XXXI. More time together

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Tempo era uma questão complicada para Sirius.

Quando estava em casa com os pais, apenas queria que o tempo corresse e tudo passasse depressa. Em Hogwarts, queria viver cada segundo intensamente e que passasse o mais lentamente possível. O tempo sempre pareceu algo que ele precisava, mas também que gostaria de descartar para sempre.

Queria gastar todo o seu tempo para que não precisasse mais estar junto de sua família no verão em sua adolescência; porém, o que mais precisava era talvez algumas horas a mais para poder salvar pessoas que ele amava.

Em Azkaban, ele perdia facilmente a noção de tempo. Mais de uma década trancafiado numa cela fazia isso com sua mente. Acontecia muito quando estava em casa, pois a Casa Black parecia muito mais uma prisão que um lar.

E mais uma vez ele se perdia no tempo. Não sabia o quanto ele ficou ali chorando junto de Remus, mas suspeitava que talvez muito houvesse se passado até aquele exato momento em que, ainda em seu quarto, sua cabeça estava sobre o colo de Lupin e ele acariciava seus cabelos para tranquilizá-lo.

A conversa que tiveram o ajudou bastante, embora ainda se sentisse terrivelmente mal por não poder proteger seu afilhado.

Remus e Sirius estavam realmente decididos a dar a Harry toda a atenção e o cuidado que ele não recebeu dos tios, além do carinho que ele precisava.

Aquele era um assunto realmente delicado para Sirius, considerando tudo o que passou na Mansão Black. Seus pais estavam longe de serem carinhosos e cuidadosos, essa parte ele recebeu muito mais de seu tio, Alphard. Walburga Black era uma mãe extremamente rígida e obcecada por manter a imagem perfeita da família, não tinha medo ou pena de castigar aos filhos com maldições quando não seguiam o que era esperado por ela. Já Orion… Ele nunca pareceu se importar muito com os filhos além de como poderiam dar seguimento ao legado dos Black.

Um legado que, por ele, poderia ser esquecido e jogado no lixo. Isso foi a razão para todo o terror que passou e a destruição do único laço que ainda possuía com aquele lugar, seu irmão. Seus pais destruíram a relação deles.

Ele sofreu muito naquela casa e não conseguia suportar imaginar Harry passando pelo mesmo com os Dursley. Pensar nisso foi um grande gatilho para que desabasse de uma vez.

Ainda se lembrava perfeitamente da dor de cada maldição que recebeu. Ele jurou a si mesmo que seria um pai diferente do que os seus foram, que nunca iria ferir seus filhos daquela maneira e aceitaria eles de qualquer forma, não importa como fossem.

Agora, mais calmo, junto de Lupin, iria fazer o melhor que não pôde nos últimos anos. Um bom começo era fazer Harry sentir-se em casa, pois agora aquele seria o lar dele; nunca o deixariam ir embora. E como morador daquela casa e parte da família, ele merecia o seu próprio espaço.

— Vai deixar ele ficar com esse quarto? — Remus perguntou com a voz serena, mas ainda surpresa. Sirius confirmou com a cabeça.

— Acho que vai fazer bem a ele… Saber que tem seu lugar aqui, como todos nós, e… — Ele fez uma breve pausa enquanto falava. — Tem sido estranho passar as noites aqui depois de tanto tempo. Não é mais tão confortável como antes.

— Eu te entendo. E onde pretende ficar?

— Não sei… Na sala, talvez?

— Tá brincando, né Sirius?

Black riu baixo, pela primeira vez depois de um longo tempo.

— Acha que posso levar minhas coisas para o seu quarto?

— Meu quarto?

Remus ponderou por longos instantes, com as bochechas ganhando uma leve coloração avermelhada.

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