Como Seduzir Um Lorde

☆ Capítulo 05 ☆

Morgana

Penso por um instante em lhe contar tudo, mas do que adiantaria? Provavelmente só pioraria tudo. E definitivamente não preciso que as coisas se compliquem mais.

Pensando agora eu não sei onde eu estava com a cabeça em tentar revidar, se fosse mesmo Fergus aqui, se eu o tivesse acertado, a essa hora eu teria arruinado a vida da pessoa que eu mais amo. Se Fergus cumprisse suas ameaças e me tirasse a única coisa que tenho, eu definitivamente não teria motivo para viver.

Foi uma burrice.

Eu deveria saber, melhor que ninguém, que não poderia ser Fergus me seguindo. Ele não faria isso em uma das ruas principais, não onde tem tantas testemunhas, que podem ouvir o que ele faz com quem o desobedece.

Mesmo assim, ao ouvir esse estranho, que parece já ter problemas suficientes, e mesmo assim se importar o suficiente para perguntar, me faz ter vontade de chorar.

Ele provavelmente só está sendo educado, afinal, não é todo dia que uma maluca te ataca. É isso que ele deve pensar que eu sou, uma maluca, esquisita, é sempre a mesma coisa.

- Não - respondi, tentei me soltar novamente de suas mãos e fingir que suas poucas palavras não me afetaram - Me solte, ou terei que cumprir a ameaça que lhe fiz.

Sua expressão me diz que ele não acreditou no que eu disse, mas seus olhos brilham travessos.

- Pensei que já havíamos esclarecido que eu não estava seguindo você, e portanto, a ameaça era sem cabimento.

Estreitei meus olhos em sua direção.

- Esclarecemos. Mas se não fizer o favor de me deixar levantar, agora que estamos conversados, vou te acertar de novo e pode apostar que dessa vez, quebro seu nariz - avisei, erguendo o queixo e lhe dando um olhar afiado.

Ele soltou uma risada, o som reverberou por meu corpo. Então ele se sentou, comigo ainda em seu colo, agora nossos rostos estavam bem perto. Eu simplesmente não conseguia me mexer, ou talvez não queira me afastar.

Sua respiração fez cócegas em meu rosto, tão perto assim seus olhos parecem uma noite estrelada, mas ainda sim, enevoada pelas sombras que seu sofrimento, sua dor, causaram.

Meu coração perdeu o compasso.

- Acredito em você, mas lamento informar que terei que correr o risco. Ter você em meus braços foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo, tirando o incidente com meu rosto, obviamente.

Olhei feio para ele, tentando me concentrar no fato de que eu estava sentada no colo de um completo estranho, e não no fato desse estranho ser lindo e de sua boca estar tão perto da minha, que tive a impressão de que suas palavras eram sussurros contra minha pele.

- Preciso ir embora - eu disse cada palavra bem devagar, acho que para convencer mais a mim do que a ele - Então, por favor, me solte.

- Não estou pronto para deixar você ir.

Sua confissão tão sincera, crua, e a aflição, a dor que vislumbrei em seus olhos incríveis, me fizeram hesitar.

Eu me perguntei o que poderia ter acontecido para ele sentir tanta tristeza, dor e... culpa. Eu sei que se eu sentisse isso tudo, com tanta força quanto vejo em seus olhos, com certeza iria querer alguém do meu lado. Eu sei o quanto a solidão pode ser horrível, não desejo isso a ninguém, então eu o abracei.

Eu o abracei como queria que alguém tivesse me abraçado quando fui abandonada na porta do orfanato, queria que alguém tivesse me abraçado enquanto eu soluçava sem parar, porque as outras crianças tinham me batido e puxado meus cabelos. Queria ter tido alguém ao meu lado quando sai do orfanato, queria alguém do meu lado depois de Fergus ter me machucado pela primeira vez e todas as vezes depois.