Plano

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Draco Malfoy


É estranho quando consigo perceber a minha cabeça em um looping.

Quando tudo que se passa nela é justamente aquela simples coisinha que eu tanto evitava, mas a tentação de pensar naquilo, pensar nele, era tão mais fácil de se saciar do que se eu simplesmente a ignorasse.

Eu me perdi no tempo em que eu estava ali, apenas parado observando cada pedacinho do seu rosto como se de uma hora para outra eu fosse conseguir descobrir todos os seus mistérios, dar ouvidos às suas dúvidas e secretamente torcendo para eu ser a solução de todas elas.

Meus olhos correndo para observar cada canto do seu rosto, o jeito que sua boca se mexia na pronúncia de cada palavra, a maneira com que se silenciava sempre que possível, até mesmo comecei a reparar no jeito apertado que ele segurava o copo com água como se fosse a única coisa o prendendo na realidade.

O que é ridículo, porque eu deveria estar prestando atenção, isso é importante, mas desde que ele começou a falar a minha cabeça não conseguia me deixar prestar atenção e mais nada.

E isso me matava, porque eu prometi a mim mesmo que isso não iria acontecer.

O sentimento era como uma agonia que corroia a minha pele, coça e arde, mas eu não conseguia arrancar de mim essa sensação.

Era quase como raiva, fervorosa e quente como uma, mas ela se misturava, me trazia incerteza e por consequente me deixa fraco e eu não sei se ainda tenho controle sobre isso.

Mas desde que eu finalmente tive notícias de fora, tudo foi como um balde de água fria, de uma hora pra outra eu me pegava vendo coisas que eu mesmo fazia e pensava que eu sequer notei, como eu não pude ter notado essa coisinha estranha agarrada no fundo de mim mesmo?

E ter um pouco mais de noção disso me fazia querer tacar a minha cabeça na parede até eu estar tão inconsciente que abafasse meus pensamentos.

Não que meu subconsciente estivesse muito do meu lado nos últimos tempos...Quer saber, melhor me manter acordado o quanto eu conseguir.

O som das vozes bem no fundo da minha cabeça foram diminuindo gradativamente, até que finalmente chegou em um ponto em que não se escutava mais nada.

Eu só notei que eu deveria falar alguma coisa, quando quatro pares de olhos se fixaram em mim esperando por alguma coisa que até o momento, nem eu sabia o que era.

- O que? - questionei, piscando atordoado pelo tempo que me mantive concentrado fixando o olhar em um ponto X.

O ruivo me olhava averiguador, enquanto Dino parecia estar mais debochando da minha falta de atenção.

- Você por um acaso ouviu alguma parte da conversa? - o tom zombeteiro na sua voz foi fácil de se notar.

- Uhum, claro que ouvi - menti.

- Então, o que você acha?

Dei uma olhada nas outras pessoas, quase implorando por alguma ajuda ou simplesmente tentando encontrar alguma dica do que poderia ser o que ele estava falando.

Mas não, ninguém parecia disposto a me ajudar.

- Eu acho...legal?

Assim que vi o sorriso no seu rosto triplicar de tamanho, eu soube que foi uma péssima ideia. Eu não conseguiria enganar nem uma mosca no estado em que eu estou.

- Não sabia que você gostava desse tipo de coisa, você não parece ser desse tipo - o tom malicioso no seu tom de voz foi explicitamente de propósito.

Drarry is the new black Onde histórias criam vida. Descubra agora