LI. Facing the past

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Dois dias apenas e Remus já recebeu uma carta dos filhos informando que ganharam duas semanas de detenção. Com isso, ele já esperava que aquele não seria um ano tranquilo.

O surpreendente foi a detenção de cada um ser por motivos diferentes, pois eles faziam tudo juntos, inclusive ir para a detenção. Quando um aprontava, o outro obviamente estava ao lado.

Canopus por irritar o novo professor de História da Magia — ele não especificou o que fez para isso —, Therion e Harry por brigar com Malfoy com feitiços e socos. As razões para as detenções não foram uma surpresa para Lupin, no entanto. Isso ocorrer no primeiro dia? Sim, foi.

Ele quis muito responder imediatamente, mas precisaria esperar, não apenas por precisar ir trabalhar, mas também por algo que Canis revelou em sua carta que precisaria pensar melhor.

— Você entende melhor de memórias e coisas mentais do que eu — Remus falou para Sirius após entregar a ele o que Canopus escreveu. — É possível? Tipo… É um diário, não uma penseira. Ela usou um encantamento poderoso para trancar, mas…

— Eu não acredito que ela realmente fez isso — Sirius murmurou e deixou a carta sobre a mesa, então enterrando as mãos no rosto. — Puta que pariu… Karina, você é impossível… Porra! — ele exclamou e grunhiu em seguida, ficando de pé de repente e começando a caminhar pela sala de jantar. — Eu não sei se amo ou odeio essa sua maldita mente genial.

Remus observou-o, confuso. Sirius parecia agitado repentinamente, passando as mãos pelo rosto e os cabelos, agarrando alguns fios.

— Do que está falando, Sirius? O que ela fez?

— Ela fez exatamente o que está escrito ali. Ela colocou memórias dela naquele maldito diário que você deu de presente pra ela — respondeu falando rápido, bastante agitado. — Foi ingenuidade minha pensar que ela estava sendo metafórica. Não, não, isso não seria o bastante. Maldita corvina maluca!

— Sirius! — Remus exclamou, e então Black parou de andar de um lado para o outro e encarou-o, completamente transtornado. — Fale com calma.

— Você praticamente já morava aqui conosco, sabe que ela… — Sirius grunhiu de novo levando as mãos ao rosto. — Ela não largava aqueles livros e sempre dizia que provavelmente não estaria aqui ao fim da guerra e…

Remus suspirou e ficou de pé também. Aproximou-se de Sirius e segurou as mãos dele, entrelaçando seus dedos e apertando com força entres eles. Seus olhares se encontraram com intensidade, os olhos do Black marejados com um brilho de agitação e dor.

Ainda era doloroso demais para ele não ter chegado a tempo de salvá-la.

Também era difícil para Lupin. Ele esteve com Sirius durante os longos dois dias de busca até encontrarem ela. Tudo isso pouco tempo depois de ela tê-lo feito prometer que sempre estaria ali cuidando de seus filhos caso algo acontecesse.

— A Karina tinha muitos planos para tentar impedir Voldemort, eu sei. Ela nunca conseguia ficar parada se poderia descobrir mais… Eu sei…

— Ela pesquisou muito sobre memórias durante a gravidez, principalmente para nunca mais acontecer o mesmo que quando Voldemort descobriu a localização da primeira sede da Ordem. Guardar em objetos é possível, mas é algo muito mais complexo do que guardar num frasco para jogar numa penseira depois. Ela me disse uma vez que se algo acontecesse, iria querer poder deixar memórias para que nossos filhos a conhecessem… Estava com o diário no colo, então eu apenas disse: "Bom, eles sempre vão poder ler o seu diário se você deixar"...

Sirius riu, uma risada fraca sem humor algum, em descrença.

— Eu devia ter imaginado que isso despertaria alguma ideia nela. Ela foi lá e literalmente deixou memórias no diário.

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