☆ Capítulo 09 ☆

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Christian

No momento em que Angelina adentrou a cozinha e se sentou distraidamente na poltrona que Sara costumava usar para tricotar, meus olhos brilharam com diversão maliciosa.

Fazia muito tempo desde que eu realmente quis provocá-la, brincar com ela como fazíamos antigamente, mas hoje parecia diferente, como se minha vida nunca mais fosse ser a mesma. Eu sentia isso.

Enquanto Angelina estava olhando para Sara conversando, eu me movi silenciosamente até que me sentei no colo dela, assustando-a.

Ela não esperava por isso, e sinceramente nem eu. Quando éramos mais novos eu me sentei no colo dela e ela brigou comigo, disse que eu era muito folgado. Desde então, sempre que ela estava triste eu me sentava em seu colo, porque eu sabia que ela ficaria ultrajada e se distrairia de qualquer coisa que a aflingisse.

- Saia de cima de mim - ordenou ela, se esforçando para não sorrir e meu coração apertou quando vi seus olhos brilharem com lágrimas.

Eu nunca desejei isso, nunca quis fazê-las sofrer, ou qualquer outra pessoa. Eu tentei me tirar de dentro do poço de dor que eu tinha caído, mas não tive forças. Eu não tinha vontade de nada. Minha vida parecia mais não ter sentido.

Inúmeras vezes nesses anos eu pensei que não valia mais a pena viver. Mas não fiz nada. Eu me condenei a ficar aqui e passar por isso. Porque eu merecia tudo, a dor, a culpa, o ódio do meu pai. Deus sabia que eu merecia. O que eu fiz foi imperdoável.

Eu tentava a cada dia fazer alguma coisa boa, para de alguma forma compensar, para tentar apaziguar o caos dentro de mim, mas nunca era suficiente. Eu nunca mais tive paz desde aquele dia. Nunca mais dormi uma noite direito. Não teve um só dia em que eu não pedisse perdão pelo que eu fiz. E mesmo assim, não desistiram de mim.

Mesmo quando eu passava dias e dias sem visitá-las porque não conseguia mais olhar para elas e não me odiar. Me odeio pelo que eu as fiz passar. Me odeio porque eu ainda as deixo preocupadas. Eu não merecia isso. Não merecia seu perdão.

Mas mesmo assim, dia após dia, elas tentavam me fazer sorrir novamente. Tentavam me deixar o mais bem possível. E hoje, depois de ser agredido sem explicação por uma desconhecida, parecia que pela primeira vez em três anos, a minha vida finalmente voltou a se encaixar.

Como uma estrela em uma noite escura. Como o arco-íris depois da chuva. Eu nunca imaginei que minha noite acabaria assim, comigo em um baile, coisa que eu não frequento a um bom tempo e ainda por cima eu trouxe alguém para conhecer as mulheres mais importantes da minha vida.

Receio que Morgana tenha razão. Eu realmente não devo bater bem dos botões. Mas claro, eu nunca admitiria isso a ela.

- Só lamento, querida - retruquei por cima do ombro e recebi um cutucão nas costelas que me fez contorcer - Não faça isso, ou vou ser obrigado a retribuir o favor.

Outro cutucão. Me remexi e fiz cócegas na lateral do corpo dela. Angelina gargalhou, e começou a fazer cócegas em mim também. Eu me contorcia feito uma minhoca em seu colo de tanto rir, mas me recusava a sair. Então ela parou, me deixando livre de sua tortura. Ergui a cabeça e vi Sara, Bianca e Lizzie nos olhando com aquele brilho de esperança.

Meus lábios se separaram em um sorriso verdadeiro, porque pela primeira vez desde que elas me lançaram esse olhar, eu sentia que realmente podia conseguir passar por isso. Que talvez tivesse mesmo esperança para mim. Meus olhos foram atraídos para a porta e perdi o fôlego.

Morgana estava parada lá.

Incrivelmente linda.

Meu coração machucado deu uma pirueta, e eu nem sabia que ele podia fazer isso.

Como Seduzir Um Lorde Onde histórias criam vida. Descubra agora