☆ Capítulo 04 ☆

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Morgana

Depois de terminar tudo na confeitaria, sai e comecei minha caminhada para casa.

Virei um pouco a cabeça para admirar uma mariposa serpenteando pelo ar e vi não muito longe de mim, um homem com um casaco preto, ele é enorme, o casaco não consegue esconder o quanto seus braços são musculosos, os ombros largos. Quando ele passou por baixo de uma fresta de luz do poste, percebi que ele virou a cabeça, escondendo o rosto na escuridão.

Voltei a andar com meu coração retumbando, feito tambores, em meus ouvidos. Não peguei o caminho de casa, não vou arriscar ser encurralada por alguém naquele bairro, ele conseguiria ajuda facilmente, eu não.

Andei duas quadras para ter certeza que ele está mesmo me seguindo.

E estava.

Ele continuou andando a uns metros de distância com a cabeça abaixada.

Uma onda de puro terror atravessou meu corpo.

Não vou deixar que me peguem desprevenida de novo, levei a mão instintivamente a cicatriz na lateral do meu quadril, uma marca da última vez que me encurralaram.

Eu sei que revidar pode piorar tudo mas nesse momento, a única coisa em que consigo pensar é que não vou embora com outro ferimento, com outra marca. É isso que é, ele me marcando como sua, sua propriedade, a cada vez que me vê, a cada vez que tenta colocar suas mãos imundas em meu corpo, sem a menor gentileza. Afinal, que graça teria se eu não gritasse?

Avistei uma ruela escura à esquerda, me apressei e entrei, me encostei na parede com a respiração pesada, dedos gelados de pânico apertando meu estômago, olhei para trás sendo escondida pela pouca luz. Ele ainda estava vindo, então decidi agir. Assim que ele estava perto o suficiente, eu agarrei as lapelas de seu casaco e o arrastei com um solavanco para onde eu estava, e sem dar tempo pra ele fazer qualquer coisa, acertei seu maxilar com toda a minha força, ele se desequilibrou, e eu também não consegui me segurar, e acabei caindo em cima dele.

Uma de suas mãos se apoiou distraidamente em meu quadril e a outra ele levou ao rosto, avaliando o estrago. Ele praguejou, mas não prestei atenção.

Me sentei, um joelho de cada lado de sua cintura, fechei uma mão em seu pescoço e preparei outro golpe com a outra, qualquer movimento brusco e eu vou acertá-lo tão forte que vai esquecer até o próprio nome, e quem sabe, até me esqueça.

Não tenho tanta sorte assim. Sei disso.

Faço a cara mais feia que consigo, tentando a todo custo esconder meu medo.

- Se continuar a me seguir, mato você com minhas próprias mãos - rosnei.

Seus olhos alarmados encontraram os meus, eu não vacilei, o encarei com todo o ódio e nojo que sinto. Estava muito escuro para eu distinguir seu rosto, mas não precisava, queria nunca mais ter que olhar pra ele.

Queria que ele simplesmente esquecesse da minha existência.

Mas é claro, ele nunca fará isso.

- Eu não estava seguindo você - resmungou ele, olhando para meu punho, e só então percebi que não é Fergus, essa voz não é dele. Essa voz é baixa e rouca.

No mesmo instante a luz da lua fica mais forte, me permitindo ver o rosto do homem, e acabo perdendo o fôlego. Ele não é nada como Fergus, pelo contrário, ele é... lindo.

Absurdamente lindo.

Seus cabelos são pretos como as penas de um corvo, os olhos são tão azuis que quase parecem violeta, sua pele dourada e o maxilar quadrado.
Agora olhando bem em seus olhos, percebi uma imensa tristeza, é como se toda a beleza escondesse uma sombra.

Uma beleza sombria no olhar.

Isso me desarmou, sei muito bem o que é esconder sentimentos, tirei a mão de sua garganta e a apoiei em seu peito para me levantar, mas ele me impediu, pousando sua mão livre em minha cintura.

- Por que achou que eu estivesse seguindo você? - perguntou ele,  com seus olhos procurando os meus.

- Eu andei duas quadras a mais de onde eu moro e você ainda estava atrás de mim.

Ele observou meu rosto e então virou a cabeça para a rua e apontou com o queixo uma casa grande, praticamente um Palácio.

- Eu moro bem ali. Só estava a caminho de casa.

Voltei minha atenção para seu rosto.

- Sinto muito - murmurei, e tentei me levantar de novo, mas ele não permitiu, firmando seu aperto em minha cintura.

- Alguém anda lhe incomodando, senhorita? - perguntou ele, a fúria fazia seus olhos ficarem um tom intenso de azul.

...☆...☆...

Quem será o estranho misterioso que acaba de levar um soco por engano? Quer descobrir? Uma dica: continue lendo.
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Beijos de luz

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