido e fraco, mas ainda assim exibiu um pequeno e dolorido sorriso.

— B-bom dia, papai… — disse com a voz fraca.

Remus desabou em lágrimas, chorando desesperado enquanto suas mãos seguravam o rosto do filho. Ele arrancou o que restou de sua capa e rapidamente tentou pressionar os ferimentos para que parasse de sangrar, mesmo sabendo que não pararia tão fácil.

— O que eu fiz? O que eu fiz? — murmurava. Abraçou ao garoto, apertando-o contra si. — Canis…

— Vou ficar bem… Os Lupin são fortes, não são? — disse Canopus, com a vista turva e sentindo-se fraco. Gemeu dolorido, sentindo as feridas queimarem como se fosse brasa.

Remus olhou para todos os lados, sem saber o que fazer. Sua mente não conseguia raciocinar. Os olhos de Canopus lutavam para ficar abertos, mas o sono e todas as feridas dificultavam.

Agora sim Lupin sentia-se extremamente culpado. Havia colocado todos em perigo ao se deixar esquecer de beber a poção.

O seu maior medo, tanto quanto a lua cheia, era ferir seus filhos. Esse medo acabara de se tornar real.

O seu maior temor havia acontecido. Ele machucou o filho.

Aquilo martelou em sua mente sem parar. Ele o machucou. Ele o atacou.

— Ah, Merlin… O-o que eu fiz? E-eu… Eu não queria…

— N-não… Papai... Eu que… — Canopus não conseguiu concluir sua fala.

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