Drarry is the new black

Telefone

Draco Malfoy

"Você está recebendo uma chamada da penitenciária de Azkaban, se você aceita essa chamada permaneça na linha"

Saudade.

É aquele tipo de sentimento maluco que as vezes você nem percebe quando ela está lá, até que a dor no seu peito passa a doer tanto que chega a ser insuportável.

A ansiedade corroia meu peito a cada toque do telefone.

Mesmo em pouco tento eu nunca me imaginei sentir falta de ouvir a sua voz, ver seu rosto ou simplesmente sentir o cheiro do seu perfume doce espalhado pelo ar.

Sentia falta até de ouvir a mesma bronca sobre entrar em casa de sapatos.

- Filho?

Seu tom de voz era preocupado. Por mais que ela escondesse eu conseguia ouvir sua voz meio embargada.

Eu conseguia imaginar perfeitamente seu rosto aristocrático e delicado se forçar a segurar as lágrimas por mais que sua vontade de chorar seja grande.

A dor em meu peito parecia mais forte em saber disso.

Saber que era por minha causa.

Minha mãe sempre foi uma mulher bem fria de maneira geral, ninguém sabia muito bem como decifrar suas emoções e isso era meio que um mal dos Malfoy.

Não que ela vá te contar se você perguntar, mas não há nada nesse mundo que faça doer mais seu coração do que ver seu próprio filho em péssimo estado. Lembro-me vagamente das noites em que as coisas eram difíceis, lembro da sua voz quebrada e de suplica dizendo que eu era apenas um menino.

Narcissa sempre foi assim, não é atoa que eu puxei isso dela.

Naquele momento eu conseguia vê-la rodando uma mecha de seus cabelos loiros em seus dedos, sua mania ansiosa cuja nunca conseguiu se livrar.

- Oi mãe... - falei, mais envergonhado do que eu imaginei que estaria.

- Como você está? Estão te tratando bem? Você está se comportando direitinho? - perguntou em um fio de voz, extremamente agitada.

- Mãe, respira primeiro. Tá tudo bem, fica tranquila.

Certamente depende do que você definiria bem. Eu ao menos ainda estou vivo, então isso pode-se contar como uma vitória.

Achei melhor evitar comentar sobre eu ainda não ter comido nada desde o primeiro dia, não seria um bom ponto para iniciar uma conversa.

Além de eu não gostaria de preocupa-la ainda mais.

- Você não vai acreditar no que aconteceu. - continuei.

Se eu pudesse vê-la eu certamente ela estaria revirando os olhos de maneira divertida.

- O que você fez? Draco Lucius Malfoy, não me diga que você já entrou em confusão. - conseguia imaginar suas sobrancelhas franzidas com a mesma cara que ela faz sempre que me vê fazendo algo errado.

Esse olhar de repreensão era o tipo de olhar que daria pesadelos a qualquer criança.

- Mas a senhora não tem nenhuma fé no seu filho. - falei já rindo, era bom rir um pouco. - Eu só ia dizer que eu estou ajudando na cozinha, consegue me imaginar fazendo isso?

Ela ri antes mesmo de conseguir dizer alguma coisa.

Ouvir sua risada parece aquecer algo dentro do meu coração, como se eu ainda fosse um garotinho correndo dentro de casa e que estava tudo bem.